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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Análise: Todos ganham nas eleições venezuelanas


O governo de Hugo Chávez ganhou mais Estados, mas a oposição ficou com os melhores nas eleições regionais realizadas no domingo na Venezuela.

Carlos Chirinos

De Caracas para a BBC Mundo

Por isso, o resultado oferece a todos razões para comemorar.

O Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), de Hugo Chávez, venceu em 17 dos 22 Estados. Um bom desempenho para uma organização que estreou nessas eleições.

Depois de o Conselho Nacional Eleitoral divulgar os primeiros resultados oficiais, o PSUV se autoproclamou como a "primeira força política venezuelana", e o vice-presidente do partido, Alberto Muller, disse que "o mapa segue tingido de vermelho".

A oposição venceu em seis Estados, triplicando o número que tinha antes. Todas as vitórias foram obtidas nas regiões mais importantes do chamado "corredor eleitoral", a zona norte costeira do país, na qual se encontra a maior parte da população.

As principais vitórias da oposição se deram na prefeitura metropolitana de Caracas, no Estado (distrito federal) de Miranda, no Estado petroleiro de Zulia, no Estado andino de Táchira, na fronteira com Colômbia, e no Estado de Carabobo, considerado o coração da indústria venezuelana.

Mas Caracas se tornou o ponto forte da oposição, que controlorá a prefeitura da cidade e de quatro dos cinco municípios que fazem parte da região metropolitana.

Vitórias da oposição

Na capital, a oposição derrotou duas das figuras mais importantes do chavismo: os ex-ministros Aristóbulo Istúriz e Jesse Chacón.

No distrito federal, Enrique Capriles Radonski derrotou Diosdado Cabello, outra figura importante dentro do governo.

Os Estados de Nueva Esparta e Zulia continuarão nas mãos da oposição.

O resultado é interpretado pela oposição como uma nova vitória, depois da obtida no referendo de dezembro de 2007, quando conseguiu bloquear a iniciativa presidencial para fazer mudanças na Constituição, incluindo a possibilidade de reeleição indefinida do presidente.

"Se quiserem apelar para mentiras, apelem", disse o presidente Hugo Chávez ao descordar que a oposição possa considerar o desempenho como um triunfo.

Dissidência chavista

O resultado parece esvaziar, ao menos eleitoralmente, o fenômeno da chamada "dissidência chavista", os políticos que se distanciaram do presidente Chávez sem passar para a oposição clássica.

O PSUV recuperou Sucre e Aragua, dois locais que estavam nas mãos do partido Podemos, a primeira divisão do chavismo em 2007.

Em Guárico, o ex-ministro da Informação, William Lara, derrotou a filha do atual governador, que se distanciou da chamada revolução bolivariana.

A dissidência também não conseguiu permanecer no simbólico Estado de Barinas, e a família Chávez conseguiu manter sua dinastia com o triunfo de Adán Chávez, irmão do presidente venezuelano.

Efeito Chávez

Para o presidente Chávez, o resultado eleitoral também pode ter uma outra leitura, já que ele se empenhou pessoalmente na campanha, promovendo os candidatos do PSUV.

Particularmente intensa foi a campanha de Chávez no Estado de Zulia, e muitos analistas afirmam que a estratégia de confrontação escolhida pelo presidente do local acabou levando à derrota do PSUV.

No entanto, ao manter Barinas e recuperar Sucre, Aragua e Guárico, Chávez obteve vitórias importantes.

De maneira geral, Chávez quis fazer das eleições nessas regiões um plebiscito sobre o seu projeto político e considera as vitórias um apoio à chamada revolução bolivariana.

"Chávez continua no mesmo caminho. Vamos pelo caminho do socialismo bolivariano, o caminho da revolução bolivariana", disse o presidente na madrugada desta segunda-feira em sua primeira reação ao resultado eleitoral.

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