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terça-feira, 31 de março de 2009

Ataque contra Brizola: SNI e Globo, tudo a ver!


Acompanhamos, mais uma vez, as tentativas de nossa mídia burguesa em atacar algumas referências históricas que não fazem parte de seu saco ideológico, reacionário e conservador. Leonel Brizola foi assunto de primeira página no Jornal O Globo, pertencente a família Marinho. Essas informações consegui encontrar no blog de Rodrigo Vianna na qual reproduzo seu post, logo abaixo.





Por Rodrigo Vianna


Não chega a surpreender. Mas não pode passar sem registro o ataque covarde de "O Globo" a Leonel Brizola, na edição deste domingo (29 de março de 2009).

A manchete do jornal da família Marinho é: "SNI: Brizola e Cesar recebiam propina de empresas de ônibus".
O ex-governador já não está aqui pra se defender. Durante anos, como se sabe, ele travou uma batalha quixotesca contra o império dos Marinho. Era atacado, revidava, nunca se dobrou. Em 1994, o "Jornal Nacional" teve que publicar um direito de resposta histórico, lido por Cid Moreira - http://www.youtube.com/watch?v=F7x_8ZsOqvM. Quinze anos atrás, Brizola falava pela boca do locutor pago pela Globo. Agora, os filhotes de Roberto Marinho atacam o líder trabalhista já morto, usando pra isso arquivos do SNI. Faz todo sentido. A velha dobradinha está de volta: SNI e Globo, tudo a ver! Se eu fosse do PDT, pedia direito de resposta, só pra ver a primeira página de "O Globo" invadida pelo ex-governador, como se fosse um fantasma a assombrar os filhotes de Roberto Marinho. Durante toda a semana, o jornal carioca trouxe reportagens baseadas em documentos encontrados nos arquivos do SNI (o serviço de informações mantido pelo militares, durante a ditadura). Mas, os Marinho guardaram para domingo a paulada contra Brizola. Muito corajosos esses filhos do Roberto Marinho: atacam um morto na manchete... E, só pelo meio do texto, é que aparece a informação: "os relatórios não apresentam provas e não indicam ter originado investigações formais, mas são categóricos nas acusações". Hum... Mais adiante, uma frase típíca do jornalismo praticado sob os auspícios de Ratzinger - o agente das trevas do jornalismo global: "de 1982, quando foi eleito numa eleição marcada por suspeitas de fraudes, a 1986, quando passou o cargo ao desafeto Moreira Franco, Brizola foi citado em 1.460 dossiês do SNI". "Eleição marcada por suspeitas de fraudes", diz "O Globo". O jornal dá a entender que fraudes teriam favorecido Brizola na histórica vitória de 1982 (quando chegou ao governo do Rio numa campanha heróica, sem dinheiro, sem máquina partidária, feita no gogó e na raça). O que ocorreu foi o contrário. Tentaram garfar a vitória de Brizola na apuração, no famoso "Escândalo Proconsult".

A TV Globo, na época, foi acusada de divulgar os dados da apuração que favoreciam o candidato da casa, Moreira Franco, e não Brizola. O ex-governador usou os microfones da "Rádio JB" pra desmascarar a fraude.
"O Globo", claro, não conta nada disso na "reportagem" deste domingo. Paulo Henrique Amorim escreveu um livro sobre o caso. Segue a tentativa de reescrever a história do Brasil. Ratzinger- o agente das trevas do jornalismo global - já tentou provar que a cobertura da TV Globo, na campanha das dIretas, foi correta. He, he... Só rindo. Humildemente, aqui, faço minha parte. Relembro que Brizola era um democrata. Do outro lado, estavam a Globo e a ditadura. Brizola era um tipo raro, que ousou defender a democracia de armas na mão. Em 1961, quando os militares tentaram impedir a posse de João Goulart, Brizola se entricheirou no Palácio Piratini (sede do governo gaúcho), e organizou a "Cadeia da Legalidade" (rede de emissoras de rádio, pelas quais convocou a população a defender a ordem democrática, em discursos históricos). Os militares nunca perdoaram Brizola pela afronta. Por isso, o SNI tinha todo interesse em manchar sua biografia.
Tão preocupada em recuperar a memória do Brasil - de forma seletiva, evidentemente - a turma de Ratzinger e da família Marinho podia aproveitar o próximo dia primeiro de abril para republicar o histórico editorial de "O Globo", em defesa do golpe de 64. Não vão publicar? Então, deixa que a gente mostra aqui na internet - http://www.viomundo.com.br/contraponto/primeiro-de-abril-segundo-o-globo-nascia-um-paraiso-no-planeta/ Brizola tinha razão em chamar essa gente de "filhotes da ditadura" Filhotes que seguem fiéis à velha parceria: "Roberto Marinho e ditadura, tudo a ver".

segunda-feira, 30 de março de 2009

Eleição do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo

Encerrado o processo eleitoral no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, nós, membros da Chapa 2, “Enfrentar a Crise, Sindicato é Pra Lutar!”, agradecemos a todos/as aqueles/as que confiaram na nossa disposição de luta e nosso Programa e apostaram na proposta de renovação do Sindicato. Não conseguimos vencer, mas reafirmamos nesta campanha a grande vitalidade da Oposição e o respaldo que continua a merecer na maioria das grandes redações.

Nesta eleição, 1.168 jornalistas tiveram seus votos validados.

A Chapa 2 recebeu 515 votos, 44% dos votos válidos. A Chapa 1, da situação, recebeu 653 votos, 56%.

Sample ImageApesar da derrota, a Chapa 2 foi a mais votada na capital: somadas as urnas 1 (sede) e 2 a 6 (volantes), recebemos 303 votos, mais do que os 283 votos recebidos pela Chapa 1.

É um resultado histórico, que indica a existência de uma crescente insatisfação dos/as jornalistas com a apatia e o abandono que vitimam nosso Sindicato. Insatisfação que não se manifesta apenas nas redações, mas também é encontrada entre assessores/as de imprensa e colegas aposentados/as.

Nas regionais, bem como na urna de votos por correspondência, fomos derrotados. Mas vencemos em Bauru (34 x 19) e obtivemos resultados importantes em Piracicaba (14 x 15), Sorocaba (17 x 20) e Santos (43 x 78).

Continuaremos batalhando para fortalecer nosso Sindicato e dar-lhe um perfil combativo, capaz de defender a categoria da ganância dos patrões e de torná-lo um protagonista atuante na sociedade brasileira, em especial na luta pela democratização das mídias. Para tanto, a sindicalização de milhares de jornalistas é um passo indispensável.

Como temos feito ao longo dos últimos anos, procuraremos, com a ajuda da categoria, fiscalizar a diretoria eleita e exigir que cumpra seus compromissos de campanha, além de prestar os esclarecimentos necessários quanto a denúncias recentes que ainda não foram respondidas satisfatoriamente.

A todos os que nos apoiaram, reiteramos nosso muito obrigado!
Chapa 2, “Enfrentar a Crise, Sindicato é Pra Lutar!”


Sindicato é Pra Lutar (site oficial)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Che, o filme (parte 1)


Finalmente chegou. Em cartaz o filme que tantos esperavam. "Che, o argentino" estréia hoje em todo o Brasil. Se ainda não chegou em sua cidade, aguarde. Se desconfiar que não será exibido, exija ou procure um cinema mais próximo que irá fazer a exibição. Sugiro também não se aventurar em assistir o filme atraavés de um DVD pirata. Vc perderá a oportunidade de sentir toda a dimensão que o personagem passa através do cinema. Apesar de tentarem passar, de fato, sua condição humana, o espectador, que conhece a história deste revolucionário, tenderá a se emocionar pela grandiosidade do personagem. Está ali diversos detalhes que em algum momento tivemos a oportunidade de conhecer. Talvez eu não seja a pessoa mais indicada para fazer uma crítica do filme, principalmente porque ainda não o vi, apenas acompanhei diversas críticas e entrevistas, mas posso lhe garantir que o esmero com que foi produzido garantirá a oportunidade de aprender um pouco mais sobre esse grande revolucionário que tanto nossa humanidade precisa ter dentro de nós.

O filme está dividido em duas partes, sendo que apenas a primeira está sendo lançada no Brasil e a segunda não tem data prevista.



Sem mais firulas, acompanhe abaixo algumas críticas do filme, o site oficial e também o trailer. Sugiro que ao assistir o trailer, espere carregar. Há diversos pela net. Então se esbaldem, pois vale a pena assistir cada segundo do filme.


"Che", um filme de 4 horas está a altura de Guevara
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Página oficial do filme
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Steven Soderbergh defende "che", filme de mais de 4 horas.


Acompanhe os demais posts, logo abaixo com a apresentação do trailer do filme, que foi disponibilizado no Youtube e também a entrevista coletiva dos atores.

Che, o filme. (Parte 2)

Para assistir melhor o trailer do filme "Che", desligue a estação musical do blog, a esquerda da página logo abaixo.

Se quiser assistir o trailer do filme na página oficial, que é diferente deste, basta clicar no link "Página oficial do filme", que se encontra no post anterior a este.

Che, o filme (parte 3) Entrevista coletiva do filme

Para assistir melhor esta entrevista, desligue a estação musical do blog, a esquerda da página logo abaixo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Banco do Sul terá capital de 10 bilhões de dólares


Argentina, Brasil e Venezuela injetarão 2 bilhões de dólares cada na entidade latinoamericana, sendo que os 4 bilhões restantes serão completados por Bolívia, Equador, Uruguai e Paraguai (Foto: Solenidade de Assinatura da Fundação do Banco do Sul na Argentina)

da Redação Agência Brasil de Fato (Com Telesur e ABN)

O Banco do Sul terá um capital inicial de 10 bilhões de dólares que poderá elevar-se no futuro com a incorporação de novos sócios, segundo decidiram, nesta segunda-feira(23), os ministros de Economia dos países associados, em reunião realizada em Caracas, Venezuela. Participaram da reunião representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Trata-se da “criação de um banco que vai ter um capital de 10 bilhões de dólares, e que pode aumentar no futuro, para financiar tipos de projetos para o desenvolvimento de nossos países”, disse o ministro venezuelano para Economia e Finanças, Alí Rodríguez.

Rodríguez qualificou o encontro como excepcional e apontou que nele foram resolvidos pontos que estavam pendentes para se avançar à materialização deste significativo instrumento financeiro.

O ministro venezuelano explicou que os sete países que participaram da criação do Banco do Sul concordaram plenamente que a América Latina é chamada a desenvolver um papel cada vez mais importante no concerto das nações, e para isto os governantes das mesmas consideram indispensável avançar plenamente nos processos de integração regional.

Um encontro similar em 25 de abril de 2008 em Montevideo havia decidido que a entidade teria “um capital autorizado do equivalente a 20 bilhões de dólares, com um capital registrado de 7 bilhões de dólares”. O acordado nesta segunda-feira(23) implica, desta forma, no aumento de 3 bilhões de dólares no capital inicial.

Os ministros ratificaram o pacto em Montevideo, sendo que as economias maiores – Argentina, Brasil e Venezuela – injetarão cada uma com 2 bilhões de dólares, segundo o governo venezuelano.

“Bolívia, Equador, Uruguai e Paraguai contribuirão, de maneira escalonada, com somas que estarão ao redor de 100 milhões de dólares por país, até que em conjunto completem os 4 bilhões de dólares restantes”, disse um comunicado.

“Dentro dos processos de integração ressaltam a união energética, na qual se tem avançado, a integração física, que implica a construção de ferrovias, estradas e facilidades portuárias e aeroportuárias que sirvam como novas linhas de conexão entre os nossos países, além de um ponto de suma importância como o é a integração financeira”, disse o ministro.

Rodríguez anunciou que os ministros terão uma nova reunião técnica e ministerial em Buenos Aires, Argentina, no começo de maio, e imediatamente após se convocará uma cúpula presidencial em Caracas “para deixar definitivamente instalado o Banco do Sul”.

O ministro venezuelano acrescentou que o Banco do Sul também aumentará o aparato produtivo dos países membros, fortalecendo aos setores público e privado.

O Banco do Sul foi fundado no final de 2007 em acordo assinado por Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, com o objetivo de aprofundar a identidade sulamericana economicamente e impulsionar o músculo produtivo da região para conseguir a total independência do modelo imperialista.

domingo, 22 de março de 2009

Carta aberta aos jornalistas do Brasil


O vídeo postado aqui no Pimentus denominado "O programa "censurado" no último post deste blog, deu o que falar. Quando este vídeo, transmitido pela TV Câmara chegou ao conhecimento do "censor de nossa república" Gilmar Mendes, o mesmo se encarregou de tentar sensurar. A noítica busquei no blog "Vi o Mundo" do jornalisa Luiz Carlos Azenha. Na foto acima Leandro Fortes, jornalista que participou do programa (para assisti-lo basta ir ao post anterior a este e seguir as instruções).

Veja a história através de um dos jornalistas que participou do programa:



Por Leandro Fortes



No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado Comitê de Imprensa, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e “aterradoras” revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do Comitê de Imprensa, sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa.

Nesta carta, contudo, falo somente por mim.


Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalistas, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico – de áudio nunca revelado – envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.


Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.


Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.

Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas), esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites. Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: “Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”. Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?


Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.


Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender.


Leandro Fortes Jornalista


Brasília, 19 de março de 2009


Clique aqui para ir ao site da Carta Capital, que diz: "Gilmar Mendes, o censor".


Clique aqui para ver, na TV Viomundo, o programa que Gilmar Mendes não quer que você veja.


terça-feira, 17 de março de 2009

Os factóides criados pela Revista Veja

Está lembrado a respeito de toda aquela sana midiática criada e mantida pela mídia a respeito das escutas telefônicas na Operação Satiagraha da Polícia Federal? Pois bem, aqui dois jornalistas dão declarações a respeito deste factóide criado pela Revista Veja com o intuito de desqualificar a operação da Polícia Federal e ajudar a livrar o criminoso banqueiro Daniel Dantas de sua responsabilidade. Que diga-se de passagem, o criminoso e seus séquitos articulam, com o restante da mídia comprada, impingir no Delegado Protógenes, a culpabilidade por dirigir um esquema de investigação supostamente ilegal. Que ilegal até agora provado foi a culpa do banqueiro. Que já foi Julgado e condenado.

A entrevista não é atual, mas vale como registro histórico.
Para seguir a seqüência da entrevista, basta clicar no vídeo, quando este terminar aqui. Assim você será direcionado à página do Youtube. Lá, iniciará o mesmo vídeo, basta pará-lo e selecionar a sequência da entrevista no "box", à direita da página. E assim sucessivamente até terminar a entrevista.

Está divida em apenas três blocos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Ela está chegando


Parecia coisa distante. Só no noticiário e sempre pela boca da oposição política ao atual governo. Muitas vezes amplificada pela nossa mídia golpista, oportunista. Os marxistas já a estudavam, com certo deleito, não por causa de algum prazer mórbido, mas por refletir o que Marx e Engels já dizia no século retrasado; crise da superprodução é cíclica no capitalismo. Só faltava decidir se era soft landing ou hard landing.


No último sábado, participei de uma palestra que abordava justamente sobre esta tão temida crise. Que alguns querem dizer que é apenas uma "marolinha", já outros que é um tufão.


A palestra, que teve o tema "Crise Econômica Capitalista sob a óptica do Marxismo", revelou, entre outras coisas, a necessidade dos trabalhadores organizados estarem preparados para apresentarem uma alternativa a este modelo de sistema de exploração e injustiça social. Quem participou saiu de lá querendo mais. Quem não foi, fica sabendo agora o que perdeu.



Para ler um pouco mais sobre esta crise, clique nos links abaixo;



A crise mundial capitalista não é uma “marolinha”

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A “marolinha” chegou. Feliz 2009, lutadores socialistas!

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Os economistas e a Crise

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sábado, 14 de março de 2009

A fome nossa de cada dia



Por Ricardo Alvarez *

Desconsiderar a fome como questão central no Brasil implica na confissão de dois pecados imperdoáveis: abandonar ao relento do mercado quem sofre deste mal inconcebível em pleno século da tecnologia, e ignorar toda uma produção científica na busca de soluções para nossos problemas neste campo.

Aqueles que enveredam pela reflexão sobre o Brasil, buscando compreender a gênese e a estrutura de seus impasses atuais, deparam-se, necessariamente, com o apartheid social permanente destes mais de 500 anos de formação territorial. A recusa em reconhecer e, sobretudo agir para superar os dilemas produzidos pela grande concentração de renda, terra e poder têm marcado a história nacional com irritante persistência. A fome, em meio à recordes de colheita, é talvez um dos mais sintomáticos.

Enquanto uma parte das elites dirigentes está preocupada com frivolidades e o governo com o assistencialismo eleitoral, o povo da base da pirâmide vai se virando como pode. É preciso ser criativo, solidário e dotado de uma profunda resignação em aceitar o que já não serve ao restante da sociedade, para aproveitar as oportunidades que aparecem esporadicamente para as grandes hordas de excluídos, situação muito bem retratada numa charge do cartunista Angeli sobre o desemprego, onde uma pessoa com um megafone na mão anunciava uma profissão e seus ajudantes puxavam de um buraco uma única pessoa em meio a uma multidão disponível e de braços levantados.

Apesar da insistente cantilena da ideologia do sucesso individual, todos sabem que no capitalismo a pobreza pode ser esporádica para alguns, mas é permanente para a classe. E são justamente estes alguns que são usados como exemplo para mostrar que o sistema permite mobilidade social, ignorando a classe que não sai do lugar. Justificar a imobilidade da maioria com a mobilidade de pouquíssimos é, certamente, uma forma de contar a história e de fugir às raízes do dilema.

O baiano Milton Santos, um dos brilhantes geógrafos que estudaram nossa sociedade, alertou para o fato de que no período atual a fome passou a ser um dado generalizado e permanente no mundo. Mas dizia que os pobres, por conhecerem a experiência da escassez e o convívio permanente com ela, buscavam alternativas apoiadas na solidariedade para driblar as dificuldades cotidianas. Destas alternativas emergia um ‘circuito inferior da economia’, assim como uma cultura popular de massa em oposição a uma cultura midiática, que precisavam ser devidamente estudados, pois eles contêm a potencialidade da transformação.

A histórica ausência do Estado e das políticas públicas sociais, associado à restrita participação popular na tomada de decisões, aprofunda o abismo entre os de cima e os de baixo, gerando a indesejável colocação para o Brasil de um dos campeões na má distribuição de renda neste planeta. A combinação dionísica da exclusão promovida pelo mercado e a constituição de um Estado edificado para ser correia de transmissão dos interesses das elites nacionais.

Para as elites dirigentes, que se negam a enfrentar a barbárie cotidiana resultante desta babel brasilis, resta distribuir teses infundadas para não distribuir parte do bolo. Assim, proclamam que os crimes decorrem de uma maldade de berço de alguns predestinados, em geral pobres e negros. Se há fome é porque eles têm muitos filhos, necessário então reduzir a natalidade. Também não é possível produzir alimentos para tanta gente, portanto alguns terão que sofrer privação. O desemprego é responsabilidade direta dos preguiçosos e vagabundos que nesta condição estão pela falta de iniciativa e qualificação.

Esta mesma elite tacanha, que controla canais de TV, rádios e jornais, detém 75% da renda nacional, frequenta ‘bunkers’ como a Daslu (sobejamente sonegadora), percorre a metrópole paulista de helicóptero, visita ‘os paraísos da natureza’ desde que contenham exclusividade proporcionada por hotéis de alto luxo, e decreta, do alto de sua sabedoria provinciana, que os pobres gostam mesmo de pobreza.

Porém se estas teses vêm sendo repetidas ao longo do tempo, também são refutadas na mesma intensidade. Outro geógrafo que escancarou nossas vísceras sociais contaminadas e atacou o escândalo da fome em meadas décadas do século XX, foi o pernambucano Josué de Castro. Esclarecia que a fome não era um problema de ordem natural, como então majoritariamente se pensava, mas um contratempo humano. Dizia: "Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens".

Suas idéias circulavam apoiadas neste pressuposto: “A apropriação injusta e ilegal da generosidade e abundância dos recursos da natureza, é, segundo Josué, responsável pelo subdesenvolvimento, gerador de miséria e a fome. A paz dependeria, fundamentalmente, do desarmamento aliado a um equilíbrio econômico do mundo, a partir de uma distribuição da riqueza visando o verdadeiro desenvolvimento a ser buscado, o humano.”, de acordo com o site que leva seu nome.

Hoje ainda contabilizamos dados assustadores neste sentido. De acordo com o Action Aid:

• O Brasil é o 9º país com maior número de pessoas com fome no mundo, com 8% de sua população consumindo alimentos em qualidade e quantidade insuficientes;
• Cerca de 21% da população vive com menos de 2 dólares por dia;
• 45% das crianças com menos de 5 anos sofrem de anemia crônica por falta de ferro na alimentação;
• 50 mil crianças nascem todos os anos com algum tipo de comprometimento mental devido à falta de iodo na alimentação;

Nosso PIB cresceu bastante desde a época de Josué de Castro e muita coisa mudou: já mandamos um astronauta circular nas alturas, ganhamos várias copas do mundo, nosso país se urbanizou, se modernizou, se industrializou e conseguimos a autosuficiência no petróleo. Mas a fome persiste.

Mesmo com o Programa Fome Zero (substituído em importância pelo PAC) os avanços foram tímidos, pois se limitou a uma política assistencialista de distribuição de alimentos, sem tocar nas raízes do problema. Busque na memória e você vai lembrar que quando estas críticas eram feitas ao Programa, rapidamente o governo se encarregava de retrucar dizendo que “a pessoa que tem fome não pode esperar discussão, debate e ideologia, era preciso agir”. É verdade, barriga vazia se combate com comida, já dizia o grande filósofo nacional, mas e hoje? Como ficam os famintos? O Programa fez água justamente porque a crítica tem fundamento.

O Brasil precisa de uma política agressiva de redistribuição de renda que não se resuma a distribuir benefícios. É preciso estar acompanhada necessariamente de outras medidas, como por exemplo, uma política de segurança alimentar apoiada na produção de víveres básicos do consumo popular. Os dados mais recentes mostram que ocupamos 3,0 milhões de hectares com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Parece um mundo de terras, mas se compararmos com os 851 milhões de hectares que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Em outras palavras, apenas 0,85 do território nacional está ocupado com o cereal e a leguminosa. Um aumento de simples 20% na área plantada e na produção significaria passar dos 7,3 para 8,7 milhões de hectares como forte impacto na alimentação do povo brasileiro.

Obviamente o aumento da produção levaria a queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores, mas é justamente ai que entraria o governo com uma política de ampliação da produção de alimentos, garantindo preços mínimos, forçando a ocupação da terra, combatendo o latifúndio, gerando empregos no campo e atacando a fome. Ação muito mais eficiente, com míseros 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar.

Os latifundiários, por exemplo, ocupam hoje mais de 20 milhões de hectares com soja quando no início dos anos 90 o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a interessante combinação do arroz com feijão, de grande valor nutritivo.

Não faltam terras, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para o atendimento das necessidades básicas de nossa população.

Houve um tempo em que um pensador britânico chamado Thomas Malthus fez muito sucesso quando escreveu (na virada do século XVIII para o XIX) que o mundo não suportaria a população vindoura, pois a nossa capacidade de produzir alimentos não acompanharia a correspondente geração de bocas. Embora ainda haja muitos neomalthusianos espalhados por ai, acreditando piamente em suas teses e defendendo a redução da natalidade como a única saída para o combate à fome, basta um pequeno esforço de raciocínio para desmoronar esta retórica infundada.

As evidências derrubaram o mito do excesso de gente e com ele todo o pensamento de Malthus. Mas a fome continua em pé.

* Ricardo Alvarez
Geógrafo, é professor e editor do Blog Controvérsia


quarta-feira, 11 de março de 2009

Intervenção dos EUA na América Latina é denunciada em livro


Para escrever o livro, Eva Golinger investigou documentos desclassificados da inteligência dos Estados Unidos com o objetivo de desmascarar organizações de fachada que trabalham para atender a agenda do país na região

Agência Brasil de Fato

“O governo dos Estados Unidos não vai aceitar nunca que modelos como o da Venezuela se fortaleçam”, afirmou ao InfoRel, a escritora e advogada venezuelano-americana Eva Golinger, que lançou em Havana, o livro La Telaraña Imperial, em que denuncia a ingerência dos Estados Unidos na América Latina.

Para escrever o livro, Golinger investigou documentos desclassificados da inteligência dos Estados Unidos com o objetivo de desmascarar organizações de fachada que trabalham para atender a agenda dos Estados Unidos na região.

Para Eva Golinger, “na medida em que se fortalece o processo socialista na Venezuela, mais crescem as ameaças que também vêem da direita européia e latino-americana”, afirmou.

De acordo com a escritora, até 1992, a Venezuela não figurava entre as prioridades para a política exterior dos Estados Unidos. “Como a oposição não conseguiu deter o projeto de Hugo Chávez, a estratégia muda a partir de 2005, quando o presidente venezuelano começa a falar em socialismo bolivariano”, destacou.

Lula X Chávez

Para Eva Golinger, os Estados Unidos trabalham para que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez se desentendam a ponto de romperem politicamente, o que ficou mais difícil depois que ambos decidiram se reunir a cada três meses.

Segundo ela, “o problema não é a Venezuela, mas os Estados Unidos. Todas as declarações de Chávez são defensivas. Como melhorar as relações com um governo que só te atira pedras e financia a oposição?”, questiona a escritora.

Na sua avaliação, mesmo que Lula quisesse atuar como um mediador, isso não funcionaria, pois todas as pessoas que conduziram a política exterior norte-americana na última década não entenderam as mudanças ocorridas na América Latina.

“O presidente Hugo Chávez foi classificado como um ditador e isso não muda. Os Estados Unidos se negam a aceitar as mudanças e Obama representa o novo apenas internamente”, concluiu.

Eva Golinger também atua à frente da Fundação Centro de Estudos Estratégicos (CESE), dedicado a descobrir, analisar e divulgar informação sobre as estratégicas e ameaças de ingerência e subversão na América Latina. Foi fundado em 2008 e tem sede em Caracas.

domingo, 8 de março de 2009

Revista Veja; quanta mentira!
























Acima as capas da revista Veja. Elas representam toda sua motivação reacionária em deixar de fazer um jornalismo investigativo para se render, completamente, no absoluto jornalismo opinativo, tendencioso, omisso e por vezes, desqualificado.
Se você for um assinante desta revista, sugiro fazer uma reflexão a respeito de como você anda investindo seu dinheiro em informação.



Definitavamente cansei de ler a revista Veja. Já cansei de ver suas capas anunciando uma coisa e o conteúdo dela sendo outra. Na verdade já cansei de suas mentiras.

A maior revista de jornalismo do Brasil, deixou de fazer Jornalismo. Está um nojo.

A revista Veja se rendeu completamente aos interesses de quem tem muito a esconder. Na matéria principal da revista desta semana, a dita esculhamba um trabalho sério, levado com muito rigor por profissionais competentes tanto da ABIN como da Polícia Federal, que foi a Operação Satiagraha. É sabido que por traz desta movimentação obscura, por parte da direção da Abril, está o interesse em desqualificar toda investigação a respeito do Banqueiro criminoso Daniel Dantas. Seus tentáculos se estende por dentro do governo, do sistema financeiro, de órgãos do Estado, responsáveis por investigação de crimes financeiros e políticos, bem como dos meios de comunicação. Coniventes e mancomunados com seus interesses. A revista Veja é um exemplo disso.

Vou reproduzir abaixo as informações que o Delegado Protógenes colocou em seu blog. Acompanhe também, através dos links abaixo do texto, o que o jornalista Paulo Henrique Amorim diz sobre o caso. Aproveite a oportunidade e leia em seguida, o dossiê completo sobre a revista Veja, escrito pelo jornalista Luís Nassif.


Ao povo brasileiro e aos internautas a revista Veja, edição 2103, ano 42, nº 10, datada de 11 de março de 2009, anuncia em sua capa com título ” Exclusivo - A tenebrosa máquina de Espionagem do Dr. Protógenes; Veja teve acesso ao conteúdo do computador apreendido pela Polícia Federal na casa do Delegado do famoso caso Satiagraha; Protógenes bisbilhotou clandestinamente Senadores, José Dirceu, Mangabeira Unger, FHC, José Serra, o Presidente do Supremo-até a vida amorosa da Ministra Dilma Rousseff. “ No seu conteúdo as fls. 84/91 as informações mentirosas produzidas e assinadas pelos jornalistas Expedito Filho, Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy, que quanto ao papel da liberdade de imprensa geral e irrestrita sou plenamente favorável, desde que se apure os excessos que por ventura venham atingir a honra das pessoas e fatos ali não verdadeiramente relacionados, sobretudo quando fabricam escândalos envolvendo altas autoridades e instituições ou Poderes da República.

Não é a primeira vez que estamos diante de fatos semelhantes publicados de forma bandida e irresponsável envolvendo situação anterior que provocou o desmantelamento do Sistema Brasileiro de Inteligência - SISBIN ( Gabinete de Segurança Institucional, Agência Brasileira de Inteligência; Inteligência das três forças militares - Marinha-Exército-Aeronáutica; Inteligência da Polícia Federal, e outros ). E aqui fica uma pergunta: A quem interessou tal fato ? Hoje vivemos num clima mercantilista corrupto em que a credibiliade de um órgão de imprensa que no passado teve sua importãncia histórica, hoje lamentávelmente constitui parte dessa engenharia política e comercial sórdida disponíveis a serviço de um poder até então não identificado, mas que possivelmente ultrapassam as nossas fronteiras.

Outro fato importante e criminoso é a divulgação ( fls. 85 da revista Veja, edição 2103, ano 42, nº 10, datada de 11 de março de 2009 ) de documento sigiloso de uma investigação presidida pelo Delegado de Polícia Federal Amaro Vieira Ferreira IPL 2-4447/2008 - DELEFAZ/SR/DPF/SP, além de levar ao conhecimento público do documento, revela a identidade nominal de dois oficiais de inteligência da ABIN, o que é gravissímo, não merece ser desprezado tal fato, pois a banalização fragilizam as Instituições no tocante a segurança externa do Brasil.

É oportuno registrar que nesse mencionado Inquérito Policial sou também investigado, mas em nenhum momento fui se quer ouvido ou exibido documentos e materiais apreendidos relacionados nos autos de busca e apreensão encontrados em minha residência, a fim de dirimir qualquer dúvida a respeito.

Com esse preâmbulo reflexivo passamos agora contrapor as mentiras ali lançadas na matéria acima indicada:

Na semana passada Veja teve acesso a integra desse material. O conteúdo é estarrecedor e prova que o delegado centralizava o trabalho de uma imensa rede de espionagem que bisbilhotou secretamente desde a vida amorosa da ministra Dilma Rouseff até a antessala do presidente Lula, no Palácio do Planalto - passando pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo governador José Serra, além de senadores e advogados. Nos documentos encontrados na residência do delegado há relatórios que levantavam suspeitas graves sobre as atividades de ministros do governo, fotos comprometedoras que foram usadas para intimidar autoridades e gravações ilegais de conversas de jornalistas - tudo produzido e guardado à margem da lei. O material clandestino - 63 fotografias, 932 arquivos de áudio, 26 arquivos de vídeo e 439 documentos em texto - foi apreendido em novembro do ano passado pela Polícia Federal e estava armazenado em um computador portátil e em um pen drive guardado no apartamento do delegado no rio de Janeiro.” ( fls. 85/86 revista Veja, edição 2103, ano 42, nº 10, datada de 11 de março de 2009 )

É importante afirmar que em minha residência no Rio de Janeiro não foi apreendido nenhum documento ou material, nem tampouco computador contendo dados da operação Satiagraha, conforme se comprova no auto de busca e apreensão na ocasião da diligência.

As diligências de busca e apreensão na minha residência em Brasília e no Hotel onde me encontrava naquela ocasião resultaram na apreensão de documentos pessoais, poucos documentos e materiais referentes a atividade de inteligência vinculados a operação Satiagraha, pois ali estavam em razão de prestar esclarecimentos pós-operação policial as autoridades competentes vinculadas ao caso ( Ministério Público Federal e a Justiça Federal ). Outro ponto relevante e significativo é que todos os documentos encontrados foram coletados no estrito cumprimento da lei e da Constituição da República.

Os dados cobertos pelo sigilo coletados com autorização judicial e de conhecimento do Ministério Público Federal, em nenhum momento incluiu ou revelou a participação da Exma. Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, do ex-ministro José Dirceu, do Chefe de gabinete da Presidência da República Gilberto Carvalho, do Senador Heráclito Fortes, do Senador ACM Jr., do Ministro Roberto Mangabeira Unger na investigação da Satiagraha.

“… Os policiais buscavam provas de ações ilegais da equipe de Protógenes, entre as quais o áudio da interceptação cladenstina de uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres. A existência do grampo foi revelada a VEJA em agosto do ano passado por um agente da Abin que participou da Operação Satiagraha como encarregado da transcrição de centenas de outras conversas captadas ilegalmente. O resultado final da investigação deve ser anunciado até maio, mas, pelo que já se encontrou nos arquivos pessoais de Protógenes, não resta sombra de dúvida sobre a extensão de suas ações ilícitas, cuja ousadia sem limite chegou á antesala do presidente Lula e a seu filho Fábio Luís.( fl. 86 revista Veja, edição 2103, ano 42, nº 10, datada de 11 de março de 2009 )

Quanto a essa falsa afirmação se resume na resposta oficial da decisão da Dra. Maria de Fátima de Paula Pessoa Costa ao exarar no IPL n. 2008.3400031634-9 da 10 ª Vara Federal Seção Judiciária do Distrito Federal dando conta de que o Delegado Protógenes não é investigado específico naqueles autos de investigação que apura o possível ”grampo cladestino que envolveu os nomes do Presidente do STF Gilmar Mendes e o Senador Demosténes Torres”, publicada de forma criminosa pela Revista Veja.

Os possíveis documentos - fs. 86, 88, 89 e 90 revista Veja, edição 2103, ano 42, nº 10, datada de 11 de março de 2009 - origináriamente advindos de investigações sigilosas da Polícia Federal, não merecem o mínimo de credibilidade, tendo em vista o teor mentiroso das informações ali lançadas de formato mentecapto.

Curiosamente na mesma edição criminosa da revista VEJA fl. 22 traz um excelente texto da festejada escritora Lya Luft com o título: ” NO PARAÍSO DA TRANSGRESSÃO “. Tal matéria traduz melhor o nosso sentimento em relação as notícias falaciosas.

Políticos sendo acusados de corrupção é tão trivial que as exceções se vão tornando ícones, ralas esperanças nossas. Onde estão os homens honrados, os cidadãos ilustres e respeitados, que buscam o bem da pátria e do povo, independentemente de cargos, poder e vantagens ?Nessa nossa terra, muitos cidadãos destacados, líderes, , são conhecidos como canalhas e desonestos, mas, ainda que réus confessos ou comprovados, inevitavelmente se safam. Continuam recebendo polpudos dinheiros. Depois de algum tempo na sombra, feito eminências pardas, voltam a ocupar importantes cargos de onde nos comandam… Se invadir a casa de meu vizinho, fizer seus empregados de reféns, der pauladas na sua mulher ou na sua velha mãe e escrever nas paredes com excremento humano frases ameaçadoras, imagino que eu vá para cadeia. Os bandos de pseudoagricultores ( a maioria não sabe lidar na terra ) fazem tudo isso e muito mais, e nada lhes acontece: no seu caso, bizarramente, não se aplica a lei… Eis o paraíso dos transgressores: a lei é da selva, a honradez foi para o brejo, a decência te de ser procurada como fez há séculos um filósofo grego: ao lhe indagarem por que andava pela cidade com uma lanterna acesa em dia claro declarou: ” Procuro um homem honesto “. O que devemos dizer nós ? Temos pouca liderança positiva, raríssimo abrigo e norte, referências pífias, pobre conforto e estímulo zero, quase nenhuma orientação. A juventude é quem mais sofre, pois não sabe em que direção olhar, em que empreitadas empregar sua força e sua esperança, em quem acreditar nesse tumultuo de ideais desencontradas. Vivemos feito bandos de ratos aflitos, recorrendo à droga, à bebida, ao delírio, a alienação e à indiferença, para aguentar uma realidade cada dia mais confusa: de um lado, os sensatos recomendando prudência e cautela; de outro, os irresponsáveis garantindo que não há nada de mais com a gigantesca crise atual, que não tem raízes financeiras, mas morais: a ganância, a mentira, a roubalheira, a omissão e a falta de vergonha. E a tudo isso, abafando nossa indignação, prestamos a homenagem do nosso desinteresse e fazemos a continência da nossa resignação. Meus pêsames, senhores. Espero que na hora de fechar a porta haja um homem honrado, para que se apague a luz de verdade, não com grandes palavras e reles mentiras.



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Reportagem da revista Veja é nova tentativa de golpe
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Dossiê Veja
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Uma Operação para livrar Dantas
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Rosa Luxemburgo, aqui uma homenagem às mulheres por este dia significativo.

Para ver melhor este vídeo, desligue antes a estação musical, a esquerda da página, logo abaixo.

Tenho a maior admiração por mulheres que além de ser mulheres, que é algo muito especial por tudo que representam (a vida, o amor, a obstinação, entre outras coisas), vão além de sua condição de gênero. Que enxergam o valor e a qualidade de seus semelhantes na luta diária pela sobrevivência. E dedicam parte de suas vidas, quando não toda ela, a revolucionar o meio em que vive e assim garantir justiça, bem estar e paz aos seus semelhantes. Temos muitas mulheres em nossa história, mas acabei encontrando este vídeo que fala um pouco de Rosa Luxemburo. Uma uma filósofa marxista e militante revolucionária polonesa ligada à Social-Democracia do Reino da Polónia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha. Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha.

Foi brutalmente assassinada, depois de ser seqüestrada e espancada, por membros de uma organização paramilitar, a soldo do governo social-democrata alemão.

Dedido portanto a todas as mulheres idealistas que despertaram ou ainda estão para dispertar para uma vida de compromisso com o interesse do bem comum.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Mulheres pagam caro pela crise


Além de bandeiras históricas como igualdade de direitos e autonomia, o Dia Internacional de Luta das Mulheres em São Paulo denunciará as consequencias do colapso econômico na vida das mulheres

Além de bandeiras históricas como igualdade de direitos e autonomia, o Dia Internacional de Luta das Mulheres em São Paulo denunciará as consequencias do colapso econômico na vida das mulheres




Patrícia Benvenuti, da redação
Brasil de Fato

Junto com negros e mulatos, as mulheres estão entre os segmentos mais afetados pela crise financeira mundial. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na média de 2008, as mulheres representaram 58,1% do total de desempregados. Em dezembro, quando a crise já estava em curso, esse percentual ficou em 58,4%. Em 2003, por exemplo, as mulheres eram 54,6% das pessoas sem postos de trabalho.

Para evitar que não apenas as mulheres, mas que todos os trabalhadores paguem um preço ainda maior pela crise, entidades feministas, sindicais e movimentos sociais escolheram o tema como o principal pilar das lutas do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Com o mote "Nós não vamos pagar por esta crise! Mulheres livres! Povos soberanos!", militantes de 40 organizações sairão às ruas no próximo domingo (08), em São Paulo, para protestar contra o modelo capitalista e exigir igualdade de direitos, liberdade e autonomia.


Mais desigualdade

A jornalista Maira Kubik Mano, integrante da Secretaria de Mulheres do Psol/SP, aponta que, historicamente, no capitalismo, as mulheres estão ligadas a condições de trabalho precarizadas, que se refletem em jornadas longas, salários mais baixos e escassos direitos adquiridos. Com a crise, no entanto, a perspectiva é de uma deterioração ainda maior para as trabalhadoras. "Já deveria ter sido mudada essa questão da divisão social do trabalho, e ela se aprofunda com a crise, que atinge primeiro o lado mais frágil da cadeia de produção", analisa.

Nalu Faria, dirigente da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), lembra ainda outra desigualdade relativa à questão de gênero. De acordo com ela, a falta de empregos das mulheres ainda não é encarada com a mesma preocupação que o desemprego dos homens. "Em geral, o desemprego que preocupa as autoridades e os governos é o desemprego masculino. Não se tem a mesma reação com o desemprego das mulheres, que tende inclusive a ser mais invisível", diz.

Além do desemprego e da redução de direitos trabalhistas, a crise gera, para as mulheres, uma sobrecarga de trabalho. De acordo com Maira, o primeiro corte no orçamento doméstico em famílias de classe média e classe média baixa recai em tarefas que a mulher poderia assumir. "Então a mulher volta a tomar conta da casa, volta a tomar conta do filho e fica sobrecarregada em jornadas duplas e triplas de trabalho que já existem mas, muitas vezes, são pioradas, porque elas não terceirizam esse serviço", afirma.

Reforma da previdência

Junto com o apelo por mais investimentos do poder público para o enfrentamento da crise e melhoria das condições de vida dos trabalhadores, a jornada de 8 de Março também repudia a reforma tributária proposta pelo governo federal. Se aprovada, a mudança resultará num corte de 40% do orçamento da seguridade social, causando a perda de 24 bilhões de reais ao ano no orçamento da previdência.

Os prejuízos da reforma, para a representante do Psol, devem recair especialmente sobre as mulheres, que representam 30 dos 40 milhões de brasileiros que são excluídos da previdência. "Isso, com certeza, é uma questão que vai incidir, diretamente, sobre o direito das mulheres porque quando o Estado deixa de garantir direitos sociais como saúde e previdência social, isso acaba se refletindo na divisão sexual do trabalho", avalia.


Aborto legal e seguro

Outra bandeira defendida pelas organizações neste ano é a legalização do aborto, compromisso já assumido pelo governo brasileiro em diversas conferências internacionais. Para a secretária-executiva da Jornada pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro, Dulce Xavier, a legalização é um passo fundamental para a democratização da sociedade. "Como um país que lutou pela democracia, precisamos garantir a autonomia das mulheres como uma questão de democracia. Que autonomia é essa que a gente não tem o direito de tomar a decisão sobre o nosso corpo?", questiona.

A legalização do aborto, segundo Dulce, significaria um avanço na saúde pública, na medida em que garantiria um atendimento digno e a preservação da saúde das mulheres. Além disso, a legalização possibilitaria o planejamento familiar. "É uma forma de passar informações para essas mulheres que estão recorrendo ao aborto para que utilizem métodos anticoncepcionais. Se o aborto for atendido em hospital público, a mulher que vai até o hospital vai entrar em contato com a possibilidade de planejamento familiar", argumenta.

Junto com a legalização da prática, as entidades pretendem denunciar a perseguição sofrida pelas mulheres que fizeram aborto. Para Dulce, um caso bastante emblemático em relação à criminalização das mulheres foi o de uma clínica que realizava abortos em Campo Grande (MS), estourada em 2007 após denúncias do Ministério Pùblico.

Com o fechamento, a polícia apreendeu prontuários e fichas de dez mil pacientes que haviam interrompido a gravidez, materiais que serviram para que 1,5 mil mulheres fossem processadas. Mais de 20 delas, até agora, ja foram julgadas e condenadas a prestar serviços comunitários em creches.

Criminalização

A tendência, na avaliação de Dulce, é de que a criminalização se acentue com a instalação da CPI do Aborto no Congresso Nacional. "Essa CPI já nasce a partir da iniciativa de um grupo que não tem disposição para debater todos os temas que estão envolvidos na questão do aborto, é um grupo que tem uma posição clara de criminalização das mulheres", avalia Dulce, que reforça a necessidade de discutir os riscos e as consequencias do aborto clandestino.

O Dia Internacional de Luta das Mulheres em São Paulo terá início às 10h, na Praça Oswaldo Cruz, de onde seguirá, pela Avenida Paulista, até o Parque do Ibirapuera, onde haverá, em frente ao Monumento das Bandeiras, um ato pela legalização do aborto.

A manifestação das mulheres também será um ato de solidariedade com os povos que enfrentam situações de guerra, como os haitianos e os palestinos, e ainda de apoio a países que lutam pela soberania popular, como Paraguai, Equador e Bolívia.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mídia tenta calar os movimentos sociais



Por Altamiro Borges

Numa operação que parece orquestrada, a mídia hegemônica desencadeou nos últimos dias uma brutal ofensiva contra os movimentos sociais brasileiros. Cada veículo escolheu um alvo e bateu pesado. A Folha de S.Paulo, que acha que a ditadura militar foi “branda”, atacou o sindicalismo, concluindo que ele está “despreparado”, “enferrujado” e “atrelado ao governo Lula”. O Correio Braziliense destilou veneno contra a UNE, questionando, sem qualquer consistência, os recursos públicos destinados legitimamente à entidade máxima dos estudantes universitários. E todos os meios privados se somaram no ataque aos líderes do Movimento dos Sem-Terra. “Eles invadem e também matam”, esbravejou a revista Veja, que trata o MST como “bando de delinqüentes”.

Vários fatores explicam esta nova ofensiva da mídia. Como principal “partido do capital”, ela se mostra atordoada com a popularidade de Lula e teme que ele faça seu sucessor (ou sucessora) em 2010. A mídia, que já advogou o impeachment do presidente e tentou evitar a sua reeleição, não engole a idéia da continuidade do atual bloco de forças no poder. Ao criminalizar os movimentos sociais, ela visa fragilizar uma importante base de apoio, embora autônoma e crítica, do governo Lula. A ofensiva também tem caráter preventivo. A mídia teme que, com o agravamento da crise mundial capitalista, as lutas sociais se intensifiquem e empurrem o governo mais à esquerda.

Ódio à “estrutura sindical getulista”

Tanto isto é verdade que ela tenta, a todo custo, colocar uma cunha entre as organizações sociais e o governo Lula. No caso do sindicalismo, o motivo de toda sua gritaria é a conquista histórica da legalização das centrais e do direito a uma parcela da Contribuição Sindical – com recursos advindos do bolso do próprio trabalhador. Para os barões da mídia, tais conquistas “atrelam” o sindicalismo ao governo e agravam sua crise de representação. A Folha, que apoiou a ditadura quando esta interveio nos sindicatos, prendeu e matou seus dirigentes, agora prega a “autonomia sindical” e defende ações mais duras de combate ao governo. O canto de sereia é habilidoso!

Os editoriais do Estadão, Folha, Globo e de outros veículos privados revelam que a mídia nunca concordou com a legalização das centrais e nem aceitou que elas tenham recursos legítimos para investir nas suas ações. Para ela, é urgente desmontar a “estrutura sindical getulista”, liquidando a unicidade e todos os mecanismos de contribuição financeira. Quanto mais fraco e pulverizado o sindicalismo, melhor para o capital. Em especial, num momento de agravamento da crise do capitalismo, que tende a aguçar os conflitos de classe. Quanto à relação com o governo, a mídia prefere o cenário imposto por FHC, que tentou quebrar a “espinha dorsal” do sindicalismo.

Resposta certeira da UNE

O mesmo intento de desgastar os movimentos sociais e causar atritos na relação com o governo fica patente nas críticas ao movimento estudantil e ao MST. Na matéria intitulada “10 milhões para amansar a UNE”, o Correio Braziliense não esconde este objetivo maroto. Insinua que os recursos públicos são usados de forma irregular e sem transparência, mas não apresenta qualquer prova neste sentido. Ele questiona a autonomia e a legitimidade da UNE, mas não aborda as suas mobilizações e reivindicações. Deixa implícita a critica ao governo Lula por manter uma relação democrática com o movimento estudantil – talvez também saudosa dos tempos da ditadura.

Diante destes ataques gratuitos e maliciosos, a presidente da entidade, Lucia Stumpf, não vacilou em condenar a manipulação midiática. “O título da referida matéria não é justificado em nenhum fato concreto. A matéria não aponta nenhum caso em que a UNE tenha se calado e nem poderia, visto que tal comportamento não ocorreu em nenhum momento. A UNE preserva sua autonomia e independência frente a este ou a qualquer outro governo”. Após elencar as iniciativas culturais e sociais da entidade, Lucia enfrenta com coragem o debate matreiro sobre os recursos públicos e não cai na defensiva. “A UNE, assim como qualquer organização civil, tem toda a legitimidade para pleitear verbas públicas e o faz com toda responsabilidade e dentro dos parâmetros legais”.

O MST e os delinqüentes da Veja

Já no tocante ao MST, a cantilena midiática é antiga. Jornalões e emissoras de televisão insistem em pintar o movimento como ilegal, “criminoso”, que recebe verbas públicas do governo Lula. Neste coro reacionário, que despreza o papel civilizador do MST na luta pela reforma agrária, a mídia venal agora conta com o ativismo do presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes. Exacerbando nas suas atribuições, ele declarou que “o financiamento público de movimentos que cometem ilícitos é ilegal, é ilegítimo” – para deleite dos veículos privados.

Excitada, a revista Veja foi ao ápice do seu reacionarismo e indagou: “Até quando esse bando de delinqüentes terá licença para afrontar a lei?”. Num artigo rancoroso e ideologizado, afirmou que a recente onda de ocupações de terras ociosas “obedece a calendário e motivo bem definidos. Às vésperas de um ano eleitoral, MST e os congêneres querem continuar a receber vultosos repasses governamentais – o que implica a permanência do PT no governo... Por meio do embrutecimento de seus métodos ou do puro e simples banditismo, os sem-terra tentam influenciar os rumos das eleições em seu favor”. O triste é saber que este pasquim direitista ainda tem publicidade oficial!

O Berlusconi da direita nativa

João Paulo Rodrigues, membro da direção nacional do MST, também não se intimidou diante da mídia e do presidente do STF. Rechaçou a notícia divulgada pela imprensa de que o movimento recebeu R$ 40 milhões dos cofres públicos, mas explicou que as organizações vinculadas à luta pela reforma agrária recebem recursos oficiais. “Isto é legítimo e legal”. Irônico, lembrou que a ONG Alfabetização Solidária, criada pela ex-primeira dama no governo FHC, recebeu mais de R$ 330 milhões do Estado, no mais caro programa educativo do planeta. Ele citou ainda recente reportagem da revista Carta Capital, que denúncia que o Instituto Brasiliense de Direito Público, ligado ao ministro Gilmar Mendes, recebeu 2,4 milhões de verbas públicas.

Sobre o presidente do STF, João Paulo foi incisivo. “O ministro Gilmar Mendes foi transformado no mais novo líder da direita brasileira. Ágil para defender o patrimônio, mas lento para defender as vidas. Ele ataca os povos indígenas, os quilombolas, os direitos dos trabalhadores e defende os militares da ditadura. Enfim, agora a direita tem seu Berlusconi tupiniquim. Ele opina sobre tudo e sobre todos. Aliás, ele deve à opinião pública uma explicação sobre a rapidez com que soltou o banqueiro corrupto Daniel Dantas, que financia muitas campanhas eleitorais e alicia grande parte da mídia... Como líder da direita, Mendes defende os interesses da burguesia e faz intenso ataque ideológico à esquerda e aos movimentos sociais, pavimentando a retomada eleitoral da direita em 2010. José Serra não precisa se preocupar, já tem um cabo eleitoral poderoso no STF”.

terça-feira, 3 de março de 2009

Crise econômica exige saída política


A crise financeira em que o planeta mergulhou nos últimos meses tem sua origem na raiz do sistema capitalista e por isso mesmo será duradoura. Dela emergem outras questões fundamentais a serem enfrentadas, como a dívida pública dos países periféricos, a questão do desemprego global e da unidade latino-americana.

As coisas parecem, mas não são. Parece que proprietários de imóveis irresponsáveis em conluio com credores gananciosos nos EUA, provocaram a quebradeira geral que derrubou Bolsas, retraiu as vendas, enxugou o crédito e travou as engrenagens do sistema. Resposta fácil para um problema complexo. Ilusão reduzir as coisas a este patamar de explicações, apesar de largamente utilizado por comentaristas econômicos atônitos diante da falência repentina de suas teses neoliberais.

Nosso planeta é acometido de uma doença que se arrasta há séculos denominada capitalismo, que como sugere o nome, acumular capital é sua sina. A enfermidade global recebe doses medicamentosas regulares que adiam os problemas e, não raro, não fazem mais efeito, provocando surtos permanentes e persistentes de crises. Vivemos um deles que derreteu ativos sem cerimônias e colocou a banca em xeque.

Não bastasse a evaporação de capital foi também para o vinagre o discurso do Estado mínimo e do mercado máximo. Assim que a rolha foi puxada e o capital fictício desceu ralo abaixo, em questão de segundos recorreram ao erário público para solicitar desavergonhadamente por auxílio, no que foram prontamente atendidos. Encurralados, não havia outra saída: é melhor sacrificar o discurso do que o lucro.

O mais engraçado, não fosse trágico, é que dinheiro público arrecadado do conjunto da sociedade, venha servir de bóia de salvação dos negócios privados, dentre os quais o setor da economia que provavelmente mais farreou nas últimas décadas com o ganho fácil: o financeiro. E neste caso o receituário aplicado para conter a crise é absolutamente incapaz de resolver o problema senão até agravá-lo, pois reforça os pilares de uma economia especulativa por natureza e predadora por vocação.

Outro mito abalado foi o da “eficiência capitalista”. O epicentro da crise não partiu de insurreições periféricas, mas sim de desajustes estruturais no coração do sistema, alimentados por décadas de expansionismo financeiro no cassino global. A jogatina é restrita a determinados jogadores, mas as nefastas conseqüências deste modelo de acumulação de capital explodem com maior violência exatamente nos setores mais fragilizados da sociedade. A “eficiência da gestão” é tão tocante que os gerentes do cassino faliram as empresas que administravam e ainda recebem indenizações milionárias como tem sido mostrado pela imprensa. É o prêmio pela incompetência!

Deste lado do campo não dá para esperar coisa diferente.

O que se coloca para os setores progressistas é uma união de forças em outras frentes para tentar reverter um agravamento da crise social. Apresentar uma plataforma apoiada na proteção do emprego e do salário é uma tarefa mais do que emergente. Temos muitos pensadores e estudiosos do tema que poderiam contribuir neste sentido.

Mas é preciso ir além, como capitalizar o estado brasileiro para fazer frente aos desafios sociais, provocando o estancamento imediato da sangria de riquezas do país através da interrupção do pagamento da dívida externa e interna, acompanhada de uma auditoria.

O que parece coisa de louco para o capital normalmente é saudável para o trabalho.

É verdade que a esquerda está dividida, que o movimento sindical naufraga em meio ao sindicalismo de poucos resultados, o de nenhum resultado e o que tenta se firmar neste pântano, que os estudantes estão desmobilizados, que os movimentos sociais estão dispersos, enfim, que a conjuntura neste sentido não é favorável, mas é verdade também que o quadro político de crise escancarou as vísceras do sistema, abrindo evidentes possibilidades de mudança nos rumos.

A falta de uma plataforma comum de lutas, que aglutine os setores progressistas, deixa espaço para o velho peleguismo que propõe ao trabalhador a redução da jornada e do salário ou do neopeleguismo chapa branca, que tenta blindar o presidente Lula. Mas não há como isentá-lo, assim como o governador de São Paulo José Serra e outros em menor escala, pois ao mesmo tempo em que abriram os cofres ao setor automotivo, por exemplo, sem contrapartidas sociais, ocorreram demissões e redução de jornada e salários. Além disso, estas empresas mantiveram sua fiel política de remessa de lucros para o exterior. Receberam do governo com uma mão e remeteram para suas matrizes lá fora com a outra.

Esta é outra questão que merece muita atenção. O mundo financeiro se alimenta, dentre outros, das transferências de recursos dos países periféricos aos megaespeculadores e países centrais. Para se ter uma idéia do que isto representa em 2007 o Brasil despendeu R$ 180 bilhões. A economia para os pagamentos vem com o famoso superávit primário, que e o arrocho do orçamento em áreas sociais para gastá-lo em repasses frequentes aos credores.

Vem de longa data a sangria de recursos deste país que é carente deles, mas a curva flexionou para cima exatamente nos governos militares. De acordo com o Jubileu Sul Brasil “durante os 21 anos de ditadura a dívida pública aumentou 42 vezes, pulando de 2,5 bilhões de dólares em 1964 para 105 bilhões de dólares em 1985”. Ganhou novo fôlego com a crise dos anos 80, quando os EUA elevaram os juros e nosso endividamento em dólar deu novo salto.

E a abertura econômica dos anos 90, denominada por FHC de “inserção nos mercados globais”, representava na verdade nova sangria, apesar da pompa do nome como era de gosto do ex-presidente. Privatizamos e recebemos por isso, aumentamos os juros e gastamos por isso, numa conta de soma negativa. Ainda de acordo com o Jubileu Sul Brasil o endividamento externo saltou de U$ 148 bilhões em 1995 para U$ 210 bilhões ao final de 2002, mesmo tendo pago U$ 345 bilhões no período. A explosão da dívida interna também não deu vexame e foi de U$ 60 bilhões para U$ 648 bilhões no mesmo período.

Em 2006 gastamos 36,7% do orçamento federal em serviços da dívida, contra 25,7% na Previdência, 4,8% na saúde e 2,2% na educação. Deu para perceber por que os serviços públicos nestas áreas vivem uma crônica falta de recursos para custeio e investimentos? Mas os liberais alegam que a previdência é um buraco, a saúde corrupta e a educação têm muitos professores para poucos alunos e proclamam vivas ao mercado. As vítimas dos Planos de Saúde privados e das mensalidades escolares escorchantes parecem ser mais críticas em relação às maravilhas prometidas.

É mais do que hora de forçar o governo brasileiro a rever seus compromissos com o grande capital e interromper os fluxos que enchem as burras da banca internacional, seguir os exemplos de pequenos países vizinhos, mas engrandecidos por sua coragem em enfrentar o poder financeiro - como o fez recentemente o Equador -, auditar as contas e distinguir os micro investidores dos grandes credores, enfim, reverter a ordem dos pagamentos financeiros para os investimentos sociais.

Deve-se saudar a iniciativa da criação da CPI da Dívida Pública na Câmara Federal, de iniciativa do deputado federal Ivan Valente (Psol/SP), que pode desnudar o rei e expor as mazelas desta inserção subordinada do Brasil aos financistas. É preciso também pressão de baixo para cima para que a CPI ande.

O grande enfrentamento demanda uma plataforma de medidas em defesa do trabalho e na reversão do pagamento das dívidas, na construção de uma sociedade justa e igualitária, menos consumista, geradora da vida e protetora do que resta do meio-ambiente, apoiada em valores como a solidariedade e a cooperação e não o individualismo e a concorrência. É preciso redirecionar a produção em geral para a satisfação das necessidades humanas e não para a garantia da taxa de lucro

Além do mais, o Brasil é um país estratégico no sentido de potencializar as ações das nações parceiras da América Latina. Há um terreno amplo e favorável para aprofundar laços de cooperação econômica, de imposição de novas políticas sociais no lugar do assistencialismo, de romper definitivamente com o quadro histórico de dominação, usurpação e espoliação do continente. A economia brasileira surfou num suspiro de crescimento econômico internacional agora interrompido com a crise, mas a grande perda mesmo será não aproveitar a conjuntura política continental e articular uma frente cujo lema bem poderia ser “Outra América Latina é Possível”. A saída é política e não econômica.

Ricardo Alvarez
Geógrafo, é professor e editor do blog Controvérsia
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segunda-feira, 2 de março de 2009

Karl Marx, Pensador, Filósofo, Sociólogo, Economista e também Profeta?!


Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, e terão que ser nacionalizados pelo Estado.
Karl Marx, Das Kapital, 1867

domingo, 1 de março de 2009

Os economistas e a crise


Ninguém sabe o destino dos recursos do pacote sancionado por Obama. Embora certas convergências levem a uma “vitória keynesiana”, tal resposta não atende o ponto de vista econômico. Uma coisa é possivel dizer: a reação emergencial é a versão invertida do “there is no alternative” dos 80.

José Luís Fiori

Finalmente, no dia 17 de fevereiro de 2009, o presidente Barak Obama sancionou seu pacote de estímulo à economia americana, no valor de 787 bilhões de dólares. Uma semana antes, seu secretário do Tesouro, Thimothy Geithner, anunciara um outro pacote de medidas que podem chegar aos 2 trilhões de dólares, para reativar o crédito e salvar o sistema financeiro norte-americano. Mas apesar do volume de recursos envolvidos, não se sabe exatamente quando, onde e como serão gastos, nem tampouco se sabe se a sua utilização produzirá os efeitos desejados. No meio desta confusão, só existem três coisas que podem ser ditas com toda certeza: a primeira, é que apesar de tudo, os economistas e as autoridades governamentais de todo o mundo estão num vôo cego; a segunda, é que faça o que faça o governo americano, será absolutamente decisivo para a evolução da crise no resto do mundo; e a terceira, finalmente, é que apesar das incertezas, todos os governos envolvidos estão fazendo a mesma aposta e adotando as mesmas políticas de redução das taxas de juros, e adoção de sucessivos pacotes fiscais de ajuda ao sistema financeiro e estímulo à produção e ao emprego, alem de defender a re-regulação dos mercados.

Muitos consideram esta convergência uma vitória da “economia keynesiana”, mas do nosso ponto de vista, ela não tem a ver com nenhum tipo de vitória ou derrota, no campo da teoria econômica. Trata-se de uma reação emergencial e pragmática frente à ameaça de colapso do poder dos estados e dos bancos, e como consequência, dos sistemas de produção e emprego. Foi uma mudança de rumo inesperada e inevitável, que foi imposta pela força dos fatos, independente da ideologia econômica dos governantes que estão aplicando as novas políticas “intervencionistas”.Na verdade, o que se está assistindo, é uma versão invertida da famosa frase da Sra Thatcher: “there is no alternative”. Só que agora, depois de setembro de 2008, a nova convergência aconteceu sem maiores discussões teóricas ou ideológicas, e sem nenhum entusiasmo político, ao contrário do que aconteceu com a grande onda e hegemonia do pensamento liberal-conservador, dos anos 1980/90, que atravessou os planos da vida política, econômica e intelectual das sociedades capitalistas.

A teoria econômica ortodoxa não previu e não sabe explicar a crise atual, e em consequência, não tem nada para dizer nem propor neste momento. São apenas lamentos e exclamações morais, contra os “vícios privados” e os “excessos públicos”, e como consequência, as teses ortodoxas e a ideologia liberal saíram do primeiro plano, mas não morreram nem desapareceram, pelo contrário, permanecem atuantes em todos as frentes e trincheiras de resistência às políticas estatizantes que estão em curso. Uma resistência que tem crescido a cada hora que passa, dentro e fora dos EUA.

Do outro lado da trincheira, quase todos economistas keynesianos interpretam esta crise mundial, seguindo o argumento clássico de Hemry Minsky [1], sobre a tendência endógena das economias monetárias à “instabilidade financeira”, às bolhas especulativas e aos períodos de desorganização e caos provocados pela expansão desregulada do crédito e do endividamento, momentos em que se impõe a intervenção publica e a regulação dos mercados.

Apesar de suas divergências internas, a respeito de valores, procedimentos e velocidades, todos os keynesianos acreditam na eficácia, e estão propondo uma intervenção massiva do estado, para salvar o sistema financeiro e reativar o crédito, a produção e a demanda efetiva. O problema é que a teoria de Minsky explica a origem imediata da crise do mercado imobiliário americano, mas não é suficiente para entender e prever a complexidade do seu desenvolvimento posterior.
Por isto, os keynesianos também não sabem o que vem pela frente, nem tem como garantir antecipadamente o sucesso de suas recomendações. Neste ponto, se esconde um paradoxo que em geral é escondido pela teoria econômica: o fato dos keynesianos compartilharem com os economistas liberais uma espécie de “erro liberal invertido” e complementar: os liberais acreditam na possibilidade e na eficácia da eliminação do poder político e do estado do mundo dos mercados; enquanto os keynesianos acreditam na possibilidade e na eficácia da intervenção corretiva do estado no mundo econômico.

Mas tanto ortodoxos quanto keynesianos, trabalham com a mesma idéia de um estado homogêneo e externo ao mundo econômico, que num caso, é capaz de se retirar e ficar na porta do mercado, cuidadoso e atento como um guarda florestal, ou então, no outro caso, é capaz de formular políticas econômicas sábias e eficazes, a cada nova crise, como um Papai Noel a espera do próximo Natal, para distribuir seus presentes. Por isto, ortodoxos e keynesianos compartem a mesma posição e a mesma dificuldade liberal de compreender e incluir nos seus modelos e recomendações, as contradições e as lutas políticas próprias do mundo econômico. Não conseguem entender, por exemplo, que na origem financeira da atual crise econômica mundial não houve um erro ou “déficit de atenção” do poder publico dos EUA, onde a desregulamentação dos mercados financeiros e as “bolhas” ou “ciclos de ativos’ cumpriram - nos anos 80/90 – um papel decisivo na financeirização capitalista e no enriquecimento privado, mas também, no fortalecimento do poder fiscal e creditício do estado e da moeda norte-americanos.

Como consequência, agora, os passivos que estão realimentando a própria crise não são uma “massa podre homogênea”, pelo contrário, eles tem nome e sobrenome, individual, corporativo, partidário e nacional e envolvem interesses contraditórios que estão travando uma luta ferrenha em todos os planos e instancias nacionais e internacionais. O estado e o capital financeiro norte-americanos foram sócios no fortalecimento do poder político e econômico americano nos década de 80/90, e agora se defenderão à morte a cada novo passo e a cada nova arbitragem que imponha seu enfraquecimento dentro e fora dos EUA. Por isto, agora não existe nenhuma solução técnica segura, nem existe nenhuma possibilidade de um acordo político à vista, entre os grupos de poder norte-americanos e entre as grandes potencias. Esta crise começou como um tufão, mas deverá se prolongar e aprofundar na forma de uma “epidemia darwinista”.