contador de visitas

quinta-feira, 25 de junho de 2009

“Paraguai não está mendigando nada”, diz diretor de Itaipu


Para Carlos Mateo Balmelli, a segurança energética do mercado brasileiro depende da soberania do Paraguai


Daniel Cassol

Correspondente em

Assunção (Paraguai)



Pela Agência Brasil de Fato


Quando o Paraguai fala em recuperar sua soberania energética em relação a Itaipu, está falando principalmente na possibilidade de vender sua parte da energia produzida pela usina diretamente no mercado brasileiro, resume o diretor paraguaio da binacional, Carlos Mateo Balmelli . Em entrevista ao Brasil de Fato, ele enfatiza a defesa de uma aplicação correta do Tratado de Itaipu, considerando que o Brasil faz uma interpretação abusiva do acordo. Hoje, o Paraguai consome cerca de 5% da energia produzida por Itaipu – o restante é obrigado a vender para a Eletrobrás, por um preço que não considera justo. A reivindicação do governo paraguaio é de que o país, através da Administração Nacional de Energia Elétrica (ANDE), possa vender a energia que não utiliza para o consumo interno diretamente no mercado brasileiro. “O Paraguai tem direito a vender sua energia no mercado brasileiro”, diz Carlos Mateo. Ele se baseia em artigos do Tratado de Itaipu, assinado em 1973, que apontam “igualdade de direitos e obrigações” entre os dois países (Artigo III), que podem vender “conjunta ou separadamente na forma que acordarem”, o total da potência instalada (Artigo XIII). Com postura empresarial, Mateo diz que está oferecendo um negócio ao Brasil, para que a questão não seja discutida apenas em 2023, quando termina o pagamento da dívida e o Tratado seja renegociado. Para ele, a segurança energética do mercado brasileiro depende da soberania do Paraguai. “O Paraguai não está mendigando nada”, completa.



Brasil de Fato - Quais os principais avanços nas negociações até o momento?

Carlos Mateo Balmelli - Já se avançou em temas que são de fundamental importância, como a co-gestão plena e paritária, a conclusão das obras civis e eletromecânicas da margem direita do Rio Paraná, e a transparência, que faz parte da norma interna da binacional. Agora precisamos avançar nos outros temas.

Que são mais difíceis.

Uma reivindicação que viemos fazendo há mais tempo é que se cumpra o Tratado de Itaipu, ou seja, que se interprete o artigo no sentido de que, segundo os artigos XIII e XIV, e o artigo III, o Paraguai tem direito a vender sua energia no mercado brasileiro.

Em declarações à imprensa, o diretor brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, vem afirmando que o Paraguai não poderia vender sua energia no mercado brasileiro porque Itaipu não foi concebida para a obtenção de lucro.

Sim, mas no Brasil, as empresas que comercializam a energia de Itaipu ganham dinheiro. Então, a ANDE também pode ser uma comercializadora. Por que somente as empresas brasileiras podem comercializar? Se comercializam, é porque ganham dinheiro. Do contrário não comercializariam.

Por que o senhor diz que, para isso, não seria necessário uma modificação no Tratado de Itaipu?

Porque os artigos XIII e XIV habilitam que tanto ANDE como Eletrobrás possam vender, conjunta ou separadamente, a energia de ambas as partes no mercado brasileiro e paraguaio. E o artigo III diz que o Tratado se constitui em igualdades de direitos e obrigações para as Altas Partes, para Brasil e Paraguai, para a ANDE e para a Eletrobrás. Se somente a Eletrobrás pode vender o excedente da energia paraguaia no mercado brasileiro, quer dizer que estabelece um privilégio, em prejuízo da ANDE. E, na interpretação do Tratado, há que se buscar entre as partes uma eqüidade na distribuição dos benefícios.

Neste ponto específico, o senhor crê que há possibilidade de acordo na próxima visita de Lula?

Sou otimista.

Mas os sinais que vêm do Brasil não são homogêneos neste sentido.

Não sei, vamos ver. Eu sou otimista, há que ter uma agenda positiva com o Brasil. É uma questão na qual intercambiamos: o Paraguai recorre à sua soberania energética, pela segurança energética do mercado brasileiro. A energia seguirá abastecendo o mercado brasileiro, não vai sair do mercado brasileiro. Não se modifica o Tratado, não se faz uma interpretação forçada do Tratado. Cumpre-se o Tratado. Cumpre-se o Tratado no sentido da vontade original dos fundadores. A Ata Foz do Iguaçu [de 1996, incorporada como preâmbulo ao Tratado de Itaipu] e o Tratado da Bacia do Rio da Prata [de 1969, assinado por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai], que fala do aproveitamento múltiplo e eqüitativo das águas do rio Paraná, e também do Tratado de Itaipu, o preâmbulo e todo o Tratado busca a distribuição de benefícios eqüitativos. Se somos sócios na geração de energia, por que não podemos ser sócios na comercialização da energia? Em que parte do Tratado se proíbe que a ANDE venda energia paraguaia no Brasil?

Isso não vai aumentar o preço da energia para o consumidor brasileiro?

Não. Porque se o preço não for competitivo no mercado, não se vende. Não podemos vender por acima dos preços de mercado. Vai depender da lei de oferta e da demanda.

Um outro problema seria a falta de linhas de distribuição.

Não, há a rede de Furnas. E mais. Se a energia de Itaipu não for vendida, as redes de Furnas vão se tornar subutilizadas. As redes de Furnas estão feitas para transportar a energia de Itaipu para o centro nevrálgico que está em São Paulo. Se não se transfere esta energia, se subutiliza as redes de Furnas.

Mas o Paraguai também tenta vender sua energia para outros mercados, como o Chile, e para isso necessitaria redes internas.

Isso é outra coisa. Eu digo que a energia de Itaipu se vende no mercado brasileiro ou no mercado paraguaio. Eu peço aos brasileiros que respeitem o Tratado.

Então o senhor discorda da opinião de vender a energia de Itaipu a outros países?

É que o Tratado nos proíbe e, então, como não há vontade brasileira para renegociar o Tratado, apliquemos o Tratado. E o Tratado diz que a energia se vende para abastecer os mercados brasileiro e paraguaio. Então, eu digo aos brasileiros: vamos vender ao mercado brasileiro. E que venda o Paraguai. Por que a Eletrobrás tem que vender?

Para o senhor, seria garantir um direito estabelecido no Tratado.

Para o Paraguai e para o Brasil. A energia vai ser para abastecer. Ou seja, soberania energética para o Paraguai, segurança energética para o Brasil.

No Brasil, se diz que o Paraguai não pôs dinheiro para a construção de Itaipu, somente água. E por isso não teria direito.

Isso é uma falácia. O Paraguai tem direito pelo que estabelece o Tratado. Creio que as coisas absurdas não valem a pena. O Paraguai paga em igualdade a dívida de Itaipu, como o Brasil paga. Metade paga o Paraguai, metade paga o Brasil.

Como está o trabalho de auditoria da dívida? Há um prazo para sua conclusão?

Não, não há como estabelecer um prazo para um trabalho tão árduo.

Mas a expectativa é que se possa diminuir a dívida?

Se podem ver termos de uma nova engenharia financeira, mas a mim o que mais interessa é que o Paraguai recupere sua soberania energética.

Então, em sua opinião, não é tão importante a questão do aumento da compensação paga pelo Brasil pela energia paraguaia?

Também é importante isso. Além da soberania energética para o Paraguai, pela segurança energética brasileira, está a justa compensação. As atualizações, que também vão beneficiar o Brasil. Porque há que se atualizar os royaltiese os ressarcimentos, e isso vai beneficiar o Brasil.

O senhor pode explicar melhor sua idéia de trocar soberania energética do Paraguai por segurança energética do Brasil?

Paraguai é soberano sobre seus recursos energéticos e nós vendemos no mercado brasileiro, que será abastecido e terá seu consumo garantido pela energia paraguaia de Itaipu. Eletrobrás tem vantagens nisso também.

Para voltar a um tema anterior, a co-gestão da empresa, por que historicamente o Paraguai teve menor participação?

Há que reconhecer que o Tratado expressa uma situação de predomínio brasileiro. Há que reconhecer isso, pelas diferenças que existem entre os países. O Brasil é um competidor global. O Paraguai é um país pequeno, pobre, atrasado. E isso se reflete no Tratado e na aplicação do Tratado. Por que não se pode vender? Leia os artigos XIII e XIV. Claramente se estabelece que, conjunta ou separadamente, pode comercializar. E mais: não se necessita nenhuma modificação do Tratado. Porque no inciso F, dos deveres do Conselho de Administração, estabelece regulamentar o serviço de eletricidade. Ou seja, o Conselho de Administração pode fazer isso.

Por isso em sua opinião não precisa passar pelo Congresso brasileiro?

Nem pelo brasileiro, nem pelo paraguaio. Não significa uma modificação Tratado.

Essa mudança seria feita via Conselho de Administração?

Sim. Se reconhece o direito da ANDE poder vender energia paraguaia no mercado brasileiro. Por isso eu digo soberania por segurança. Fica abastecido o mercado brasileiro, vendemos no regulado ou no livre. Isso vai beneficiar o Brasil. Se vendemos no livre, baixa o preço do livre. E vendemos nas mesmas condições que vende Eletrobrás e todas as empresas comercializadoras brasileiras. Não pedimos nenhum privilégio.

Em relação à compensação que o Brasil paga pela energia paraguaia, porque o Paraguai não aceita apenas duplicar o valor, como já se propôs?

O Paraguai não está numa atitude mendicante. Queremos que se respeitem os direitos paraguaios. Não somos mendigos.

Por que o Paraguai pede que se aumente a compensação?

Porque acreditamos que é justo. Também na questão dos royalties e do ressarcimento à ANDE e Eletrobrás.

O senhor costuma dizer que a interpretação que o Brasil faz do Tratado de Itaipu é abusiva. Por que?

Porque creio que os fundadores do Tratado fizeram para que Itaipu fosse uma ferramenta de integração energética entre os dois países. Então, a interpretação do Tratado tem que ser para ampliar o horizonte de possibilidades, para que nossos povos possam se integrar, nossos sistemas elétricos possam se integrar. A idéia é aprofundar a integração, para que Brasil e Paraguai tenhamos mais riquezas e mais proveito da Itaipu Binacional. Creio que a incorporação da ANDE como comercializadora, em parceira com uma brasileira, vai trazer benefícios ao Brasil e ao Paraguai. Eu vou ao Brasil fazer negócio, não mendigar.

Que parceiros no Brasil?

Uma empresa privada brasileira. É entrar no negócio da comercialização, gradualmente.

Do lado brasileiro também se diz que uma operação como esta poderia trazer risco ao sistema elétrico brasileiro.

Eu não quero fazer futurologia, primeiro há que se reconhecer um direito. O Paraguai tem direito a vender sua energia no mercado brasileiro, não tem porque Eletrobrás vender nossa energia. Depois disso, aplicar o critério da gradualidade. O Paraguai não quer causar um terremoto no sistema elétrico brasileiro. É algo que convém ao Brasil. Não podemos chegar ao ano de 2023, quando se vai terminar de pagar a dívida, com um cenário imprevisível. O pior que pode acontecer é chegarmos a 2023 com um cenário imprevisível. Em 2023, a energia de Itaipu vai ser necessária para o Brasil. O Brasil nunca vai poder substituir a energia de Itaipu por outras fontes energéticas, porque o consumo energético brasileiro seguirá crescendo.

Seria começar do zero em 2023.

Em 2023, há que se negociar todas as condições do Anexo C do Tratado.

E como se daria esta gradualidade?

Primeiro há que se reconhecer o direito, depois sentamos para conversar. Não creio que eu possa lançar idéias na mídia. A intenção paraguaia é garantir a segurança energética brasileira em termos de abastecimento, e não queremos provocar uma crise no sistema elétrico brasileiro. Não queremos desabastecer o consumidor brasileiro.

Como está o combate à corrupção no lado paraguaio de Itaipu?

Estamos processando penalmente mais de dez diretores. Eu apresentei denúncias penais. E Itaipu está totalmente transparente no lado paraguaio. A controladoria está presente, os fiscais estão presentes, estamos combatendo a corrupção e a impunidade.

Em resumo, o senhor está otimista em relação a um acordo com o Brasil?

Eu creio que o Brasil vai ter que reconhecer, com todo o respeito, o direito que o Paraguai tem de vender sua energia no mercado brasileiro.

E se não reconhecer?

Se não, vai ser uma violação do Tratado. Dizia o Barão de Rio Branco, quando se discutia o problema da Lagoa Mirim com Uruguai, que fica bem ao povo brasileiro respeitar o direito. Respeitar o Tratado de Itaipu vai ser uma ação que vai honrar o povo brasileiro. Eu creio que o povo brasileiro cumpre seu compromisso. E uma coisa que me dá esperança é que vejo no presidente Lula uma visão de liderança sul-americana muito importante. Lula é um brasileiro que crê que o Brasil tem que ser um competidor global, exercer uma liderança global, mas com a América do Sul. No entanto, há setores brasileiros que pensam que o país tem que ser líder mundial, mas sem a América do Sul. Esses são os que crêem que não há que ter desenvolvimento social com Paraguai, mas desenvolvimento dependente. São os que crêem que o Brasil não tem que ter liderança, se não dominação hegemônica. Eu creio que o Brasil tem que ter uma liderança no nível regional, por suas características geográficas, tamanho, população, economia. E liderança significa tratar os pequenos, como é o Paraguai, como sócios, e não como mendigos. Paraguai não está mendigando nada.

QUEM É

Advogado, ex-senador pelo PLRA e ex-presidente do Congresso paraguaio, Carlos Mateo Balmelli disputou as internas do partido para compor a chapa do presidente Fernando Lugo, sendo derrotado por Federico Franco. É diretor do lado paraguaio de Itaipu desde a posse do novo governo, em agosto do ano passado.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Após flagra de escravidão, ex-ministro da Agricultura ataca fiscais

Destaque entre ruralistas, Antonio Cabrera foi ministro da Agricultura do governo Collor. Em abril deste ano, 184 trabalhadores escravos foram encontrados em sua fazenda


Por Maurício Hashizume

Repórter Brasil

O roteiro é conhecido. Depois do flagrante de trabalho escravo, o fazendeiro responsável vem a público declarar que não houve irregularidades, que todos os empregados viviam em condições exemplares, que a fiscalização foi "arbitrária", "truculenta" e "ideológica", que a legislação é vaga (e a interpretação da mesma acaba sendo subjetiva) e que está sendo injustiçado.

Incomum é o fato de que esse discurso esteja na boca de um ex-ministro. Aliás, de um ex-ministro da Agricultura. Em entrevista à Repórter Brasil, Antonio Cabrera, que foi chefe da pasta durante o governo Fernando Collor de Melo (hoje senador) entre 1990 e 1992, classificou a libertação de 184 trabalhadores da sua Fazenda Bela Vista, em Limeira do Oeste (MG), no Triângulo Mineiro, no último mês de abril, como "propaganda enganosa e mentirosa".

"Não vejo nenhuma irregularidade", sustenta Antonio Cabrera, que está à frente de um projeto sucroalcooleiro na região (Cabrera Central Energética Açúcar e Álcool), em parceria com a norte-americana Archer Daniels Midland (ADM), para a produção de etanol. Os 46 autos de infração aplicados pelos fiscais da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG) - que estiveram acompanhados do procurador Eliaquim Queiroz, do Ministério Público do Trabalho (MPT) e de agentes da Polícia Federal (PF) - não passam, segundo o ex-ministro, de "uma questão de interpretação". "A legislação, às vezes, é vaga, subjetiva. Fica a critério de algum auditor interpretar a lei da maneira que ele acha que deve ser interpretada", complementa.

A "subjetividade" alegada pelo empregador se choca com a descrição das condições de trabalho por parte da fiscalização do Trabalho e pelo histórico recente da propriedade. De acordo com os fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), empregados viviam em alojamentos precários e superlotados, chegaram a ser submetidos a jornadas de até 33 horas, estavam com suas Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) retidas pelo empregador há mais de um mês, não tinham acesso à água potável, eram levados às frentes de trabalho por transporte irregular, tinham dificuldade em descontar os cheques dos salários, não dispunham de todos equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos, corriam riscos de acidentes e tinham que adquirir suas próprias ferramentas de trabalho, entre outras irregularidades.

Houve seis interdições. O corte e plantio manual de cana-de-açúcar foram impedidos, pois na avaliação dos fiscais havia risco "grave e iminente" de danos à saúde e à vida dos trabalhadores. Também foram interditados dois ônibus utilizados no transporte dos empregados, diversos equipamentos usados na lavoura e uma edificação destinada ao armazenamento de agrotóxicos.

O "conjunto de elementos" permitiu a caracterização do trabalho análogo à escravidão, atesta o auditor José Giovani Andrade. Ele atuou como um dos coordenadores da equipe que verificou a situação tanto nas frentes de trabalho (de corte e plantio de cana, além das atividades de catação de raízes e pedras, nas Fazendas Santa Fé e Boa Esperança, arrendadas pela empresa de Antonio Cabrera) como nos alojamentos, nas oficinas e nos locais de armazenamento de agrotóxicos (na sede da Fazenda Bela Vista).

Parte dos problemas encontrados pela fiscalização que durou de 14 até 27 de abril deste ano já havia sido flagrada em 15 de maio do ano passado, quando 11 autos de infração (relativos à não disponibilização de água potável, aos alojamentos inadequados, à falta de equipamentos, a problemas no transporte e no armazenamnto de agrotóxicos, entre outros itens) foram lavrados. O próprio ex-ministro Antonio Cabrera assinara um termo de compromisso em 15 de maio de 2008 com promessas de melhorias nas condições de trabalho.

"A fiscalização é bem-vinda no sentido sempre de verificar o cumprimento das obrigações previstas em leis por qualquer empresa. A colocação que faço é que, principalmente em Minas Gerais, o Ministério do Trabalho ou o Ministério Público do Trabalho nunca visitaram qualquer empresa antes da fiscalização, no intuito de se fazer uma orientação, um processo educativo", declarou Antonio Cabrera à Repórter Brasil. Perguntado sobre o acordo prévio sobre as condições de trabalho, o ex-ministro foi evasivo. "Isso foi (referente a) um terceiro que prestava serviço à fazenda. Nós tivemos uma ata de audiência em que eles pediram que nós não promovêssemos mais a contração de terceiros. Até então, não se sabia se poderia terceirizar ou não. Isso foi feito. E os nossos alojamentos na Fazenda Bela Vista sempre foram adequados".

Segundo os fiscais, 67 trabalhadores viviam em cinco casas que estavam sendo utilizadas como alojamentos. Cômodos construídos para abrigar a cozinha e a sala de estar estavam sendo utilizados como quartos. O empregador mantinha ainda uma outra casa na localidade conhecida como Valente, onde permaneciam outras 13 pessoas, também em situação grave. Mesmo que condizentes em termos de estrutura, os fiscais relataram que as construções se achavam em "precaríssimas condições de conservação, manutenção, higiene e limpeza, caracterizando dessa forma submissão dos trabalhadores nelas instalados a condições degradantes de alojamento e de vida".

Além das condições irregulares de higiene e limpeza (os banheiros tinham "odor fétido", segundo os fiscais que assinam os autos), as instalações elétricas eram precárias, o que elevava o risco de acidentes e incêndios. Por causa da ausência de armários, objetos pessoais eram pendurados em varais improvisados ou no chão mesmo, em caixas de papelão ou em sacolas. Não havia acesso à água potável nas casas que abrigavam os trabalhadores.

Como as pessoas trabalhavam de domingo a domingo em apenas dois turnos (dia e noite), era normal que parte delas cumprisse jornada de até 18h na troca de turnos. Eles tinham "folga" apenas nos dias de chuva. Em dias normais, a maioria enfrentava uma rotina que começava por volta das 6h30 e terminava depois das 19h. Havia indícios de que as horas extras não eram devidamente pagas. Documentos apresentados à fiscalização mostram que alguns operadores de máquina chegavam a enfrentar jornadas de até 33h.

Os fiscais constataram ainda a retenção de documentos: 44 carteiras de trabalho (CTPSs) foram encontradas em poder da responsável pelos recursos humanos na planta industrial da Cabrera Central Energética Açúcar e Álcool no dia 14 de abril. A maioria dos empregados tinham sido recrutados em março e estava há pelo menos um mês sem a CTPS, que deve ser devolvida dentro de um prazo de 48h pelo contratante ao contratado.

Além da retenção, os trabalhadores enfrentavam outro problema. Eles recebiam os salários em cheque e, por causa da extensa jornada, não tinham tempo nem meios (não havia transporte providenciado pelo empregador em dia útil) para descontar os vencimentos no banco. Segundo depoimentos dos empregados de Antonio Cabrera, essa complicação fazia com que cheques fossem descontados no comércio próximo das residências dos trabalhadores. Nessa troca, parcela do salário era subtraída pelos comerciantes.

O ex-ministro responde à acusação específica da questão do cheque de forma irônica. "Onde que o pagamento em cheque está limitando o funcionário a usar o salário dele? Vou pagar em dinheiro? Aquela fazenda já foi assaltada diversas vezes! Aliás, eu fiquei contente, porque nunca a polícia tinha aparecido lá. Quando foi a PF, eu falei: ´Bom, pelo menos nesta semana da fiscalização vamos poder ficar tranqüilos que não seremos assaltados´".

Mais problemas

Outros problemas graves também foram identificados na Fazenda Bela Vista: dois dos três ônibus vistoriados simplesmente não tinham autorização para fazer o transporte coletivo de passageiros. Um dos motoristas que fazia o serviço também não estava habilitado para a função. O empregador ainda mantinha uma trabalhadora sem registro que lavava as roupas utilizadas pelos empregados que aplicavam agrotóxicos no cultivo da cana.

Não havia fornecimento de água potável (reservatórios de água instalados nos ônibus eram abastecidos com água da torneira pelos próprios motoristas) e nem havia instalações sanitárias nas diversas frentes de trabalho.

O empregador tampouco disponibilizava local ou recipiente para a conservação de refeições. Muitos utilizavam, segundo a fiscalização, "marmitas comuns, de metal, de preço mais accessível, elevando sobremaneira o risco de deterioração da comida consumida e, portanto, de agravos à saúde, em especial quadros infectocontagiosos, tais como diarréias e gastrenterites".

Trabalhadores que faziam a "retampa" das mudas de cana plantadas mecanicamente, na Fazenda Santa Fé, utilizavam enxadas compradas com seu próprio dinheiro. Facões e limas dos cortadores de cana crua destinada ao plantio também eram emprestados ou de propriedade dos empregados. Houve flagrante ainda de risco de queda de empregados do caminhão utilizado no plantio.

Havia fornecimento de apenas alguns equipamentos de proteção individual (EPIs) e a substituição das peças não era feita regularmente.

Polêmica

"Não utilizei [mão-de-obra escrava], não utilizo e nunca vou utilizar. Estamos há mais de 50 anos naquela região. Nunca tivemos nenhum problema nesse sentido. É uma irresponsabilidade do Ministério [do Trabalho] fazer esse tipo de propaganda enganosa e mentirosa. Você tem que ser julgado primeiro para que se possa fazer essa declaração", declara Antonio Cabrera, que também foi secretário estadual da Agricultura do tucano Mario Covas (1995-2001).

"Se tivesse trabalho escravo, por que a maioria dos funcionários continuou trabalhando na empresa? Aqueles que quisessem sair receberiam uma indenização. Ninguém por sã consciência ficaria no trabalho como escravo ou em condições degradantes", argumenta o ex-ministro. "Se era trabalho escravo, por que a Justiça do Trabalho na região homologou um acordo permitindo a permanência dos funcionários? Ninguém em sã consciência iria deixar que trabalhadores continuassem no local que fosse trabalho escravo. Eles deveriam ser imediatamente libertados... Acho isso uma irresponsabilidade. A média salarial era de mais de R$ 1,1 mil por mês".

A possibilidade de permanência dos trabalhadores foi acertada em audiência entre o empregador, o juiz substituto do Trabalho do Posto Avançado de Iturama (MG), Alexandre Chibante Martins, e o procurador do Trabalho Eliaquim Queiroz, do Ofício de Uberlândia (MG).

Eliaquim reafirma que as condições encontradas foram análogas à escravidão, mas define a operação como "complexa" e "excepcional". Segundo ele, o acordo que acabou permitindo que os próprios trabalhadores optassem pelo resgate ou pela permanência se deu em respeito ao "direito social ao emprego". Ele afirma que parte das pessoas, que são todas da região do empreendimento e não foram aliciadas, de fato não queria deixar o emprego porque, mesmo com as condições descritas, ganhavam salários relativamente altos.

No entendimento do procurador e do juiz que referendaram o acordo, uma vez corrigida a situação encontrada, os trabalhadores teriam direito a continuar trabalhando. Mesmo assim, corrigindo as declarações de Antonio Cabrera, ele ressalta que a maioria (99) preferiu ser "resgatado" pela fiscalização.

Diversos trabalhadores relataram que no dia 24 de abril, durante o processo de fiscalização, o empregador foi buscar os empregados em suas casas e realizou reunião na sede da Fazenda Bela Vista, em que fez pressão para que as pessoas recusassem a rescisão do contrato de trabalho e “alertou” sob dificuldades futuras para a obtenção de empregos na região.

Com vistas a garantir o pagamento dos trabalhadores diante de atitudes protelatórias do empregador, o procurador Eliaquim chegou a apresentar uma ação civil pública emergencial. Em consequência dessa pressão, ficou acertado o pagamento de R$ 255 mil de danos morais individuais e de R$ 125 mil em danos morais coletivos. "Não conseguimos resolver do ponto de vista administrativo. Não tinha outra saída senão recorrer à Justiça. Pretendíamos que eles efetuassem a rescisão de todos. Mas ainda é cedo para avaliar se isso vai trazer prejuízos", emenda o auditor do Trabalho José Giovani.

A Bela Vista reúne 270 empregados. Segundo Eliaquim, que também participou da fiscalização em 2008, a situação encontrada naquela ocasião "já era grave". "Foi uma fiscalização rápida e sem muita estrutura. Não estávamos preparados para promover o resgate dos trabalhadores", conta. O procurador aguarda o relatório dos fiscais do MTE para tomar medidas adicionais acerca do caso Cabrera.

Imagem

Para Antonio Cabrera, um dos principais nomes do empresariado rural paulista, há uma suposta “ideologização" das inspeções”. "Não podemos ter a ideologia. Quando parte para a emoção, as coisas tomam um rumo que não faz bem para ninguém, muito menos para o país", alega.

"Na atividade rural um dos serviços mais duros, infelizmente, é o trabalho com a cana. É um trabalho mais rústico do que a pecuária e a soja. Exige uma força física maior do trabalhador. Temos que achar algumas maneiras de atenuar isso. No nosso caso, estamos passando 100% para a mecanização. Não vai ter outra solução. Só acho que o Brasil está dando um passo muito rápido", divaga o ex-ministro. Ele recomenda uma análise mais cuidados dos "números de libertação" do MTE. "Não sei se eu vou estar nessa estatística. Se tiver, é uma estatística irregular", contesta. Processo administrativo sobre o flagrante envolvendo o representante do segmento ruralista foi aberto no Executivo federal.

Além do desgaste público, o caso representa uma ameaça para os negócios do ex-ministro. A fazenda autuada será uma das fornecedoras da usina "Cabrera Central Energética Açúcar e Álcool", em fase final de construção em Limeira do Oeste. O empreendimento faz parte de uma joint venture formada em novembro do ano passado com a ADM para a produção de etanol. Tradicional em grãos, a ADM já é líder na produção de álcool à base de milho nos EUA.

Um dos sócios majoritários do empreendimento, Antonio Cabrera desembolsou R$ 50 milhões apenas na área agrícola da usina. O investimento também marca a entrada do conglomerado no setor - o Grupo Cabrera tem histórico no cultivo de grãos e na pecuária. O início da moagem na nova usina deve se dar em agosto e a capacidade de produção será de dois milhões e meio de toneladas na fase final. O acordo prevê ainda a construção de outra unidade em Goiás.

Acossado por denúncias trabalhistas que envolvem os seus negócios privados, Antonio Cabrera descarta um retorno à vida pública. Mais jovem ministro da história do país - ele assumiu a pasta da Agricultura no governo Collor (1990-1992) aos 29 anos -, a sua última investida na disputa política foi em 2002. Na ocasião, candidatou-se ao governo de São Paulo pelo PTB, mas não conseguiu passar do primeiro turno. Na etapa seguinte, apoiou José Genoino (PT), que acabou derrotado por Geraldo Alckmin (PSDB).

O ex-ministro chegou a ser uma das principais lideranças do PFL-SP (atual DEM), mas hoje diz que não é filiado a nenhum partido. "Estou tentando sobreviver como um produtor de cana-de-açúcar", disse ao final da conversa com a Repórter Brasil, que durou cerca de uma hora e foi feita por telefone desde o seu escritório em São José do Rio Preto (SP), interior paulista.

Ele afirma que o caso hoje é uma "página virada" que tenta esquecer. "Não acho que tenha efeito pedagógico ou traga algum tipo de benefício. Muito pelo contrário", avalia. "Quem paga a honra e o nome da gente que fica enlameado nisso tudo?". Mas apesar de refutar o corolário de irregularidades, ele admite que o Grupo Cabrera ainda não tem know-how no ramo da cana e entra em contradição com o próprio discurso. "Estamos dispostos a cumprir [as exigências]. Viemos da pecuária. Então estamos até aprendendo".

*Colaborou Maurício Reimberg

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Tecnologia nuclear norte-coreana ameaça planos dos EUA para região


Reação aos testes nucleares escondem intenção do governo estadunidense de retomar a península coreana

Renato Godoy de Toledo

da Redação

Agência Brasil de Fato

Os recentes testes nucleares realizados pela Coreia do Norte podem representar perigo apenas aos planos dos EUA para a região. Desde a Guerra da Coreia (1950-53), a oposição estadunidense ao governo do Partido Comunista local é algo notório. À época, os Estados Unidos e seus aliados tentavam reunificar os coreanos do sul e do norte sob o jugo do capitalismo, fato que não ocorreu. Assim, a tentativa estadunidense em controlar a expansão do socialismo na região foi frustrada, configurando uma das maiores derrotas bélicas do país, ao lado do confronto que aconteceria anos depois no Vietnã.


Esclarecido este contexto, passam a fazer sentido as declarações do líder norte-coreano Kim Jong-Il que justifica os testes nucleares como reflexo de uma guerra que ainda não acabou.


O olhar dos EUA sobre a Coreia do Norte ficou mais intenso com o fim da União Soviética, que dava suporte ao governo comunista. Desde então, a tensão com os norte-coreanos tem sido uma constante. Durante raros momentos, houve uma tentativa de reaproximação com os EUA, bem como com o Sul. Em 2000, nos últimos meses da gestão do democrata Bill Clinton, sondava-se que o mandatário estadunidense faria uma visita à Coreia do Norte, após diálogos entre Washington e Pyongyang. Porém, recém-eleito mas ainda não empossado, George W. Bush criticou a aproximação e criou um empecilho político à visita, que acabou não acontecendo. Aliás, na gestão Bush a Coreia do Norte chegou a constar como parte do “Eixo do Mal”, ao lado de organizações extremistas como a Al Qaeda.


Nesse novo cenário de testes nucleares, o atual presidente dos EUA Barack Obama tem realizado uma concertação internacional a fim de condenar o experimento bélico norte-coreano. Tal esforço vem surtindo efeito. O maior exemplo disso é o fato de que até a China, tradicional aliada dos norte-coreanos, ter condenado a ação do país vizinho.


Membros da gestão Obama já defendem que a Coreia do Norte faça parte da lista de organizações e países que colaboram com o terrorismo, alegando uma suposta facilitação no contrabando de armas.


Legitimidade

A principal questão levantada após os experimentos atômicos é o porquê de alguns países terem seu arsenal nuclear como um direito adquirido e legitimado pelos organismos internacionais, enquanto outros são condenados.


O geógrafo da Universidade de São Paulo (USP), André Martin, ressalta a argumentação de Kim Jong-Il para se defender das acusações do Ocidente. “Para começar a tratar do assunto, é necessário analisar a resposta do líder norte-coreano. 'Já fizeram mais de 2 mil testes nucleares no mundo, esse é o primeiro da Coreia do Norte, os outros foram das potências'. É uma boa resposta para mostrar que a ação não é irracional, desmedida”, analisa.


Para o jornalista espanhol Rafael Poch-de-Feliu, do La Vanguardia, especialista em assuntos militares, o rechaço do Ocidente aos testes norte-coreanos parte de uma premissa preconceituosa. “Por que Paquistão e Índia podem, mas a Coreia não? Por que Israel pode ter bombas atômicas – umas 200 – e o Irã não pode ambicioná-las? O tema da proliferação nuclear é muito sério e preocupante, mas o problema não começa na Coreia do Norte ou no Irã, mas sim nas 12 mil ogivas nucleares, dos EUA e da Rússia, capazes de destruir seis vezes o planeta”, compara.


De acordo com André Martin, a Coreia do Norte tem um objetivo claro, ser a protagonista da reunificação do país. “O objetivo estratégico é a unificação com o Sul, mas com parâmetros que ela possa ditar ou barganhar. A saída dos EUA do Sul é uma questão prévia para a reunificação da nação. A pergunta que tem que ser feita é: o fato de a Coreia do Norte possuir armas nucleares favorece a reunificação?”, questiona.


Acordos

Outro aspecto que não vem sendo abordado é o fato de os EUA não terem cumprido um acordo com a Coreia do Norte, que em troca do cessamento do seu projeto nuclear, receberia ajudas financeiras e materiais, com recursos do petróleo estadunidense, a fim de combater a pobreza no país.


Para o escritor e ativista canadense Steve Gowans, o país asiático fez uma leitura acertada sobre a única intenção dos EUA nos acordos. “Enquanto a Coreia do Norte desmantelou suas instalações nucleares e realizou uma declaração completa sobre seu programa nuclear, conforme fora acordado, os EUA não cumpriram sua parte, com a transferência de recursos oriundos do petróleo e recusou-se a normalizar as relações com a Coreia do Norte, como havia prometido. Então, a Coreia do Norte concluiu corretamente, na minha opinião, que os EUA não tinham nenhum interesse real em chegar num acordo e estavam apenas interessados em fazer o país desistir de seu arsenal nuclear dissuasivo”, afirma Gowans, que é especialista nas relações entre EUA e Coreia do Norte.


O jornalista espanhol Rafael Poch-de-Feliu salienta que os norte-coreanos são duros nas negociações, mas não têm sido os principais agentes a emperrar um entendimento. “Os termos do acordo que pedem os norte-coreanos (desde os anos 90) são a desnuclearização em troca de normalização de relações (desmilitarização, estabelecimento de relações diplomáticas e comerciais normais, fim do bloqueio comercial e político etc.). É verdade que os norte-coreanos são muito duros como negociadores, mas me parece que se for concedido o que eles pedem, não haveria problema”, avalia. (Leia mais na edição 328 do Brasil de Fato, disponível nas bancas)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Por que e a quem o blog da Petrobras incomoda?


Por Emir Sader

A imprensa mercantil – aquela dirigida por oligarquias familiares de empresas fundadas no lucro das grandes publicidades privadas – está profundamente incomodada com o blog da Petrobras. Diz que se ofende aos órgãos de imprensa, revelando as perguntas enviadas pelas empresas da mídia à Petrobras, se sente como que violada na sua privacidade (?) quando o blog responde as acusações (que vida de regra, como fica claro, são simples insinuações sem nenhum fundamento na realidade).

Por que órgãos de imprensa, que supostamente estariam interessados na melhor e maior difusão informativa, se sentem incomodados com um blog que dá o ponto de vista da maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, empresa estatal, que deve – não apenas agora, mas sistematicamente – regularmente dar conta da sua atuação, pelo próprio caráter publico da instituição?

Acontece que essa mídia empresarial quer continuar sendo o único instrumento de intermediação entre os governantes e o povo, entre o Estado e a opinião pública. Quer ser o filtro que decida que projetos do governo devem ser difundidos e com que versão. Que declarações de governantes ou parlamentares devem chegar ao povo e sob que forma. Que temas são essenciais ao país e como devem ser encarados. Querem ocupar um lugar de monopólio na formação da opinião pública, o que lhes permitiu, ao longo do tempo, dar as pautas ideológicas e políticas do país.


Grande parte do que se publica na mídia mercantil são simples insinuações, mas que ganha ares de verdade se não são imediatamente respondidas por argumentos reais. Isto é inassimilável para a imprensa privada, porque ela vive disso – de transformar insinuações em supostas verdades., (Reveja-se a lista de supostos escândalos que alimentou do governo Lula – do aerolula ao apoio de Cuba à campanha eleitoral de Lula, entre tantos outros -, de que nunca se autocriticaram quando se revelaram mentirosas.) Por isso acreditam que criam uma opinião pública que tem sido sistematicamente derrotada pelo governo – como tem acontecido na maioria dos outros países da região – e que as pesquisas revelam como reduzidas a cerca de 5% de rejeição do governo. A isso se reduzem e querem falar “em nome do país”, quando falam em nome da família que os dirige, dos funcionários que de forma absolutamente autoritária e não democráticas contratam para escrever e falar e dos grandes interesses econômicos que os mantêm.

Que se multipliquem os blogs alternativos – estatais e públicos não governamentais -, para quebrar esse monopólio fundado no dinheiro e na mentira, para que fiquem reduzidos ao que são – órgãos da ditadura privada do dinheiro e da opinião mercantil – e que se possa construir no Brasil uma opinião pública democrática e pluralista, sem a qual nunca seremos um país democrático e soberano.


Link relacionado ao texto

Fatos e Dados (Blog da Petrobras)


sábado, 13 de junho de 2009

Programa de Rádio "Essa é que é a verdade!"

Completamos seis programas no ar. Pouco mais de um mês iniciamos o desenvolvimento de um programa radiofônico com o intúito de contribui para o movimento de democratização da comunicação aqui em Araçatuba. Uma das bandeiras de luta do Sindicato dos Radialistas do Estado de SP, bem como da Federação Interestadual de Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV (FITERT). No programa, procuramos abordar temas que frequentemente são tratados de maneira superficial por outros veículos. Quando não, completamente distorcidos, atendendo apenas o interesse da classe dominante. Com a produção, nem sempre regular de alguns amigos, tocamos o programa com o apoio de Wagner Gomes, radialista experiente e diretor da Rádio Excelsior FM, 104,5 Mhz.

O programa "Essa é que é a verdade!" vai ao ar aos sábados das 10:00 às 12:00 hs.

Nesse período tivemos a participação de diversas pessoas que foram convidadas a contribuir com seu conhecimento sobre alguns temas. No programa já tivemos a oportunidade de discutir sobre a Ditadura Militar no Brasil, a Luta e Organização do Movimento Estudantil, a Cultura como Instrumento de Emancipação Humana, a Crise do Capitalismo, Sindicatos; Instrumento de Luta dos Trabalhadores e outros temas que no momento não me recordo. O mais importante é deixar claro que esses temas dificilmente seriam abordados num outro veículo de comunicação com a profundidade na qual procuramos tratar no programa.

A Rádio Excelcior FM está no ar desde o ano passado, logo após conseguir autorização para funcionamento da mesma. É uma emissora comunitária, de alcance de mais ou menos 15 km. Temos informações de que o sinal da emissora chega à cidade vizinha de Araçatuba, que é Birigui, distante apenas 11 km da cidade. Apesar de alguns limites técnicos, na emissora as etapas vão sendo superadas aos poucos. E certamente se consolidará como um meio alternativo de informação e entretenimento para os araçatubenses.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Coreia do Norte é a real ameaça?


Quando representantes norte-coreanos afirmam que suas tentativas de desenvolver armas nucleares buscam desencorajar um ataque dos EUA, eles estão certos

Quando representantes norte-coreanos afirmam que suas tentativas de desenvolver armas nucleares buscam desencorajar um ataque dos EUA, eles estão certos

Por Alan Maass*


O governo estadunidense possui armas nucleares apontadas para a Coreia do Norte, uma esquadra da marinha permanentemente posicionada em sua costa e perto de cem mil soldados posicionados na Coreia do Sul e no Japão. Sucessivos governos estadunidenses têm descumprido promessas feitas há duas décadas para fornecer ajuda humanitária à população empobrecida daquele país, mas você não saberia nada disso ao ouvir a opinião pública internacional sobre o teste nuclear realizado pelo regime da Coreia do Norte no dia 25 de maio. Ao invés disso, lideranças políticas estadunidenses e internacionais, aplaudidas pela mídia, se uniram para acusar o país pelo aumento unilateral da ameaça de guerra.


Esse foi o segundo teste nuclear da Coreia do Norte. Detonada no subterrâneo, era uma bomba poderosa, estimada entre 10 e 20 kilotons – aproximadamente o mesmo poder destrutivo das bombas atômicas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial.


Os militares norte-coreanos anunciaram, no mesmo dia, que haviam realizado testes de lançamento de três mísseis de curto alcance, e o governo teria recolocado em funcionamento um reator nuclear que havia prometido desmontar como parte de um acordo de “ajuda-por-desarmamento” selado dois anos atrás, chamado de "negociações de seis lados", pois envolvia China, Rússia, Japão, EUA e as duas Coreias.


Os EUA e a aliada Coreia do Sul, por seu lado, colocaram suas forças militares em alerta vermelho e representantes estadunidenses pressionaram o Conselho de Segurança da ONU para que este impusesse novas sanções. A secretária de Estado estadunidense, Hillary Rodham Clinton, prometeu que a Coreia do Norte sofreria "consequências" pelo que ela chamou de "ações provocativas e truculentas".


Carnificina

A ideia de que a Coreia do Norte representa uma ameaça militar aos EUA é absurda. O país é desesperadamente pobre, com uma renda per capita de menos de dois dólares por dia. Seus militares estão anos distantes do desenvolvimento de um míssil de longo alcance que possa atingir os EUA, muito menos um dispositivo nuclear que possa ser carregado por tal míssil.


Mas, na península da Coreia, a ameaça de uma terrível carnificina é muito mais real. A Coreia do Norte possui aproximadamente 750 mísseis e 13 mil canhões apontados na direção da Coreia do Sul. Cerca de 21 milhões de pessoas vivem em Seul, que fica a apenas 63 quilômetros da fronteira com o Norte. E, é claro, as forças dos EUA e da Coreia do Sul possuem um arsenal muito mais destrutivo a seus comandos. Uma guerra poderia resultar na morte de um milhão de civis em questão de dias.


A retórica do governo militar da Coreia do Norte – e, talvez ainda mais, seus métodos de Estado policialesco para reprimir dissidentes – facilitam para que a mídia reduza seus líderes a loucos fanáticos. Mas, quando representantes daquele país afirmam que suas tentativas de desenvolver armas nucleares buscam desencorajar um ataque dos EUA, eles estão certos.


Quando o governo George W. Bush lançou sua "guerra ao terror" e invadiu o Afeganistão, a Coreia do Norte foi incluída no "eixo do mal", dentro da lista de possíveis alvos. "A guerra do Iraque ensinou a lição de que... a segurança de uma nação pode apenas ser alcançada quando o país possui uma força física com capacidade de retaliação", disse um representante norte-coreano algumas semanas após os EUA invadirem o Iraque, em março de 2003.


Ocupação e dominação

Por trás do conflito entre os EUA e a Coreia do Norte existe mais de um século de ocupação e dominação imperialista. Antes do século 20, governantes de China e Japão disputaram o controle da península da Coreia. Após derrotar a Rússia na guerra de 1905, o Japão transformou a Coreia em uma colônia, brutalmente explorada, com a ajuda de investidores estadunidenses.


Depois da derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, os EUA e a antiga União Soviética (URSS) – aliados durante a guerra – deram início à rivalidade da Guerra Fria, com a Coreia servindo como campo de batalha experimental. A península foi "temporariamente" dividida.


Forças comunistas no Norte, apoiadas pela URSS, lançaram uma ofensiva com o objetivo de reunir a Coreia em 1950. Os EUA responderam com uma matança indiscriminada. Com a autoridade da ONU como disfarce, bombardearam com napalm cada cidade do Norte, reduzindo-as a ruínas.


Quatro anos de guerra terminaram em um impasse, com o custo de três milhões de mortos. A antiga linha divisória foi reconfirmada em um tratado de armistício em 1953. Após a guerra, a Coreia do Sul foi governada por militares apoiados pelos EUA. Mais de três décadas de ditadura depois, esse sistema ruiu diante de um movimento democrático maciço alimentado por conflitos trabalhistas.


A Coreia do Norte adotou o sistema repressivo stalinista de seus patrocinadores na Rússia e na China. Embora seus líderes ainda reivindiquem serem um governo "comunista", a Coreia do Norte é o oposto de uma sociedade socialista de poder trabalhista e democrático. O aparato estatal dirige a economia e a sociedade com punho de ferro e o regime promove o culto à personalidade, primeiramente com Kim Il-sung, e, agora, com seu filho, Kim Jong-il.


Mas, se a Coreia do Norte tem sido sempre altamente militarizada, ela também enfrentou meio século de ameaça dos EUA e seus dependentes no Sul. Os EUA introduziram armas nucleares na península no final dos anos de 1950, violando o armistício que dera fim à guerra. Também mantêm, ainda hoje, uma imensa força militar posicionada na Coreia do Sul e no Japão, como uma constante ameaça contra o Norte.


Plano de Clinton

A Coreia do Norte estava economicamente a frente da do Sul até meados dos anos 1970. Mas seu empobrecimento se intensificou depois do colapso da URSS, em 1991. Em meados dos anos 1990, o governo Bill Clinton alimentou tensões ao recomeçar jogos de guerra na península e redirecionar armas nucleares, antes apontadas à URSS, na direção da Coreia do Norte. De acordo com um representante da Coreia do Sul, os EUA tinham traçado planos para derrubar o governo do Norte e promover sua incorporação pelo Sul.


Em 1994, a Casa Branca de Clinton concordou com um acordo em que o governo norte-coreano prometia interromper seu programa de armas nucleares e os EUA suspenderiam seu embargo de negócios e crédito, além de ajudar com a criação de um programa de força nuclear civil, com o envio de combustível como uma medida paliativa para a produção de eletricidade.


Clintou quebrou todas essas promessas, com exceção do envio de combustível e algum alimento. A crise econômica aumentou. Grandes inundações durante os anos 1990 levaram à fome, que matou uma em cada dez pessoas no país. Em outras palavras, a despeito do acordo, o governo Clinton continuou a aumentar a pressão contra o regime na esperança que ele não resistisse.


Quando George W. Bush chegou ao poder, piorou ainda mais as coisas ao rejeitar novas negociações. As relações entre os dois países foi simbolizada pelas declarações racistas de Bush, qualificando Kim Jong-il como um "pigmeu".


Agora, a administração Obama está no controle e seus principais representantes de política externa não demonstram nenhum sinal de querer seguir um caminho diferente. Além disso, a embaixadora de Obama na ONU, Susan Rice, disse querer se assegurar de que a Coreia do Norte "pague um preço" por seus testes nucleares.


Nenhuma pessoa sã quer ver a disseminação de armas nucleares. Mas, quando se trata de corrida armamentista e ameaças de guerra no leste asiático, a força motriz é o governo dos EUA. Desarmamento real começaria pelos soldados e armas estadunidenses que têm estado apontadas para a Coreia do Norte por mais de meio século. (socialistworker.org)


*Alan Maass é editor do jornal Socialist Worker e autor de Why You Should Be a Socialist (Porque você deveria ser um socialista)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Edna Flor se posiciona fávorável a acatar denúncia sobre suposta irregularidade


Após um certo número de considerações os vereadores de Araçatuba, comprometidos com a administração municipal e com compromisso com uma nova ordem política na cidade, votaram pelo fim de uma tentativa de golpe no governo do Partido dos Trabalhadores em Araçatuba. Como se previa o debate girou em torno se a Comissão Processante iria investigar se houve uma suposta improbridade administrativa e dar munição para os reacionários, que sempre ocuparam o poder municipal na cidade de Araçatuba. Obviamente que, dependendo do ponto de vista, há outras considerações a respeito desta situação. Politicamente há um entendimento que não há necessidade de investigação já que o Ministério Público já está fazendo os procedimentos que achar necessário.

Provavelmente se a Justiça entender que houve algum erro deverá ser arbitrado uma multa. Mas entender que havia necessidade de ficar desgastando um governo eleito pela maioria e talvez até um possível afastamento do prefeito no futuro, por um erro em usar uma logo marca no atual governo, aí é demais. O que mais me surpreendeu nesta situação foi o posicionamento político da vereadora Edna Flor (foto acima).

Tempos atrás estive no gabinete de Edna Flor para discutir a respeito da postura da nova direção da casa (Edna Flor é presidente da Câmara de Vereadores de Araçatuba) em relação ao concurso realizado pela Câmara no ano passado. O Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo, denunciou que a formulação do Edital, para contratação de radialistas para a TV Câmara estava irregular e com isso, caso fosse realizado o concurso, as contratações poderiam ser irregularidades, já que não estava em conformidade com a Lei dos Radialistas. Naquela oportunidade a vereadora, após ouvir nossos argumentos e também do responsável pela TV Câmara, nos informou que não poderia fazer nada (ou seja tomar nenhuma medida política administrativa) que revertesse oque havia sido feito, pois já estava na "mão da Justiça". Segundo ela, como esta situação foi criada pela adminstração anterior, achava melhor, em seu entendimento, deixar a Justiça decidir. Pois bem, a Justiça decidiu que o concurso foi válido, agora, o sindicato questionará as irregularidades no exercício da função, que era o argumento que estávamos utilizando para questionar o concurso. O Sindicato estará entrando com processos no Ministério Público para questionar as funções exercidas pelos trabalhadores que estão em situação irregular.

A exposição desta situação, do posicionamento da vereadora em relação as contratações irregulares na Câmara de Vereadores de Araçatuba, se dá apenas para para fazer uma analogia; neste caso específico, para Edna Flor, "a Justiça" é que tem de tomar um posicionamento, não ela. Já no julgamento político sobre se aceita ou não a denúncia, mesmo sabendo que a Justiça já acatou a denúncia e estará investigando, aí ela se posiciona. Segundo ela, tem de haver um posicionamento político daquela casa (Câmara de Vereadores) a respeito de aceitar ou não a denúncia. Duas moedas pra situações semelhantes?! Coerência ou incoerência política?

Não se discute aqui a ilibada condição moral, ética e política da vereadora Edna Flor em relação a diversas situações. Na qual vive ao longo de sua vida política. Edna Flor é uma guerreira. Quem conhece sua história saberá o que estou dizendo. Mas que as vezes nossa amiga confunde alhos com bugalhos.. Ah minha gente, isso é verdade.

domingo, 7 de junho de 2009

Cido Sério; "Golpe a vista em Araçatuba"

A afirmação acima é um desabafo do prefeito de Araçatuba Cido Sério segundo matéria do jornal de Araçatuba Folha da Região.

Não bastasse os grandes problemas enfrentados pela administração do PT, em Araçatuba, a elite reacionária promove um espetáculo deprimente. E pior, com vias de atingir seus objetivos. Desde semana passada, o governo municipal do PT sofre um processo jurídico e político devido ao uso da logo marca "Araçatuba para Todos" em kits escolares distribuídos aos estudantes da rede de ensino municipal de Araçatuba.

O uso da logo marca, coisa que todas as administrações fazem, sejam elas na esfera federal, estadual ou municipal, está sendo usado como pretexto para impedir que a administração de Cido Sério - PT em Araçatuba continue à administrar uma cidade para todos. O argumento que usam, para sustentar esse golpe, é de que a frase "Araçatuba para Todos" está sendo usada como meio de promoção política, ferindo então a legislação. Um argumento pra lá de estapafúrdio. Já que a frase, apesar de ter sido usada durante a campanha é o registro da característica desta administração. Vê-se claramente que trata-se de um embate político oportunista.

A Câmara de vereadores estará se reunindo nesta segunda não só para tratar de assuntos relacionados a sua competência, mas também para avaliar se aceita ou não a denúncia e assim criar uma comissão de vereadores para investigar a suposta irregularidade. Que diga-se de passagem, irregularidade não há. Antes mesmo do kit ter sido distribuído aos estudantes araçatubenses uma mostra foi levado à câmara de vereadores para que todos os vereadores pudessem ver e também questionar a respeito dos tais itens. Tudo as claras, sem dano para o erário público e com a maior transparência possível. Argumentar que não se deu conta naquele momento da frase que estava escrita é ser muita cara de pau. É faltar com verdade. Pois como se percebeu, depois dos vereadores verificarem a qualidade do material, ninguém percebeu qualquer dolo ali. Enquanto a maioria da população observa atentamente o andamento dos trabalhos realizados por Cido Sério, prefeito de Araçatuba, uma minoria, raivosa e reacionária tenta puxar o tapete e não quer respeitar a vontade popular da maioria dos araçatubenses. Estaremos atento ao desenrolar do processo e manter informado a população sobre essa tentativa de golpe num governo popular eleito pela maioria da população de Araçatuba.

Não deixe de comparecer na segunda feira na Câmara de Vereadores de Araçatuba para acompanhar todo o processo que apresentamos acima. Assim você poderá verificar, in locu, se vai ter vereador votando contra Araçatuba ou por Araçatuba. Optando então por uma cidade para todos ou apenas para alguns.

Acompanhe abaixo a matéria jornalística do Jornal Folha da Região sobre a entrega dos kits aos estudantes.

Educação recebe 14.870 kits escolares

Monique Bueno
Sábado - 23/05/2009 - 03h01
Valdivo Pereira - 22/05/2009

Araçatuba - A Secretaria Municipal de Educação recebeu ontem 14.870 kits escolares que estão sendo entregues primeiro nas escolas de ensino infantil e, na próxima semana, serão levados às escolas de ensino fundamental. Os alunos receberão os kits a partir desta quarta-feira, dia 27, em solenidade com autoridades municipais.

A primeira unidade a receber o material - mais de 120 kits, foi a Emeb (Educação Municipal de Educação Básica) Apparecida Garcia Carvalho Rico, localizada no bairro Santa Luzia. A secretária de Educação, Marta Dourado, acompanhou o descarregamento das caixas, junto com a diretora da unidade, Maria Regina Ananias Okano.

QUALIDADE
Todos os produtos que compõem o kit escolar são de qualidade, segundo a secretária. São 20 itens de marcas conhecidas no mercado. Os materiais custaram à administração cerca de R$ 2 milhões.

A agenda escolar, a pasta para guardar os materiais e a caixa de lápis de cor são algumas das novidades nos kits deste ano. Outro item que compõe o kit e também oferece qualidade no desempenho escolar é o caderno linha verde, usado para caligrafia.

O kit infantil é composto por dois pacotes com 100 folhas sulfite cada um, seis lápis pretos n° 02, dois frascos de cola branca, dois apontadores, dois cadernos brochurão, caderno quadriculado, caderno com pauta verde, tesoura sem ponta, pincel chato nº 16, duas caixas lápis de cor com 12 cores, quatro borrachas, duas caixas de tinta guache com seis cores, duas caixas de gizão de cera com 12 cores, estojo escolar e duas caixas massa de modelar, além de uma agenda escolar. Todo o material será entregue em uma pasta estilo maleta de plástico.

Já o kit escolar do ensino fundamental contém dois pacotes de papel sulfite, dez lápis preto nº 02, três canetas vermelhas, dois frascos de cola branca, dois apontadores, agenda escolar, caderno brochura, caderno para cartografia, dez cadernos brochurões, caderno quadriculado, duas réguas, tesoura, pincel chato N º 12, duas caixas de lápis de cor 12 cores, cinco borrachas, uma caixa de guache com seis cores e um estojo escolar.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A esquerda chega ao governo em El Salvador


Por Emir Sader

Funes e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional conseguiram quebrar o forte aparato governamental e a sistemática campanha anticomunista, depois de várias tentativas e abrem um período novo na história do país.

As solenidades, a que assistirão 17 mandatários, se faz com o nome: Um encontro com a história, para marcar o momento histórico que vive o país. Grande quantidade de gente do povo passou o domingo inteiro concentrados nos principais eixos da cidade, recepcionando com as bandeiras vermelhas da FMLN, as delegações estrangeiras.

De manhã Funes tomará posse formal e à tarde a FMLN faz grande comício e festa popular no estádio de futebol da cidade, com capacidade normal de 45 mil pessoas, mais os espaços do gramado, que serão ocupados pelas delegações convidadas.

O governo foi formado com participação do FMLN em postos essenciais – entre eles o Ministério de Governação, um espécie de ministério da Justiça, o de Educação, ocupado por Salvador Sanchez, o ex-comandante Leonel, eleito vice-presidente, assim como dois ex-prefeitos de São Salvador e o importante Ministério da Defesa. Funes terá minoria no Parlamento, onde a oposição reelegeu o presidente da Câmara, mas poderá contar com imenso apoio popular para desbloquear temas importantes. Por agora o Congresso já aprovou o projeto de lei de estabelecimento da gratuidade no ensino, que não existia anteriormente.

Com o governo da FMLN se alastra um clima de diversidade ideológica e política na América Central, à qual se somam os governos de Honduras e da Nicarágua, ambos aderidos à Alba, situação que a região nunca tinha conhecido. Aguarda-se os discurso da manhã e da tarde de Funes, para saber que tom dará a seu governo.

Por ser o menor pais do continente, El Salvador é chamado de pequeno polegar. Foi, durante muito tempo, a economia mais dinâmica da região, uma das poucas – junto com Costa Rica – que tinha conseguido um certo nível de desenvolvimento industrial, mesmo se seu comércio exterior – como o de todos os países centroamericanos – se centra na exportação de produtos primários, em geral agrícolas, de pouco valor no mercado internacional, uma das principais razões do atraso relativo desses paises no conjunto da América Latina.

A passagem ao ciclo longo recessivo da economia internacional afetou duramente a El Salvador e a toda a América Central, contraindo suas exportações e fazendo mergulhar a região na sua pior crise econômica e social, comparável àquela dos anos 30.

Nessa década surgiram os dois mais importantes lideres populares da Ameríca Central – Sandino, na Nicaragua, e Farabundo Marti, em El Salvador,ambos liderando setores camponeses e lutando contra as reiteradas intervenções militares norte-americanas. A luta dos sandinistas foi retomada nos anos 50 e desembocou, em 1979, na vitoria da insurreição que derrubou a longa ditadura dos Somoza.

O triunfo teve conseqüências imediatas nos países vizinhos. A Guatemela, que havia tido um ciclo de guerrilhas rurais nos anos 60, retomou com força essa luta, assentada dessa vez na unificação das várias frentes guerrilheiras, à que se somou o Partido Comunista. El Salvador tinha alguns grupos clandestinos e o PC, mas foi com a vitória sandinista que se iniciou a luta armada, igualmente unificando os núcleos que se organizavam separadamente para a luta armada, à que também se somou o PC.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estadão jogou a toalha


Por Rodrigo Vianna

Primeiro, bateu o desespero na "Folha". E o sintoma (como diria Freud) foi o texto choroso de Fernando Barros e Silva a lamentar a pulverização de verbas publicitárais promovida pelo governo Lula. O jornal dos Frias segue a velha tradição: olha sempre, em primeiro lugar, para o bolso.

O "Estadão" é diferente. Olha sempre para a grande política, digamos assim. Mas nesse campo também parece haver motivos para desespero. O editorial do centenário jornal paulistano, nesta semana, é outro sintoma. O título já diz muito: "O aturdimento do PSDB".

A imprensa - como se sabe - não se conforma mais em simplesmente noticiar os fatos, a partir do ponto de vista da elite. Não. Ela subiu um degrau: passou a ser a formuladora das políticas e do discurso da elite.

Por isso, nada mais acertado do que o rótulo de "Partido da Imprensa" para caracterizar esse jornalismo decadente e choroso. Paulo Henrique Amorim acrescentou o "Golpista", e assim nasceu o genial PIG.

No editorial desta terça-feira, o PIG se manifesta. O "Estadão" lamenta que a oposição tenha "desperdiçado sua melhor oportunidade, no auge das denúncias do mensalão". Oportunidade do que? De derrubar o presidente? O "Estadão" ainda vive nos tempos da Revolução de 32! Chega a ser engraçado.

Ler editorial (ainda mais do "Estadão") é tarefa algo desgastante. Não quero fazer o leitor sofrer. Mas nesse caso vale o sacrifício, porque o texto é mais um sinal do fim de uma era.

O "Estadão" lamenta o aturdimento do PSDB. Mas é o PIG que está atordoado. As pesquisas que mostram a subida de Dilma parecem ter desorientado os formuladores da elite. Eles se apavoram fácil. Serra é mais frio. Dele, podemos esperar muito até o início do ano que vem; Roseana Sarney que o diga.

Leiam o editorial, que termina com uma frase demolidora (para as pretensões dos tucanos): "as pessoas reagem mais vivamente quando os políticos apelam antes para as suas emoções do que para o seu lado racional, o que não surpreenderá nenhum marqueteiro competente. Mas, para provocar emoções, é preciso ter o que emocione - e dessa matéria-prima o ninho tucano está vazio."


O aturdimento do PSDB (editorial publicado em 2/06/2009)


A reportagem no Estado de domingo - "Para voltar ao poder, PSDB aposta até na neurociência" - é um retrato desalentador da desorientação que os anos Lula infligiram à legenda oposicionista que em dias melhores se distinguia por reunir um patrimônio intelectual incomum para os padrões partidários nacionais. Com dois presidenciáveis de peso, o governador paulista José Serra e o seu colega mineiro Aécio Neves, mas desprovido de "discurso", o sinônimo corrente de mensagem, os tucanos também tateiam em busca de um caminho para chegar ao eleitorado que decidirá a sorte da sucessão de 2010 - os 58 milhões de brasileiros, ou 45% do total de votantes potenciais, que podem escolher tanto um candidato do PT como do PSDB, segundo as pesquisas.

Em português claro, os tucanos não sabem nem o que dizer nem como dizê-lo. De tal modo Lula conseguiu assumir a paternidade da política econômica e dos projetos sociais implantados sobretudo no segundo mandato do presidente Fernando Henrique que 67% dos entrevistados numa sondagem para este jornal, em 2007, apontavam o seu sucessor como o maior responsável pela estabilidade da economia. E vá um tucano dizer a qualquer dos 45 milhões de beneficiários do Bolsa-Família que o programa descende em linha direta do Bolsa-Escola do governo FHC e a reação variará entre a incredulidade e o escárnio. Melhor faria, como Serra e Aécio já afirmaram que farão, se elogiasse a benesse e prometesse ampliá-la.

Os tucanos tampouco ignoram que seria uma temeridade apresentar propostas de governo cuja sustentação os obrigue a contrastá-las criticamente com as práticas atuais, como é normal em política. É um paradoxo. Por um lado, não falta o que apontar - a enxundiosa, aparelhada e em geral incompetente máquina administrativa que, para citar o mais simbólico dos exemplos, foi incapaz de concluir nos dois últimos anos mais do que ínfimos 3% das obras previstas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Por outro lado, expor os fracassos da gestão Lula sem atacar o seu responsável primeiro exigiria malabarismos semânticos provavelmente fora do alcance dos mais talentosos marqueteiros.

Aprovado por 70% da população e reprovado por 6%, o presidente, em suma, se tornou um tabu. Tanto assim que Aécio Neves vive falando que a agenda eleitoral de 2010 só poderá ser o "pós-Lula", como se isso fosse possível quando o próprio presidente avisa que, a se confirmar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, a campanha fará tudo para ressaltar a identidade entre eles. Lula chegou até a conceber um mote imaginário para isso: "Dilma é o terceiro mandato." De quebra, há o fato inegável de que, para uma parcela substancial do eleitorado, o mau desempenho administrativo é uma abstração irrelevante perto das melhoras concretas nas suas condições de vida. Na campanha de 2006, o PSDB martelou a questão. Perda de tempo, como se viu.

Mas Lula não teria conseguido sequestrar a política nacional e ditar os termos das disputas eleitorais se, depois de desperdiçar a sua melhor oportunidade, no auge das denúncias do mensalão, quando ele cogitou seriamente de desistir da reeleição, os tucanos não tivessem sido acometidos de uma catatonia desmoralizante. Agora, diante de um prato feito - os vexames em série proporcionados pelos políticos no Congresso e respaldados pela complacência cínica do presidente da República -, o máximo que os tucanos fizeram foi ecoar burocraticamente, e olhe lá, as denúncias da imprensa. Nenhuma palavra, por exemplo, contra o titular do Senado e aliado de Lula, José Sarney, que estarreceu a opinião pública ao dizer que não sabia que todo mês R$ 3.800 eram depositados na sua conta a título de um auxílio-moradia de resto injustificado.

No seu aturdimento - e à falta de espinha dorsal -, o PSDB encomenda pesquisas para descobrir o que o eleitor quer (!) e vai se abeberar nas teorias do neurocientista americano Drew Westen, cujos experimentos o levaram a concluir que as pessoas reagem mais vivamente quando os políticos apelam antes para as suas emoções do que para o seu lado racional, o que não surpreenderá nenhum marqueteiro competente. Mas, para provocar emoções, é preciso ter o que emocione - e dessa matéria-prima o ninho tucano está vazio.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Trabalhador organizado só no sindicato


Temos a dimensão da exploração sobre a classe trabalhadora quando temos a informação de quanto ela é atacada em seus direitos. Estou dizendo isso porque trabalho numa entidade sindical na qual luta para organizá-la e prepará-la não só para defender suas conquistas, mas avançar na luta. Somente através da organização é que os trabalhadores conquistaram diversos direitos. A luta individual não é interessante. Tem de ser coletiva. O trabalhador precisa sentir-se parte de algo maior. Gostaria de usar como exemplo a categoria dos Radialistas. Trabalhadores que trabalham em empresas de radiodifusão; Rádio, TV, produtoras de programas e comerciais tanto para emissoras de rádio ou televisão. Devido a sua organização no passado conquistaram diversos direitos, que vai da necessidade do registro profissional para exercer mais de 90 funções, a remuneração sobre o salário quando exerce mais de uma função dentro de um mesmo setor e outro contrato de trabalho e, consequentemente, outro salário por exercer mais de uma função em setores diferente. Sem falar na carga horária diferenciada, que varia, conforme a função de 6 horas até 8 horas. Os radialistas, através do sindicato travam lutas constante para manter estas conquistas que todo ano o patronal tenta retirar. A maneira mais insólita deles fazerem isso é não cumprir a Lei. Se os trabalhadores não denunciarem ao sindicato, como modificar estar situação? Esperar que o patrão coloque a mão na consciência?! Quem esperar isso, nem precisa ficar sentado, pode ir deitando na sepultura. E pior, vendo seus filhos perdendo estes direitos por inércia de sua parte.

Estar cientes de que todos os benefícios que temos hoje não vieram de graça. É se prontificar para a luta que o sindicato da categoria possa chamar. É digo com absoluta certeza que esta luta acontece todos os anos os anos durante a campanha salarial. Que no caso dos radialistas do Estado de São Paulo acontece no mês de maio e geralmente acaba se estendendo pelo mês de junho. Como está acontecendo este ano.

O refluxo da luta é um fenômeno que tem acopanhado a categoria há muitos anos e tem se intensificado. Quanto menos consciência de que estamos sendo vítimas da exploração, menor o interesse em fazer o enfrentamento contra os interesses do patrão. E isso só tende a resultar em mais exploração salarial, mais ataques em nossos direitos e sermos vítimas regulares de demissões por parte da empresa. A luta coletiva nos faz ser fortes. Ultrapassamos a dimensão individualista para alcançar um patamar evolutivo que infelizmente a maioria ainda não se deu conta que podemos ter. O primeiro passo neste sentido é estar sócio de sua entidade de classe. Acompanhar atentamente as discussões que a diretoria traz para a categoria. Seja em atos políticos ou através do informativo do sindicato. A entidade sindical é a casa do trabalhador. O seu espaço onde possa levar seus anseios e buscar respostas que, por muitas vezes, procuramos em outros lugares.

Se vc ainda não se sindicalizou ou não procurou saber sobre as lutas que o sindicato de sua categoria está fazendo, já está na hora. Se ao contrário de conduzir uma luta pelos interesses dos trabalhadores o sindicato está inerte, está na hora de vc, junto com outros companheiros apresentarem uma alternativa. Não ficarão sozinhos, podem acreditar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Economistas dos EUA defendem resindicalização de trabalhadores


Um grupo de 40 importantes economistas dos Estados Unidos - incluindo, entre outros, Joseph Stiglitz, Jeffrey Sachs e James Galbraith - assinou uma declaração defendendo a importância de os trabalhadores voltarem a fazer parte de sindicatos para enfrentar a crise econômica. Só 7,5% dos trabalhadores do setor privado dos EUA estão neste momento representados por uma organização sindical. E, em todo ano de 2007, menos de 60 mil trabalhadores conseguiram ocupar uma posição sindical mediante eleições sancionadas pelo governo.


SinPermiso em Carta Maior


Ainda que seu colapso tenha dominado a cobertura recente dos notícias nos meios de comunicação, o setor financeiro não é o único segmento da economia estadunidense que atravessa graves dificuldades. As instituições que governam o mercado de trabalho também fracassaram, gerando a insólita e insana situação atual, em que a remuneração dos trabalhadores norte-americanos estancou, apesar do aumento de sua produtividade.

Com efeito, entre 2000 e 2007, a renda familiar média das pessoas em idade economicamente ativa caiu 2000 dólares, uma queda sem precedentes. Nesse período, praticamente todo o crescimento econômico do país foi parar nas mãos de um reduzido número de ricos estadunidenses. Uma das razões de peso que explicam esse passo, de uma prosperidade amplamente compartilhada a uma desigualdade crescente é a erosão da capacidade dos trabalhadores de se organizarem sindicalmente e de negociarem coletivamente.

Uma resposta natural dos trabalhadores, incapazes de melhorar sua situação econômica é se organizarem sindicalmente para negociar uma participação mais equitativa nos resultados da economia, e esse desejo está bem refletido nas pesquisas recentes. Milhões de trabalhadores – mais da metade dos que têm cargos executivos – disseram que desejam a presença de sindicatos em seu posto de trabalho. Contudo, só 7,5% dos trabalhadores do setor privado estão neste momento representados por uma organização sindical. E, em todo ano de 2007, menos de 60 000 trabalhadores conseguiram ocupar uma posição sindical mediante eleições sancionadas pelo governo. O que é que explica tamanho hiato?

O problema é que o processo eleitoral supervisionado pelo Comitê Nacional de Relações de Trabalho degenerou-se e se tornou hostil, com campanhas ferozes da classe patronal para evitar a sindicalização, às vezes ao ponto de incorrerem em flagrante violação da legislação trabalhista. Os simpatizantes dos sindicatos são rotineiramente ameaçados e mesmo demitidos, e têm poucos recursos efetivos para se defenderem legalmente. E, quando os trabalhadores conseguem superar essa pressão e votar pela presença dos sindicatos nos postos de trabalho, dada a resistência patronal, uma em cada três vezes não conseguem contratos.

Para remediar essa situação, o Congresso está debatendo a oportunidade da Lei de Liberdade de Eleição dos Empregados (EFCA, em sua sigla em inglês). Essa lei cumpriria três propósitos: em primeiro lugar, daria aos trabalhadores a oportunidade de usar um mecanismo de listas majoritárias – instituindo um procedimento simples para que os trabalhadores possam indicar, com uma mera assinatura, seu apoio à presença sindical no posto de trabalho -, ou de pôr em marcha eleições supervisionadas pelo Comitê Nacional de Relações Trabalhistas; em segundo lugar, triplicaria a punição dos empresários que demitissem sindicalistas ou violassem outras leis trabalhistas ; e, em terceiro lugar, criaria um processo capaz de garantir que se dê aos empregados recém sindicalizados uma oportunidade justa para obter um primeiro contrato, podendo recorrer a uma arbitragem depois de 120 dias de negociações infrutíferas.

A EFCA refletirá melhor os desejos dos trabalhadores do que a atual “guerra em torno da representação”. A lei também rebaixará os níveis de aridez e desconfiança que agora acompanham, amiúde, as eleições sindicais sob o atual sistema.

Uma maré crescente só levanta todos os botes quando o trabalho e a classe patronal negociam em condições de igualdade relativa. Nas últimas décadas, o grosso do poder de negociação tem estado do lado patronal. A recessão atual seguirá debilitando a capacidade dos trabalhadores de negociarem individualmente. Mais do que nunca, os trabalhadores precisam atuar coletivamente.

A EFCA não é uma panacéia, mas restauraria certo equilíbrio em nossos mercados de trabalho. Como economistas, acreditamos que é de vital importância avançar na reconstrução de nossa vida econômica e robustecer nossa democracia fortalecendo a voz do povo trabalhador nos postos de trabalho.

Assinam essa declaração: Henry J. Aaron, Brookings Institution; Katharine Abraham, Universidade do Maryland; Phillipe Aghtion, Instituto de Tecnologia de Massachusetts [MIT, na sua sigla em inglês]; Eileen Appelbaum, Universidade Rutgers; Kenneth Arrow, Universidade Stanford; Dean Baker, Centro para a Pesquisa em Economia e Política; Jagdish Bhagwati, Universidade Columbia; Rebecca Blank, Brookings Institution; Joseph, Universidade Rutgers; Alan S. Blinder, Universidade Princeton; William A . Darity, Universidade Duke; Brad DeLong, Universidade da Califórina/Berkeley; John DiNardo, Universidade de Michigan; Henry Farber, Universidade Princeton; Robert H. Frank, Universidade Cornell; Richard Freeman, Universidade Harvard; James K. Galbraith, Universidade do Texas; Robert J. Gordon, Universidade Noroeste; David Lee, Universidade Princeton; Frank Levy, MIT; Lisa Lynch, Universidade Brandeis; Ray Marshall, Universidade do Texas; Lawrence Mishel, Instituto de Política Econômica; Robert Pollin, Universidade do Massachusetts; William Rodgers, Universidade Rutgers; Dani Rodrik, Universidade Harvard; Jeffrey D. Sachs, Universidade Columbia; Robert M. Solow, MIT; William Spriggs, Universidade Howard; Joseph E. Stiglitz, Universidade Columbia; Peter Temin, MIT; Mark Thoma, Universidade do Oregon; Lester C. Thurow, MIT; Laura Tyson, Universidade da Califórnia/Berkeley; Paula B. Voos, Universidade Rutgers; David Weil, Universidade Boston; Edward Wolff, Universidade Nova York.

Tradução: Katarina Peixoto