contador de visitas

domingo, 2 de dezembro de 2007

Quando vale a democracia


A elite é assim; se lambuzam quando seus candidatos ou suas propostas passam num processo democrático. Já quando os pobre vencem... é outra história. Este domingo a Venezuela é notícia em todos os meios de comunicação. Está em jogo as propostas do atual governo venezuelano. Para isso a imagem do presidente da Venezuela foi bombardeado de diversas maneiras na tentativa de desconstruir sua figura e jogar a opiniao pública brasileira contra as propostas apresentadas pelo congresso venezuelano. Mas o mais importante dessa história toda é que o povo venezuelano é quem decide.
Hoje Hugo Chavez afirmou que aceita o resultado, seja ele qual for. E a elite reacionária daquele país e daqui também, será que aceitarão? Continuarão atacando aquele governo democrático dizendo que é um ditadura? Bom o artigo do Mauro Santayana, que saiu hoje no Jornal do Brasil é bem emblemático. Revela as incoerências comum nas retóricas dos reacionários de direita que sempre tentam enganar os desinformados. Vale a pena a leitura;

Este domingo, na Venezuela


O presidente Chávez saberá hoje se o seu projeto político tem ou não a aprovação da maioria do povo venezuelano. O plebiscito não é a melhor forma de se aferir a vontade nacional, mas é a única, quando os governos democráticos são sitiados por inimigos poderosos e só podem recorrer diretamente ao povo. Chávez não é estadista norueguês: é homem da América Latina que, há pelo menos 300 anos, tenta ser
ouvida no mundo. Ela e a África sempre foram vistas como dependentes da ética,
da inteligência, do mando europeu. Essa ética européia admite, para seu
proveito, mandatos presidenciais ilimitados e limitados, conforme a ocasião.
Vigora a regra antiga: "A salvação da república é a lei suprema". Herdeiros do
centro-europeísmo, os Estados Unidos intervieram em toda a América Latina, e
exemplo clamoroso foi o do Chile. Há excelente texto de García Márquez sobre o
golpe: tudo se tramou em Washington antes da eleição de Allende, em 1970. Em
jantar de que participavam três generais do Pentágono e quatro generais
chilenos, entre eles, Toro Mazote - o homenageado naquela noite - um general
americano lhe perguntou o que o Exército chileno faria se Allende fosse eleito
em setembro. "Tomaremos el Palácio de La Moneda en media hora, aunque tengamos de incendiarlo", foi a resposta. Um dos generais presentes, Ernesto Baeza,
comandou, três anos depois, o ataque a La Moneda e, depois do assassinato do
presidente, mandou incendiá-lo. Todos os outros foram decisivos no golpe contra
a democracia chilena.

Allende, se houvesse querido, poderia ter alterado
a Constituição, obtido sua aprovação por referendo popular e enfrentado os
inimigos da República, logo depois das eleições parlamentares de março de 1973,
quando ainda dispunha de força. Poderia ter salvado a vida de milhares de
chilenos. Não o fez. No entanto, o general De Gaulle, a partir de 1958, mudou a
Constituição, submeteu-a ao referendo do povo francês e, referendo sobre
referendo, governou durante 11 anos ininterruptos, até que perdeu a última
consulta e se recolheu a Colombey-les-Deux Églises, em 1969, onde morreria um
ano depois. O francês De Gaulle pode; o venezuelano Chávez, não. Quinta-feira,
em La Paz, os embaixadores da União Européia, sob a liderança do alemão Erich
Ridler, exigiram de Evo Morales que "respeite os princípios democráticos".
Depende do que se entenda como democracia. A oposição não respeitou as regras
democráticas ao ausentar-se da Assembléia Constituinte - em que era minoria - e
ameaçar a República com a divisão territorial. Herr Ridler se esquece de que a
Alemanha é ainda hoje um país ocupado por tropas norte-americanas, e sua
democracia, compulsória, foi imposta, com os russos à frente, pelos aliados que
a derrotaram. A União Européia poderia, talvez, pressionar a Espanha a fim de
que ela resolva suas questões autonômicas, como as do País Basco e da Catalunha,
antes de intrometer-se em Santa Cruz, Pando e Chuquisaca, que não pertencem à
Comunidade Européia, nem são colônias de ninguém. Faria bem à Europa encontrar
solução digna e humana para os trabalhadores imigrantes, tratados como párias.

No Equador, o presidente Rafael Correa também busca
a aprovação popular pelas reformas constitucionais, e resume: a democracia é
muito boa quando atende aos interesses da oligarquia; quando defende os
interesses dos pobres, não é mais democracia. Não deixam de lhe dar razão os
governadores das regiões rebeldes da Bolívia, quando exigem de Morales que
retire da Carta aprovada a Renda Dignidade destinada aos idosos. Afinal, para
que eles servem, se não podem mais produzir lucros?



Links relacionados ao texto;
-

Nenhum comentário: