A casa caiu! O jargão conhecido das rodas policiais deve estar sendo entoado neste momento no suntuoso prédio da editora Abril, em São Paulo, onde a revista Veja é produzida. Mas a expressão -- ao contrário do que costuma acontecer naquela redação -- não é dirigida a nenhum petista ou integrante do governo e sim à própria revista. Informações oficiais fornecidas hoje pelo Ministério Público Federal deixam claro que a revista mentiu aos seus leitores sobre o caso Bancoop.
Na edição do último final de semana, a revista foi categórica ao afirmar que o doleiro Lúcio Bolonha Funaro fez acusações incriminadoras contra o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a quem a revista acusa de estar envolvido em casos de desvio de dinheiro da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop).Veja abaixo um dos trechos da reportagem da Veja:
"A revelação do elo de João Vaccari com o escândalo que produziu um terremoto no governo federal está em uma série de depoimentos prestados pelo corretor Lúcio Bolonha Funaro, considerado um dos maiores especialistas em cometer fraudes financeiras do país. Em 2005, na iminência de ser denunciado como um dos réus do processo do mensalão, Funaro fez um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Em troca de perdão judicial para seus crimes, o corretor entregou aos investigadores nomes, valores, datas e documentos bancários que incriminam, em especial, o deputado paulista Valdemar Costa Neto, do PR, réu no STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em um dos depoimentos, ao qual VEJA teve acesso, Lúcio Funaro também forneceu detalhes inéditos e devastadores da maneira como os petistas canalizavam dinheiro para o caixa clandestino do PT.Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão - o tesoureiro João Vaccari Neto. "Ele (Vaccari) cobra 12% de comissão para o partido", disse o corretor em um relato gravado pelos procuradores. Em cinco depoimentos ao Ministério Público Federal que se seguiram, Funaro forneceu outras informações comprometedoras sobre o trabalho do tesoureiro encarregado de cuidar das finanças do PT."
Segundo o próprio Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), é tudo mentira. O MPF informou nesta sexta-feira, em nota oficial, que o material que recebeu da Procuradoria-Geral da República (PGR) e que embasou a denúncia contra o doleiro Lúcio Bolonha Funaro por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro não faz nenhuma menção a João Vaccari Neto. O depoimento foi colhido em 2008 como parte do processo do mensalão.
Em nota, a procuradora Anamara Osório Silva, autora da denúncia oferecida em junho de 2008 e que levou à ação penal que tramita na Justiça contra Funaro e seu sócio, José Carlos Batista, esclareceu também que não pode confirmar se o depoimento concedido por Funaro em Brasília se deu por delação premiada.
"Tanto na documentação remetida pela PGR a São Paulo, que embasou a denúncia, quanto na própria acusação formal remetida à Justiça pelo MPF-SP, é necessário esclarecer, não há nenhuma menção ao ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) João Vaccari Neto", afirma o texto. "O MPF em São Paulo não pode confirmar se o depoimento de Funaro, concedido em Brasília, se deu sob o instituto da 'delação premiada'."
De acordo com a Procuradoria, os depoimentos de Funaro dão conta de que ele e Batista se utilizaram da empresa da Garanhuns Empreendimentos para dissimular a transferência de R$ 6,5 milhões da agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, ao antigo Partido Liberal (PL). "São sobre essas operações de lavagem de dinheiro que trata o processo, que tramita normalmente perante à 2ª Vara Federal. A última movimentação processual constante é de fevereiro de 2010", diz a nota.
De acordo com a PGR, o material referente aos depoimentos de Funaro foi encaminhado ao MPF-SP pelo então procurador geral da República Antonio Fernando de Souza.
"Essa é mais uma prova de que Veja mentiu novamente. O objetivo da revista é provocar uma guerra eleitoral visando desgatar o PT e assim prejudicar a campanha da companheira Dilma à Presidência da República", afirmou Francisco Campos, dirigente nacional do PT.
Dilma: mais um gope da oposição
Ainda nesta sexta-feira, a ministra-chefe Dilma Rousseff disse, em relação ao caso Bancoop , que a oposição está buscando ressuscitar a crise política vivida pelo governo federal em 2005 com o escândalo do mensalão a fim de influenciar o processo eleitoral deste ano, mas não será bem-sucedida.
"O pessoal está tentando, vamos dizer, trazer 2005 para a eleição de 2010, mas não acho que isso seja eficaz" disse Dilma a jornalistas antes de entrar para a reunião do Conselho de Administração da Petrobras.
Da redação,
Cláudio Gonzalez
com agências
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