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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O QUE OS DEMOCRATAS APRENDERAM COM OS REPUBLICANOS


Entender esta dualidade da política americana é fundamental para entendermos também, a representação tipiniquim que temos do lado de cá. Aqui Luis Carlos Azenha nos informa de como a disputa política acontece nos Estados Unidos e na qual o papel da mídia corporativa tem se transformado, ao longo do tempo, com enorme contribuição de jornalistas inescrupulosos, numa trincheira que vai dos neocons aos neoliberais.


Por Luís Carlos Azenha


Vou fazer um balanço de várias coisas que escrevi ao longo dos anos neste site. Uso os Estados Unidos como exemplo por um motivo simples: passei lá, baseado em Nova York, a maior parte de minha vida profissional. E acompanhei de perto os embates políticos entre conservadores e liberais, o que no Brasil equivale, respectivamente, à direita e à esquerda, ao PSDB e ao PT.

Lembrem-se que nos Estados Unidos uma gama variada de opinião, especialmente à esquerda, não sai na mídia corporativa, especialmente aqueles que se dedicam à crítica da própria mídia.

Porém, essa gente tem outras plataformas para atingir o público: o mercado editorial é gigantesco e há um grande número de editoras "alternativas"; a banda larga está disseminada e há organizações não-governamentais que se dedicam especificamente a fazer o trabalho de watchdog, cão de guarda, da mídia.

É por isso que gente "do contra" consegue falar nos Estados Unidos. No Brasil, seja pelo controle editorial centralizado -- como o que Ali Kamel desempenha nas Organizações Globo --, seja pela má qualidade dos novos jornalistas e do "novo Jornalismo" -- profissionais sem formação crítica, produção de notícias em massa, sem qualquer contextualização -- quem pensa diferente é jogado para escanteio.

É importante que você, caro leitor, se dê conta de que isso não é irrelevante. Quem faz parte da "panela" tem um sem número de vantagens: garantia eterna de emprego, aumentos salariais, ascensão rápida, promoção dos livros que escreve, dentre outros. É sedutor para qualquer jornalista puxar o saco não só do patrão como de interesses políticos e econômicos que, lá na frente, poderão recompensá-lo.

O Luís Nassif já tratou de aspectos relativos ao uso da mídia em disputas comerciais, cujo exemplo mais grotesco é o engajamento de O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo e revistas Veja e IstoÉ nos interesses associados ao banqueiro Daniel Dantas.

Aqui vou tratar, portanto, apenas do aspecto político.

MATRIZ DE OPINIÃO

O ativismo dos neocons é um belíssimo exemplo a ser estudado. Os intelectuais fundadores do "movimento" -- que se organizou para defender uma política externa ativista dos Estados Unidos, de defesa de Israel e de combate ideológico à esquerda em geral -- migraram do Partido Democrata para o Partido Republicano entre os anos 70 e 80.

Washington, uma cidade que nunca teve uma "elite intelectual" comparável à burocrata, era um vazio que foi preenchido pelos neocons, muitos dos quais eram ex-trotskistas. Eles se organizaram em torno de algumas revistas e alguns institutos financiados pela iniciativa privada. E passaram a disseminar a sua "matriz de opinião" nas publicações, em livros, palestras e na crítica a integrantes do governo.

Na internet, o Drudge Report passou a ser o endereço dos neocons. Nas rádios, Rush Limbaugh passou a disseminar o pensamento dos conservadores.

O problema dos neocons é que faltava a eles "povo", ou "a militância". O problema foi resolvido quando eles fizeram aliança com a direita religiosa dentro do Partido Republicano. Ainda que fossem seculares, os neocons abriram espaço em suas publicações para as causas queridas à coalizão religiosa que juntou católicos, evangélicos e judeus conservadores.

Dentre elas o combate ao aborto, ao ensino do evolucionismo nas escolas públicas, à separação entre Estado e Igreja e o apoio ao financiamento público de programas organizados por instituições religiosas.

Essa atuação se deu mesmo quando a coalizão não estava no poder. No primeiro governo Clinton, o projeto de criar um sistema nacional de saúde, idealizado pela primeira dama Hillary, foi derrotado no Congresso depois de uma intensa campanha pública em que grandes interesses econômicos se juntaram aos neocons e à direita religiosa.

A campanha de ataques a Hillary, definida como "bitch", uma "cadela", se parece muito com os ataques pessoais feitos à petista Marta Suplicy depois que ela se separou do marido ou aos ataques feitos pelo blogueiro Reinaldo Azevedo à vereadora Soninha, quando ela ainda estava no PT.

Nos Estados Unidos, o nome de Bill e Hillary foi associado ao suicídio de Vincent Foster da mesma forma que o assassinato de Celso Daniel, em Santo André, foi associado ao PT no Brasil. Foster era advogado da Casa Branca e amigo de Hillary. Ele se matou em julho de 1993.

O site Drudge Report e Rush Limbaugh tiveram papéis essenciais na disseminação de rumores, meias-verdades, boatos e falsidades a respeito de Clinton, no que Hillary mais tarde definiria como "a grande conspiração de direita".

O democrata se reelegeu graças ao bom desempenho da economia, mas o envolvimento do presidente com a estagiária Monica Lewinsky foi a oportunidade que os republicanos esperavam para detonar o legado de Clinton. Apesar de ter presidido os Estados Unidos por oito anos ininterruptos de crescimento econômico, Bill Clinton chegou ao fim do governo tão estigmatizado que foi mantido à distância da campanha de Al Gore.

Com George W. Bush os neocons, enfim, assumiram plenamente o poder. Mas estiveram em campanha permanente, como "vanguarda intelectual" do movimento, desde os anos 90. Dominaram o debate político e intelectual, preencheram cargos no governo e ocuparam espaços na mídia a ponto de tornar a palavra "liberal", que nos Estados Unidos equivale a "esquerdista", um palavrão.

Como é que Barack Obama vem enfrentando a máquina de moer carne dos republicanos, que é especializada em disseminar mentiras, boatos, rumores e meias-verdades?

1) Os democratas dispõem de sua própria rede informal de blogueiros. São os blogueiros "liberais", que se reúnem anualmente na maior convenção do gênero nos Estados Unidos. Os militantes se organizaram em torno do Daily Kos. E os democratas em geral em torno do Huffington Post. Os dois projetos são patrocinados pela iniciativa privada ou por contribuições arrecadadas através da própria internet.

2) Políticos democratas passaram a considerar essa "mídia liberal" tão importante quanto a mídia tradicional. Era comum ver o senador Edward Kennedy dando entrevista a blogs "liberais" dos Estados Unidos. Barack Obama fez o mesmo. Ou seja, os políticos liberais tiraram proveito ao mesmo tempo em que ajudaram a promover essa mídia. Hoje o Huffington Post dá alguns dos maiores furos sobre política nos Estados Unidos.

3) Não deixar ataques sem resposta. A campanha de Obama credenciou um grande número de porta-vozes para responder aos ataques de forma imediata, em todos os meios -- jornais, rádio, televisão e internet. Hoje uma informação falsa ganha o mundo em questão de horas. Combatê-la na fonte é necessário. Quando um livro repleto de inverdades e insinuações foi publicado nos Estados Unidos a respeito de Obama, a campanha já tinha um texto-resposta contestando ponto a ponto o autor.

4) Usar o You Tube. A TV tradicional está perdendo espaço junto aos formadores de opinião. Os jovens não têm mais paciência de esperar as notícias no Jornal Nacional. O You Tube tem um incrível poder multiplicador. Mas é preciso adequar a linguagem. O humor e o deboche são essenciais para qualquer conteúdo na internet, especialmente os destinados ao You Tube. As mensagens devem ser curtas. Barack Obama gravou vídeos para o You Tube: sem maquiagem, sem marqueteiro, sem firula.

5) Denunciar a mídia. Os republicanos conseguiram convencer os americanos de que a mídia do país é "liberal", embora ela tenha se tornado muito conservadora, especialmente depois que Rupert Murdoch começou sua onda de aquisições nos Estados Unidos. Os republicanos sempre fizeram campanha denunciando a mídia. Os democratas só aprenderam a fazer isso com Barack Obama, cuja campanha manifesta publicamente sua discordância do noticiário. Ajudar o público a entender o papel da mídia é esencial, especialmente quando ela se torna protagonista da disputa política.

6) Denunciar publicamente o cinismo alheio. A campanha de Gilberto Kassab foi preconceituosa, especialmente no rádio, quando atacou "Dona Marta" por estar em Paris quando houve enchentes em São Paulo. No entanto, quando a campanha do PT sugeriu que Kassab é homossexual acabou denunciada de forma cínica pela mídia, a mesma mídia que fez gato e sapato de Marta pelo fato dela ter se separado de Eduardo Suplicy e casado com um argentino. O que a campanha de Kassab fez, com a ajuda da mídia, foi transformar o prefeito em "vítima". Os republicanos perpetraram algumas das maiores barbaridades contra adversários políticos nos Estados Unidos e ainda assim posam de "vítimas". A campanha de Barack Obama vai a público para denunciar todas as manobras do adversário, mesmo sem dispor do horário eleitoral gratuito.

7) Finalmente, os seis pontos acima se aplicam a políticos de todos os partidos brasileiros. O protagonismo das empresas de mídia veio para ficar. Acabou, se um dia houve, o Jornalismo como atividade fim. Hoje nossa profissão é vista como atividade meio, para obter vantagens políticas e econômicas. Você, que se julga beneficiado pela mídia corporativa hoje, pode ser vítima dela amanhã.

PS: Barack Obama tem um blog em que anuncia em primeira mão notícias, vídeos e a transmissão ao vivo, pela internet, das íntegras dos discursos feitos por ele. Ou seja, criou um instrumento para dar a volta na mídia tradicional.

PS2: Os democratas denunciam a hipocrisia dos republicanos. Recentemente, o Huffington Post revelou que os republicanos gastaram 150 mil dólares comprando roupas para a candidata a vice Sarah Palin, em plena crise econômica e num momento em que os republicanos dizem representar o "eleitor comum".

E ENTÃO VOCÊ PERGUNTA: A QUEM SERVIRAM OS NEOCONS? AQUI EU TENTO RESPONDER.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Análise política eleições 2008


Gosto muito do Miro. Quem não o conhece, faço questão de apresentá-lo; Altamiro Borges é de São Paulo, capital. É jornalista, membro do Comitê Central do PC do B - Partido Comunista do Brasil e autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi). Mantém um blog chamado Blog do Miro, que acho interessantíssimo e que regularmente transponho alguns de seus textos aqui para o Pimentus. Pois bem, após essas eleições de 2008 e de três dias sem postar praticamente nada (estava viajando), encontrei alguns textos alusivos às eleições, que ocorreram neste final de semana passado, no blog deste jornalista.

Miro faz uma análise política do resultado dessas eleições. Revela suas impressões sobre como ficou a correlação de forças num cenário que se solidifica em direção à data de 2010. Ano em que teremos eleições para Presidência da República.
Por Altamiro Borges




Na primeira entrevista após o final da apuração do segundo turno na capital paulista, o demo Gilberto Kassab nem parecia o prefeito eleito. Rasgou elogios ao tucano José Serra, que roubou totalmente a cena na coletiva. “Nesses quatro anos tive uma grande perda, que foi a morte de minha mãe, e tive um grande amigo que ganhei na vida e um grande líder, que é José Serra, que levarei para o resto da minha carreira. Dedico a ele essa vitória”, choramingou o novo prefeito, confirmando a tese de que é e será um “laranja” do governador paulista e presidenciável tucano.

Tucano pavimenta o terreno

A folgada vitória de Gilberto Kassab, com 60% dos votos válidos, tem inúmeros significados. O mais preocupante é que ela representa forte impulso à candidatura de José Serra para a sucessão presidencial de 2010. Numa tática arriscada, o grão-tucano traiu Geraldo Alckmin, candidato do seu próprio partido, e apostou no prefeito do demo, mais confiável e funcional às suas ambições políticas. Apesar das rusgas criadas no PSDB – alguns dirigentes propõem punir os “dissidentes” –, Serra venceu a parada. Desta forma, ele garantiu a preservação da aliança com os oligarcas do DEM. De quebra, ainda conseguiu atrair o PMDB paulista, que terá papel decisivo na sucessão.

Serra parte para a nova batalha sucessória bem reforçado. Além de governar o principal estado da federação, garantiu sua marionete na capital e ainda venceu em um terço das cidades de São Paulo, mantendo a hegemonia tucana no estado. Ele também conta com o entusiástico apoio da mídia, que nada noticia sem consultá-lo previamente. Os recentes episódios de ocultamento da guerra das polícias e do seqüestro de Eloá confirmam que ela está totalmente comprometida com o projeto de José Serra. Isto para não falar no apoio do grosso da elite empresarial de São Paulo.

DEM escapa da extinção

Outro significado importante da vitória de Gilberto Kassab é que ela ressuscita o DEM, o ex-PFL dos apoiadores da ditadura militar. Este partido, que representa a oligarquia mais reacionária do país, vinha num processo de definhamento. No ano 2000, elegeu 1.028 prefeitos; em 2004, já sob impacto da experiência progressista do governo Lula, elegeu 790 prefeitos; e nas eleições deste ano, baixou para 496. Muitos analistas já previam o seu sepultamento. Mas graças ao apoio do “traíra” José Serra, os demos ganharam uma sobrevida, mesmo que como apêndice do tucano.

O novo prefeito de São Paulo, apesar de jovem e de se travestir do moderno, é a expressão cabal da política conservadora do DEM. Ele ingressou na política pelas mãos do empresário Guilherme Afif Domingues, um colaborador da ditadura, ex-secretário no governo de Paulo Maluf. Kassab integrou o comando de campanha de Afif na eleição presidencial de 1989. Em 1993, foi eleito vereador na capital paulista. Também exerceu o mandato de deputado estadual (1995-1998) e deputado federal (1999-2005) pelo PFL. No executivo, foi o principal secretário de Celso Pitta, cria de Maluf, que arruinou a capital paulista. É um quadro orgânico deste partido conservador.

Eleitorado conservador

Vice de José Serra em 2004, assumiu a prefeitura em março de 2006, quando o tucano renunciou para disputar o governo estadual. No cargo, ele adotou a postura de total subserviência ao tucano, o que gerou críticas na cúpula do seu partido. Na campanha deste ano, com um eficiente trabalho de marketing, apresentou-se como “bom gerente” e personificou o voto anti-esquerda em São Paulo, desferindo ataques ao PT. A sua vitória confirma a trajetória conservadora do eleitorado paulista, que projetou figuras como Maluf, Pitta e agora elege Kassab, “laranja” de Serra.


O partido do presidenciável José Serra, o PSDB, disputou em três das sete cidades com segundo turno no Estado de São Paulo e não ganhou em nenhuma delas. Em São Bernardo do Campo, os tucanos amargaram a derrota frente ao ex-ministro Luiz Marinho. Em Guarulhos, segunda maior cidade paulista, eles perderam para o também petista Sebastião Almeida. Já em Bauru, a derrota foi para o peemedebista Rodrigo Agostinho, que tem um petista na vice. Contraditoriamente, porém, o tucano Serra sai fortalecido do pleito, o que alavanca sua candidatura presidencial para 2010.

Após fritar o correligionário Geraldo Alckmin, num dos mais gritantes casos de “cristianização” da história política brasileira, o governador conseguiu eleger o demo-laranja Gilberto Kassab na capital paulista. Desta forma, José Serra consolidou a aliança com o DEM, que foi surrado nas urnas no país inteiro e só ressuscitou graças ao empurrão tucano na capital paulista. Além disso, o hábil tucano atraiu importante fatia do PMDB, liderada por Orestes Quércia. Este partido, o que mais cresceu nas eleições municipais, será alvo de intensa cobiça e José Serra já lançou sua isca.

Vitórias e reveses no ABC paulista

No computo geral, o partido que mais obteve vitórias no segundo turno em São Paulo foi o PT. Além de manter a estratégica prefeitura de Guarulhos e fazer o vice-prefeito em Bauru, venceu na cidade operária que projetou o presidente Lula – São Bernardo Campo. O ex-ministro Luiz Marinho, que costurou uma ampla aliança, obteve 55% dos votos. O partido também venceu em Mauá, outro município proletário do ABC paulista, com o candidato Oswaldo Dias.

A festa petista na região, porém, foi ofuscada com a derrota em Santo André, que era governada pelo partido há 12 anos. Um desconhecido do PTB, Aidan Ravin, que teve apenas 22% dos votos no primeiro turno, foi vitaminado na reta final pela máquina tucana. O secretário da Casa Civil do governo Serra, Aloysio Nunes Ferreira, monitorou pessoalmente a batalha.“Ter uma aliado no ABC é muito positivo”, justificou. Segundo a própria mídia, os tucanos enviaram a Santo André recursos financeiros e equipes de comunicação. Aidan copiou até o “bonequinho” de Kassab!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Resultado Eleições Municipais 2º Turno 2008


Segue abaixo o resultado das 30 cidades brasileiras que disputaram o 2º Turno nas eleições deste ano de 2008. Faremos uma análise ainda esta semana, posterior a minha viagem que estou fazendo a partir de hoje.

Estou usando como fonte de notícias o Portal de notícias da Globo. Isso se fez por causa da praticidade em colar as informações com seus respectivos links dos resultados.

Anápolis
Antonio Gomide (PT)
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Bauru
Rodrigo Agostinho (PMDB)
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Belém
Duciomar Costa (PTB)
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Belo Horizonte
Marcio Lacerda (PSB)
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Campina Grande
Veneziano (PMDB)
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Campos
Rosinha Garotinho (PMDB)
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Canoas
Jairo Jorge (PT)
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Contagem
Marilia Campos (PT)
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Cuiabá
Wilson Santos (PSDB)
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Florianópolis
Dário (PMDB)
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Guarulhos
Almeida (PT)
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Joinville
Carlito (PT)
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Juiz de Fora
Custódio Mattos (PSDB)
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Londrina
Antonio Belinati (PP)
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Macapá
Roberto Góes (PDT)
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Manaus
Amazonino Mendes (PTB)
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Mauá
Oswaldo Dias (PT)
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Montes Claros
Tadeu (PMDB)
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Pelotas
Fetter (PP)
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Petrópolis
Paulo Mustrangi (PT)
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Ponta Grossa
Wosgrau (PSDB)
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Porto Alegre
José Fogaça (PMDB)
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Rio de Janeiro
Eduardo Paes (PMDB)
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Salvador
João (PMDB)
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Santo André
Dr. Aidan (PTB)
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São Bernardo do Campo
Luiz Marinho (PT)
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São José do Rio Preto
Valdomiro Lopes (PSB)
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São Luís
João Castelo (PSDB)
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São Paulo
Gilberto Kassab (DEM)
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Vila Velha
Neucimar Fraga (PR)
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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O Estado busca retomar as rédeas



Matéria de Ana Paula Sousa

Há quem diga que o ministro Juca Ferreira era ministro muito antes de sê-lo. Secretário-executivo de Gilberto Gil, ele, de fato, toca o dia-a-dia da pasta desde o primeiro mandato do presidente Lula. Mas, agora, além do papel executor, tem também o de representação institucional, justamente o ponto forte de Gil. Caberá a ele acalmar os ânimos do setor cultural quando vier à tona – e a promessa é de que seja até o final do mês – o projeto de mudanças da Lei Rouanet. Caberá ao sociólogo baiano, filiado ao PV, convencer a sociedade de que, sem as alterações, a cultura perderá.

CartaCapital: Mudar a Lei Rouanet será sua prioridade?

Juca Ferreira: Será uma das prioridades. Como meu mandato é de continuidade, tenho de manter o ministério no processo em que vinha. Trabalharemos também o Plano Nacional de Cultura, um instrumento de nacionalização da política, e a modernização do direito autoral e da Funarte.

CC: Uma de suas maiores batalhas, na secretaria-executiva, talvez tenha sido pelo aumento do orçamento do ministério. Será possível conseguir isso?

JF: A gente já vem aumentando o orçamento e acho que vai continuar. A crise mundial pode levar o governo a uma posição mais rígida na redução de gastos. Mas temos conseguido sensibilizar as áreas econômicas para a nova formatação da cultura. A mudança na lei vai estabelecer um balanço entre custo e benefício.

CC: Entre o que custa para os cofres públicos e os benefícios que traz?

JF: A mudança fará com que a lei seja usada com mais responsabilidade. Em princípio, a renúncia significa uma parceria entre público e privado. O governo disponibiliza um dinheiro de imposto e a empresa financia projetos e programas. Mas, como a decisão cabe aos departamentos de marketing das empresas, há uma certa promiscuidade entre financiamento à cultura e publicidade.

CC: O que mudará o comportamento das empresas?

JF: Haverá uma mudança no padrão da lei. Hoje, 80% do que o ministério disponibiliza para a cultura vem da lei. Mas o mecanismo não é vocacionado para financiar políticas públicas. As empresas, quando se associam a um projeto, querem retorno de imagem e, em busca disso, priorizam certas coisas em detrimento de outras. Desejamos que sejam apoiadas iniciativas relevantes. Mas, claro, uma política pública não pode depender exclusivamente da lei. Vamos substituir um mecanismo não apropriado por um conjunto de mecanismos. Além da renúncia, teremos o Fundo Nacional de Cultura, com uma contribuição orçamentária maior e mecanismos de mercado. O Fundo será reafirmado como o principal mecanismo de financiamento da política pública.

CC: Mas o que garantiria dinheiro para o fundo, hoje quase vazio?

JF: Vamos estruturá-lo por meio de fundos setoriais. Teremos o Fundo Nacional das Artes, o Fundo Setorial do Audiovisual, que já existe, cada um com um gestor próprio. O Fundo Nacional do Livro e Leitura, por exemplo, terá 1% do lucro de toda a cadeia produtiva. Esses fundos poderão fazer parcerias de produção e patrocínio com a área privada.

CC: Hoje, o próprio ministério depende da Lei Rouanet. Vocês vão diminuir esse uso?

JF: Espero que sim. Não só o ministério como os governos estaduais e municipais que usam a lei para atividades permanentes. Mas a solução depende do orçamento.

CC: Então não é ilusória?

JF: Não. A gente tem aumentado o orçamento e os recursos para a cultura.

CC: Quando a lei foi criada, a idéia era estimular o empresariado a colocar dinheiro próprio nos projetos, o que não aconteceu. Como mudar isso?

JF: Os índices de renúncia não serão previamente definidos, como é hoje. Não haverá mais a definição de que o investimento em música popular tem direito a 30% de renúncia (ou seja, os 70% restantes do orçamento devem ser completados com dinheiro da própria empresa), e música erudita a 100%. Vamos criar grades de critérios para avaliar os projetos. O teto de renúncia será definido pela pontuação. Vamos levar em conta a relevância cultural, a qualidade na elaboração, a acessibilidade e o quanto um projeto beneficia as regiões que mais necessitam. Quanto mais se aproximarem desses critérios, mais se aproximarão dos 100%. De início, pode haver um estranhamento, mas acho que vai ser positivo.

CC: O Estado vai cumprir um papel fiscalizador?

JF: Mude ou não mude a lei, a gente está avançando na direção de que o dinheiro seja disponibilizado com critérios e que, uma vez disponibilizado, tenha seu destino acompanhado pelo ministério. Dinheiro público requer responsabilidade.

CC: Mas o ministério não tem gente suficiente para avaliar os projetos. Como conseguirá ainda fiscalizar?

JF: Enviamos uma proposta de reforço do ministério. Esperamos que o Congresso aprove isso rapidamente.

CC: Como o senhor define o campo de atuação do ministério?

JF: Ampliamos o conceito de cultura e trabalhamos a cultura como política pública, a partir da idéia de que todo brasileiro tem direito à cultura, tanto no sentido da expressão quanto da fruição. É a cultura como fato simbólico, direito de cidadania e economia.

CC: O setor cultural absorveu essas idéias? Vocês, inicialmente, receberam duras críticas.

JF: Acho que sim. É evidente que divergências existem, mas percebo um diálogo muito forte. Me considero sortudo, não esperava ser tão bem recebido. Houve um reconhecimento de que a melhor opção seria a continuidade. Não há mais a idéia de que o Estado é o lobo-mau que vai devorar os pobres dos produtores. O Estado democrático não quer dirigir nem fazer escolhas estéticas, mas tem o seu papel.

CC: Qual seria a grande aproximação do MinC com o governo Lula? A chegada de novos protagonistas?

JF: O governo Lula incorporou parcelas da população que nunca tiveram participação na vida econômica brasileira. Mas, agora, uma pesquisa mostrou que os recém-incorporados à classe C não se consideram de classe média por não terem lazer qualificado nem acesso à cultura. Eles sinalizaram que o esforço de inclusão não pode se basear só no aumento do poder aquisitivo. Eles querem a inclusão simbólica. E quando o presidente Lula nos colocou, através do Mais Cultura, na agenda social, apontou nessa direção, mudando um paradigma histórico. Desde que o Brasil é Brasil, quando se falava em agenda social, só se falava em estômago, moradia e educação.

CC: O senhor acredita que o discurso da cultura como necessidade básica tenha sido mesmo absorvido pela sociedade?

JF: Não digo que esteja consolidado, mas a mensagem foi compreendida. Não se pode mais tratar a cultura como a cereja do bolo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Angola um novo sonho - Reportagem TVI - parte 1/3

Para ver melhor este vídeo, desligue antes a estação musical a esquerda da página, logo abaixo.

A reportagem é da TV de Portugal. Nela revela um fenômeno que vem ocorrendo com dois países de língua portuguesa, a imigração contrária ao do que foi antes. Muitos portugueses estão abandonando Portugal e partindo para uma vida nova no país africano. A reportagem é grande, por isso está dividio em 3 partes. Assista a primeira aqui e basta clicar na própria telinha do vídeo que vc irá para a página do youtube. Lá, basta depois seguir a seqüência do vídeo 2/3 e 3/3 que se encontram a direita da página em "Vídeos relacionados".

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A integração Sulamericana


Não é possível vivermos isolados. Digo isso não apenas na condição humana, mas como nações. Desde quando os Estados Unidos se alçaram ao status de império, vem construindo mecanismos que garantam seus interesses em qualquer parte do globo. Sua máxima é "dividir para governar". Um exemplo disso atualmente é a maneira como a Colômbia se porta frente aos interesses de integração das nações do sul do continente americano.
Há décadas a Colômbia recebe subsídios para o "combate ao narcotráfico" dos governos americanos. Lê se, nesta situação, a contribuição americana ao combate a guerrilha colombiana (FARCs), na qual lhes imputam a denominação de terroristas, conforme exigência americana e da elite local. Apesar dessa denominação áquela força insurgente não ser consensual nos países vizinhos.

Na contramão dos interesses imperiais dos Estados Unidos, na América do Sul, encontra-se diversos governos alinhados com diretrizes políticas de esquerda, que ao seu modo, se organizam para depender menos do comércio, tecnologia e dinheiro dos Estados Unidos. Dão passos importantes em direção às suas autonomias e a integração regional.
Desde que assumiram seus governos, Luis Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Evo Morales, Nestor Kishtner, agora sua esposa Cristina e Hugo Chavez, este há mais tempo, direcionam seus governos à integração econômica, política e cultural no continente. Há iniciativas também na área de defesa. O restultado dessas iniciativas foi a criação da Unasul. Organismo internacional que se tornará uma zona de livre comércio nesta parte do continente. E para dar sustenção aos projetos de integração foi criado também o Banco do Sul. Instituição financeira criado pelo governo da Venezuela que emprestará dinheiro às nações da América Latina para a construção de programas sociais e de infra-estrutura.

Iniciativas como esta devem ser celebradas e copiadas por outras nações do mundo, a despeito das ingerências que qualquer país do globo possa querer promover. Já que, usando o exemplo americano, optam por se intrometer na auto-determinação dos povos. Postura facilmente identificável observando a história das nossas nações sulamericanas e dos Estados Unidos.
O link abaixo nos remete ao blog de Emir Sader. Nele Sader explica em detalhes a importância do Banco do Sul, frente a crise capitalista que anda a passos largos e a importância da integração política, econômica e cultural, com o apoio financeiro de um banco criado para este fim.

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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Globalização, o outro lado

Para ver melhor este vídeo, desligue antes a estação musical, a esquerda da página logo abaixo.

O vídeo acima é o resultado de um trabalho universitário dos alunos da UNIP Campis Araçatuba.
Produzido para a Matéria Ambiente Eocnômico Global nos mostra, de forma simples, um vídeo que denuncia as incoerências de um mundo voltado unicamente para o capital, onde a expressão humana é cada vez menos valorizada, além de denunciar o papel das multinacionais, parceiras predatórias das grandes potências.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Conceitos elaborados por Karl Heinrich Marx

Para ver melhor este vídeo, desligue antes a estação musical, a esquerda da página.

Mais um interessante vídeo que descobri no youtube. Traz algumas reflexões marxistas, além de algumas informações sobre Karl Marx.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A retomada das greves no Brasil



Por Altamiro Borges

O intenso noticiário sobre a crise mundial retirou das manchetes outro tema quente da atualidade: o da retomada das greves no país. Nos últimos dias, várias categorias paralisaram suas atividades para exigir aumento salarial e outros benefícios sociais. O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Dieese) ainda não divulgou o seu balanço, mas tudo indica que é a maior onda grevista dos últimos anos. Acuados durante o triste reinado de FHC e tímidos no primeiro mandato de Lula, os trabalhadores voltam à ofensiva para reivindicar os seus direitos.

Somente neste início de outubro, categorias de peso aproveitaram suas datas-base para cruzar os braços. Os bancários decretaram greve nacional exigindo reajuste de 13,23% - 7,15% de inflação e 5% de aumento real – e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários. Piquetes e passeatas agitaram as principais cidades, inclusive enfrentando a repressão policial. Os sindicatos da categoria calculam que 250 mil bancários aderiram à greve. Os bancos, que batem recordes de lucratividade, estão intransigentes e há um visível clima de radicalização do movimento.

Metalúrgicos, policiais e outros

Outro setor estratégico que paralisou suas atividades foi o dos metalúrgicos da capital paulista. A entidade da categoria, bastião da Força Sindical, exige 20% de reajuste e o fim da terceirização. Alega que o setor obteve elevados lucros com o crescimento da economia e exige a “socialização das riquezas”. A greve se dá por empresas e setores do ramo metalúrgico. Na semana passada, mais de 11 mil operários pararam. Após um período de negociações positivas, o patronato agora retrocedeu sob a desculpa da “crise mundial”. Os 55 sindicatos da categoria no estado, ligados à Força Sindical e que representam 750 mil metalúrgicos, prometem engrossar a campanha

Mais explosiva ainda é a greve da Polícia Civil de São Paulo. Na semana passada, cerca de 1.500 agentes ocuparam a Avenida Paulista, num dos maiores protestos de policiais da história. “Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”, cantaram os grevistas atacando o governador José Serra. Num cartaz se lia: “Sabe o que significa PSDB? Pior Salário Do Brasil”. Em várias delegacias da capital e do interior, a ordem era atender apenas os casos graves, como homicídios e roubos. A categoria reivindica 15% de reajuste, mas o governo tucano ofereceu apenas 6,2%.

Meses “vermelhos” de datas-base

Outras categorias em movimento também foram menosprezadas pela mídia. Os funcionários dos Correios podem voltar a cruzar os braços nesta semana, na terceira greve geral da categoria neste ano. A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) regateou no plano de cargos e salário e ofereceu reajuste de apenas 6,3%. Já os ferroviários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos estão em estado de greve. A CPTM se recusa a atender a reivindicação histórica da categoria do plano de cargos e salários. E os marítimos discutem nesta semana a possibilidade da greve no setor. Há três meses a categoria tenta, sem sucesso, fechar acordo com as empresas prestadoras de serviço.

Os meses de setembro e outubro concentram importantes datas-base de categorias. No período de retomada e ascenso do sindicalismo, nos anos 80, eles foram rotulados pela mídia burguesa como meses “vermelhos”, devido à incidência das greves. Com a explosão do desemprego, a regressão neoliberal e a reestruturação produtiva, nos anos 90, as paralisações sumiram da mídia. Agora, porém, ressurgem e confirmam a tendência recente de fortalecimento do movimento sindical. Já nos meses de junho e julho ocorreram várias greves no setor público, como na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária e no Ministério da Fazenda. Os operários da Petrobras também pararam.

As razões da onda grevista

Vários fatores explicam esta retomada das greves, mas dois se destacam. O primeiro é político. Reflete a existência de um governo democrático, que não criminaliza os movimentos sociais e até incentiva suas ações. Num discurso na Confederação Nacional dos Metalúrgicos, o presidente Lula afirmou que não era justo somente as empresas lucrarem com o crescimento da economia e o aumento da produtividade. Ele lançou a bola para o sindicalismo chutar a gol. Bem diferente da postura ditatorial de FHC, que inaugurou o seu triste reinado reprimindo a greve dos petroleiros, em maio de 1995, com o objetivo confesso de “quebrar a espinha dorsal do sindicalismo”.

O segundo fator, mais determinante, foi o crescimento da economia nos últimos dois anos. Como ensinaram Marx e Engels, o sindicalismo ganha ímpeto nas fases de crescimento. Com a redução do desemprego e o aumento da demanda por produtos, os trabalhadores adquirem maior poder de barganha e maior confiança nas suas forças. Já nos períodos de crise, o sindicato se mostra mais impotente, revelando a sua natureza de instrumento defensivo. “A dinâmica histórica entre os ciclos da economia capitalista e os movimentos operários comprova a total submissão da prática sindicalista à lógica do movimento do capital, a sua vinculação estrutural às flutuações cíclicas da economia capitalista”, explica Giovanni Alves no livro “Limites do sindicalismo”.

A crise e a chantagem do capital

No ano passado, muitas empresas preferiram evitar o confronto e cederam reajustes superiores à inflação já na mesa de negociação. Segundo pesquisa do Dieese, ocorreram 316 greves no país, totalizando 29 mil horas paradas, sendo que 51% das paralisações aconteceram no setor público. Num cenário econômico mais favorável, 87% das categorias arrancaram aumento real de salário, fato inédito nos últimos anos. Vários sindicatos também rejeitaram acordos que impunham banco de horas e outras formas de precarizaçao, revelando maior poder de pressão. Fruto deste ascenso houve reversão no processo de queda da taxa de sindicalização – ela subiu de 16% para 18%.

Com a grave crise da economia capitalista, os “bons ventos” podem sumir. Várias empresas, que lucraram como nunca no período recente, agora fazem chantagem com a recessão deflagrada nos EUA. As negociações já tomaram outro rumo, com o patronato endurecendo a sua postura. Isto explica a eclosão de tantas greves nas últimas semanas. Não dá mesmo para cair no jogo sujo do capital. Na fase de crescimento, eles privatizam os lucros; na crise, socializam os prejuízos. Até como forma de enfrentar a crise é preciso aquecer o mercado interno, o que exige a valorização dos salários, a redução de jornada de trabalho e a superação da precarizaçao do trabalho.


Altamiro Borges tem um blog. É Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil, autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi)

A retomada das greves no Brasil



Por Altamiro Borges

O intenso noticiário sobre a crise mundial retirou das manchetes outro tema quente da atualidade: o da retomada das greves no país. Nos últimos dias, várias categorias paralisaram suas atividades para exigir aumento salarial e outros benefícios sociais. O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Dieese) ainda não divulgou o seu balanço, mas tudo indica que é a maior onda grevista dos últimos anos. Acuados durante o triste reinado de FHC e tímidos no primeiro mandato de Lula, os trabalhadores voltam à ofensiva para reivindicar os seus direitos.

Somente neste início de outubro, categorias de peso aproveitaram suas datas-base para cruzar os braços. Os bancários decretaram greve nacional exigindo reajuste de 13,23% - 7,15% de inflação e 5% de aumento real – e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários. Piquetes e passeatas agitaram as principais cidades, inclusive enfrentando a repressão policial. Os sindicatos da categoria calculam que 250 mil bancários aderiram à greve. Os bancos, que batem recordes de lucratividade, estão intransigentes e há um visível clima de radicalização do movimento.

Metalúrgicos, policiais e outros

Outro setor estratégico que paralisou suas atividades foi o dos metalúrgicos da capital paulista. A entidade da categoria, bastião da Força Sindical, exige 20% de reajuste e o fim da terceirização. Alega que o setor obteve elevados lucros com o crescimento da economia e exige a “socialização das riquezas”. A greve se dá por empresas e setores do ramo metalúrgico. Na semana passada, mais de 11 mil operários pararam. Após um período de negociações positivas, o patronato agora retrocedeu sob a desculpa da “crise mundial”. Os 55 sindicatos da categoria no estado, ligados à Força Sindical e que representam 750 mil metalúrgicos, prometem engrossar a campanha

Mais explosiva ainda é a greve da Polícia Civil de São Paulo. Na semana passada, cerca de 1.500 agentes ocuparam a Avenida Paulista, num dos maiores protestos de policiais da história. “Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão”, cantaram os grevistas atacando o governador José Serra. Num cartaz se lia: “Sabe o que significa PSDB? Pior Salário Do Brasil”. Em várias delegacias da capital e do interior, a ordem era atender apenas os casos graves, como homicídios e roubos. A categoria reivindica 15% de reajuste, mas o governo tucano ofereceu apenas 6,2%.

Meses “vermelhos” de datas-base

Outras categorias em movimento também foram menosprezadas pela mídia. Os funcionários dos Correios podem voltar a cruzar os braços nesta semana, na terceira greve geral da categoria neste ano. A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) regateou no plano de cargos e salário e ofereceu reajuste de apenas 6,3%. Já os ferroviários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos estão em estado de greve. A CPTM se recusa a atender a reivindicação histórica da categoria do plano de cargos e salários. E os marítimos discutem nesta semana a possibilidade da greve no setor. Há três meses a categoria tenta, sem sucesso, fechar acordo com as empresas prestadoras de serviço.

Os meses de setembro e outubro concentram importantes datas-base de categorias. No período de retomada e ascenso do sindicalismo, nos anos 80, eles foram rotulados pela mídia burguesa como meses “vermelhos”, devido à incidência das greves. Com a explosão do desemprego, a regressão neoliberal e a reestruturação produtiva, nos anos 90, as paralisações sumiram da mídia. Agora, porém, ressurgem e confirmam a tendência recente de fortalecimento do movimento sindical. Já nos meses de junho e julho ocorreram várias greves no setor público, como na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária e no Ministério da Fazenda. Os operários da Petrobras também pararam.

As razões da onda grevista

Vários fatores explicam esta retomada das greves, mas dois se destacam. O primeiro é político. Reflete a existência de um governo democrático, que não criminaliza os movimentos sociais e até incentiva suas ações. Num discurso na Confederação Nacional dos Metalúrgicos, o presidente Lula afirmou que não era justo somente as empresas lucrarem com o crescimento da economia e o aumento da produtividade. Ele lançou a bola para o sindicalismo chutar a gol. Bem diferente da postura ditatorial de FHC, que inaugurou o seu triste reinado reprimindo a greve dos petroleiros, em maio de 1995, com o objetivo confesso de “quebrar a espinha dorsal do sindicalismo”.

O segundo fator, mais determinante, foi o crescimento da economia nos últimos dois anos. Como ensinaram Marx e Engels, o sindicalismo ganha ímpeto nas fases de crescimento. Com a redução do desemprego e o aumento da demanda por produtos, os trabalhadores adquirem maior poder de barganha e maior confiança nas suas forças. Já nos períodos de crise, o sindicato se mostra mais impotente, revelando a sua natureza de instrumento defensivo. “A dinâmica histórica entre os ciclos da economia capitalista e os movimentos operários comprova a total submissão da prática sindicalista à lógica do movimento do capital, a sua vinculação estrutural às flutuações cíclicas da economia capitalista”, explica Giovanni Alves no livro “Limites do sindicalismo”.

A crise e a chantagem do capital

No ano passado, muitas empresas preferiram evitar o confronto e cederam reajustes superiores à inflação já na mesa de negociação. Segundo pesquisa do Dieese, ocorreram 316 greves no país, totalizando 29 mil horas paradas, sendo que 51% das paralisações aconteceram no setor público. Num cenário econômico mais favorável, 87% das categorias arrancaram aumento real de salário, fato inédito nos últimos anos. Vários sindicatos também rejeitaram acordos que impunham banco de horas e outras formas de precarizaçao, revelando maior poder de pressão. Fruto deste ascenso houve reversão no processo de queda da taxa de sindicalização – ela subiu de 16% para 18%.

Com a grave crise da economia capitalista, os “bons ventos” podem sumir. Várias empresas, que lucraram como nunca no período recente, agora fazem chantagem com a recessão deflagrada nos EUA. As negociações já tomaram outro rumo, com o patronato endurecendo a sua postura. Isto explica a eclosão de tantas greves nas últimas semanas. Não dá mesmo para cair no jogo sujo do capital. Na fase de crescimento, eles privatizam os lucros; na crise, socializam os prejuízos. Até como forma de enfrentar a crise é preciso aquecer o mercado interno, o que exige a valorização dos salários, a redução de jornada de trabalho e a superação da precarizaçao do trabalho.


Altamiro Borges tem um blog. É Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil, autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Jornalista apresenta provas da tentativa de intervenção dos EUA na Bolívia


Não é de hoje que diversos governos de esquerda, na América Latina, vem denunciando a interferência do governo norte americano em assuntos internos de seus respectivos países. Isso sempre ocorre com interesses escusos, obtendo a simpatia de lideranças internas e formadores de opiniões desses países, pois comungam com essas mesmas idéias.

Há uma pactuação não declarada dos meios de comunicação dos países onde há estas interferências, sempre camufladas. Um exemplo disso são as notícias veiculadas envolvendo as organizações não governamentaris e agências do Estado americano. Virem e mexem, estão na mídia local denunciando este ou aquele governo, pois estão sempre a serviço do governo americano de plantão. Gozando de certa credibilidade no mundo, aproveitam-se para cunhar posições políticas para desestabilizar ou favorecer politicamente o lado alinhado à Washington. Isso sempre ocorre em momentos agudos do contexto histórico de mudança pelo que passam esses países com governos de esquerda.

As agências do tipo NED (National Endowment for Democracy), Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), RSF (Repóteres Sem Fronteiras), Human Rights Watch e tantas outras, recebem subsídios do governo americano, para se alinharem politicamente com a visão imperial sobre temas internos dos países onde atuam. Se consolidam como referência nas áreas em que atuam, mas nos momentos oportunos se valem do aluguel a que se submetem. Um exemplo emblemático disso é o que o jornalista independente Jeremy Bigwood revelou. No matéria abaixo é possível saber dos detalhes daquilo que há muitos anos se vinham denunciando, mas que só agora foi possível provar.



da Redação ABN

O repórter americano denunciou que, desde o início dos anos 90, o governo de seu país tem visto o outrora dirigente cocalero “como uma ameaça para os planos dos Estados Unidos no hemisfério”

O jornalista estadunidense Jeremy Bigwood apresentou, neste sábado (11), uma série de provas e documentos que demonstram que o governo dos Estados Unidos interveio em diversas ocasiões na Bolívia com clara intenção de desestabilizar ao governo do presidente Evo Morales Ayma.

Através de seu Departamento de Estado, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, sigla em inglês) e o Fundo Nacional para a Democracia (NED), o governo estadunidense tentou desestabilizar e tirar Morales do cenário político.

Durante uma coletiva de imprensa, Bigwood apresentou seis documentos obtidos mediante a Lei para a Liberdade de Informação de seu país, que demonstram o intervencionismo de Washington na Bolívia por intermédio da Usaid, NED e do Departamento de Estado.

O jornalista denunciou que desde o início dos anos 90, o governo de seu país tem visto o outrora dirigente cocalero “como uma ameaça para os planos dos Estados Unidos no hemisfério”.

O primeiro documento apresentado é uma carta da embaixada dos Estados Unidos, datada de 25 de novembro de 2001, dirigida ao então presidente da Bolívia, Jorge Quiroga Ramírez, agora líder da principal força opositora Poder Democrático e Social (Podemos). Nesta, o governo dos Estados Unidos assinala que “Quiroga Ramírez não se moveu o suficiente contra Evo Morales”, então dirigente das seis federações do trópico de Cochabamba.

Outro documento mostra somas econômicas que, em 2004, o Fundo Nacional para a Democracia (NED) destinou à Câmara da Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz (Cainco).

Com esses recursos, de 128 mil dólares, Cainco realizou distintos seminários para, segundo Bigwood, desenvolver uma campanha de defesa da população para conseguir um respaldo social.

“Isto mostra que os fundos dos Estados Unidos estão destinados para afetar diretamente a Bolívia, a sua opinião pública e a sua legislação interna”, afirmou Bigwood.

Mais adiante – continuou – em 2006, o NED e a Usaid promoveram diferentes fóruns sobre o tema da autonomia e descentralização, principalmente em Santa Cruz, departamento em que mais promove a divisão e o separatismo, acompanhados por Beni, Tarija e até a pouco tempo Pando, formando o que se conhece como meia lua.

“Esta é evidência clara de que o governo dos Estados Unidos através de várias de suas entidades – e em especial Usaid – têm e continuam conspirando contra o governo legal da Bolívia”, afirmou Bigwood.

Bigwood é fotógrafo e repórter investigativo. Trabalhou nas publicações Times, Newsweek e News e no Wolrd Report.
A documentação foi obtida com o apoio de oficiais do exército estadunidense “que estão em desacordo com a política do sul do país contra a Bolívia”, afirma Bigwood.


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Matéria na Agência Bolivariana de Notícias

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Denúncias envolvem a ONG Repórteres Sem Fronteiras

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terça-feira, 14 de outubro de 2008

A exumação do discurso neoliberal na mídia (I)


Saul Leblon nos apresenta um artigo interessante, fazendo uma análise do discurso neoliberal, tão enraizado na mídia corporativa e que, de tempos em tempos, são resgatados e nos apresentados para justificar conceitos capitalistas que é tão caro a humanidade. Está dividido em partes, sendo este a primeira.
O artigo foi compilado do site da Agência de Notícias Carta Maior.
A endogamia entre a mídia brasileira e as forças políticas do conservadorismo, uma parceria que impôs ao país uma agenda "de reformas" para liberar os mercados e submeter a sociedade, não é um fato isolado e ocorreu em praticamente toda a América Latina. Em 2003, por exemplo, a revista Veja publicou uma edição especial saudando os "campeões do neoliberalismo", Margareth Thatcher e Friedrich von Hayek.


Por Saul Leblon*


Em setembro de 2003, em edição especial de 35 anos, a revista Veja, por todos os motivos reconhecida como uma das trincheiras mais aguerridas da pregação neoliberal na mídia brasileira - sem menosprezar os predicados de inúmeros cronistas perfilados no mesmo bastião - dedicou-se a um balanço daquilo que anunciou como sendo: " ... 35 anos da história do Brasil e do mundo contado a Veja por quem a fez".

E quem a fez? De acordo com a revista da Abril, pelo menos no quesito ícones da economia, foram Margareth Thatcher, a Dama de Ferro, autora da pérola “Isso a que chamam sociedade não existe. O que existe são os indivíduos"; e o não menos preclaro militante do individualismo econômico e político Friedrich von Hayek, para quem o vale-tudo dos mercados era requisito para a liberdade humana.

Nesta segunda-feira, 13 de outubro de 2008, em que a Europa, liderada pela Inglaterra da ex-primeira Dama de Ferro, inaugura a maior intervenção estatal da história no sistema financeiro do continente e os mercados - ah , ingratidão...- reagem favoravelmente, é forçoso transcrever algumas passagens expressivas da homenagem feita por Veja a seus oráculos.

A endogamia entre a mídia brasileira e as forças políticas do conservadorismo, uma parceria que impôs ao país uma agenda "de reformas" para liberar os mercados e submeter a sociedade, não é um fato isolado. Na América Latina tudo começou em março de 1975 quando o economista Milton Friedman aceitou um convite para se reunir com o ditador Augusto Pinochet. Dezoito meses antes desse encontro o Exército comando por Pinochet derrubara o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende não hesitando para isso em bombardear o Palácio de La Moneda, no centro de Santiago, com aviões-caça da Força Aérea chilena. Santiago patinava em sangue e violência enquanto Friedman, um porta-voz da escola de Chicago, exortava Pinochet a destinar a truculência da ditadura para implantar no país a agenda da desregulação para os mercados e do tacape para a democracia.

No Especial de 2003 a revista Veja dedica a essas balizas com as quais intoxicou a subjetividade da classe média brasileira nas últimas décadas o título de: "Os Campeões do liberalismo". A seguir, trechos da sua apresentação para a entrevista com Margareth Thatcher e Friedrich von Hayek . Veja fala por si:

Os campeões do liberalismo (revista Veja, setembro de 2003)
"Margaret Thatcher é o melhor homem da Inglaterra." A frase é do ex-presidente americano Ronald Reagan, com quem "Maggie" formou uma dupla afinada. Quando ela assumiu o cargo, em 1979, a Inglaterra era a menos viável das nações industrializadas. Em onze anos e meio no poder, Thatcher privatizou furiosamente, peitou sindicalistas, encolheu o governo e recuperou a prosperidade dos ingleses. A receita de Maggie atraiu ira e admiração em doses descomunais. "Se quiser que um político diga algo, chame um homem. Se quiser que faça, chame uma mulher", afirmava. Quando VEJA falou com ela em 1994, em Londres, o liberalismo à moda de Thatcher começava a ser copiado em diversas partes do mundo.(...)

VEJA – Quem se opõe à privatização das estatais no Brasil costuma dizer que privatizar é pegar algo que é propriedade de todos e dar de presente a alguns.

THATCHER – Ninguém está dando nada a ninguém. A verdade é o contrário: em geral as estatais têm de ser subsidiadas com o dinheiro dos contribuintes. O governo não sabe administrar empresas, quase sempre o faz de modo inepto. Logo, logo a empresa está perdendo dinheiro, e o contribuinte tem ao mesmo tempo de comprar o que ela produz e pagar o prejuízo.

Crônica de uma vitória anunciada (Mais um texto da Veja)

"O economista Friedrich von Hayek foi entrevistado por VEJA em 1979, o ano em que Margaret Thatcher assumia o governo da Inglaterra. Mais que uma coincidência, o momento marca uma transição da teoria para a prática. Em 1944, Hayek lançou seu livro mais conhecido, "O Caminho da Servidão", prevendo que a Inglaterra perderia sua posição de destaque no mundo caso insistisse em políticas intervencionistas. Foram necessários 35 anos para que os ingleses percebessem que o velho pensador estava certo.

Isso ocorreu quando Thatcher se incumbiu de soltar as amarras da economia britânica, colocando seu país novamente em velocidade de cruzeiro. O austríaco naturalizado inglês assistiu à vitória de seu pensamento. Acompanhou em vida o governo de Margaret Thatcher, que se tornou um exemplo para boa parte do mundo. Morreu em 1992, tendo assistido à queda do Muro de Berlim e ao esfarelamento da União Soviética. Hoje, governos de direita e de esquerda, de José María Aznar a Luiz Inácio Lula da Silva, baseiam suas políticas na idéia da qual Hayek foi o profeta e Thatcher, a executora: o liberalismo econômico".

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Acertos e erros das esquerdas na eleição


Por Altamiro Borges


As forças de esquerda que apóiam o governo Lula, seja de forma incondicional ou com posturas mais críticas, saíram-se bem no primeiro turno das eleições. O PT, com as suas várias tendências internas, foi o partido que mais cresceu. Dos atuais 391 prefeitos, pulou para 548, venceu em seis capitais e disputará em outras três. O PCdoB elegeu 39 prefeitos (em 2004 fez só 10), reelegeu o prefeito de Aracaju e concorrerá em São Luiz. O PSB pulou de 214 para 309 prefeitos, reelegeu dois em capitais e disputará outras três. E o PDT, mais acuado, subiu de 311 para 344 prefeitos.

Com base na crescente popularidade do presidente Lula e também nas experiências positivas de algumas administrações, além de outros fatores, o PT retomou sua trajetória eleitoral ascendente, recuperando-se da grave crise vivida em 2005-2006. Já o PCdoB, com a sua tática eleitoral mais ousada, apareceu com fisionomia própria em cidades-chaves, projetou lideranças e se cacifou na disputa pela hegemonia. E o “bloco de esquerda”, unindo por PSB, PDT e PCdoB, ganhou maior musculatura e pode exercer um papel mais incisivo na sua relação com o PT e o governo Lula.

Esforço para derrotar a direita

Na justa batalha por se firmar no cenário político, os partidos de esquerda nem sempre estiveram unidos nas disputas municipais. No geral, porém, predominou o bom senso nas alianças visando evitar vitórias da oposição liberal-conservadora. Este esforço garantiu, por exemplo, o apoio do PT aos comunistas em Aracaju e São Luiz. Já o PCdoB retirou as suas candidaturas próprias para impulsionar candidatos petistas mais bem situados em várias capitais. Sem esta conduta madura e unitária seria bem mais difícil a situação de Walter Pinheiro (BA) e Marta Suplicy (SP), só para citar dois casos emblemáticos. A união em Salvador ajudou a “dar uma surra” em ACM Neto.

No caso de Porto Alegre, era indispensável a prova das urnas. As duas candidatas estavam bem posicionadas nas pesquisas, mas a eleição confirmou a força do PT gaúcho. Mesmo assim, vale registrar as baixarias cometidas pela campanha petista, arranhando a unidade das esquerdas. Já em Florianópolis ficou patente a postura hegemonista do PT, que optou por um candidato com pouca densidade eleitoral e, com isso, foi culpado pela esquerda não ir ao segundo turno. O caso mais grave de divisão das esquerdas, porém, ocorreu no Rio Janeiro, a estratégica capital carioca. Nela se cometeu um verdadeiro crime político, com graves conseqüências no futuro.

A tragédia do Rio de Janeiro

Não faltaram alertas de que a fragmentação das esquerdas cariocas poderia resultar na vitória da direita. O próprio presidente Lula sugeriu ao PT o apoio à comunista Jandira Feghali, mais bem posicionada para a disputa. Outras lideranças petistas, como o ex-ministro José Dirceu, também tentaram viabilizar esta aliança. O PCdoB retirou a sua candidatura em São Paulo como prova do empenho nesta costura. Mas todo o esforço foi em vão. Vingou a visão partidista e hegemonista mais tacanha. O PT, além do PSOL e do PDT, bancaram candidatos sem condições de disputa. Resultado: um peemedebista com passado de direita e um tucano-verde estão no segundo turno.

O renomado intelectual Emir Sader lamentou o desfecho. “Mais uma vez os cariocas de esquerda ficam sem candidato no segundo turno e a cidade é entregue à direita. Responsabilidade grave da esquerda realmente existente, que não soube estar à altura do Rio de Janeiro, parecendo que tem mais amor as suas candidaturas e seus partidos do que à cidade, que pede aos gritos um governo de esquerda... Quem não se deu conta que a candidata Jandira Feghali era a melhor colocada para chegar ao segundo turno demonstrou grave desvinculação da realidade”. Ele não vacila em tecer duras críticas ao PT, mas também ao PSOL, PDT e PCB, culpando-os pela vitória da direita.

No mesmo rumo, o blog “Amigos do presidente Lula” também postou o seu desabafo. “Por falta de visão, o PT deixou de se aliar com Jandira Feghali (PCdoB) no primeiro turno. Jandira já foi candidata à prefeita em 2004 e teve mais votos do que Jorge Bittar, do PT. Ela foi candidata ao Senado em 2006. Perdeu no interior, mas foi a mais votada na capital. Já tinha uma candidatura com forte base eleitoral construída. Se Alessandro Molon (PT) fechasse a coligação com Jandira, ela teria mais tempo na TV e cresceria na disputa”. Mas o PT preferiu lançar candidato próprio e agora terá que optar entre Eduardo Paes, o “menos pior”, e o tucano-verde Fernando Gabeira.

O fiasco da “frente de esquerda”

Ainda no campo das esquerdas brasileiras, vale analisar o desempenho do PSOL, PSTU e PCB, que promovem uma oposição frontal ao presidente Lula, desconsiderando a atual correlação de forças no Brasil e na América Latina e a natureza hibrida deste governo. Na eleição presidencial de 2006, os três partidos montaram a chamada “frente de esquerda”, que ficou em terceiro lugar com a candidatura da ex-senadora Heloísa Helena e conquistou mais 6,5 milhões de votos. Já nas eleições municipais deste ano, a aliança implodiu devido a inúmeras divergências de projeto. Ela só vingou em onze capitais; no restante, o tiroteio entre os três partidos foi intenso e fratricida.

Para sair do isolamento, o PSOL optou por uma tática mais ampla de alianças. Até o Movimento Esquerda Socialista (MES), da deputada Luciana Genro, aliou-se com PV, que em vários estados integra a oposição liberal-conservadora – em São Paulo, por exemplo, apóia o demo Kassab. Já o PSTU, totalmente avesso às alianças, espinafrou o seu antigo parceiro. Num documento público, criticou a direção do PSOL, que “realiza coligações com os partidos burgueses, que inclusive integram a base de sustentação do governo Lula”. O PCB, por sua vez, manteve a sua trajetória errática e preferiu demarcar posições, lançando candidatos próprios e sem densidade eleitoral.

A ausência de tática política

O resultado final deverá gerar acirrados debates no interior dos três partidos. O PSOL, que teve enorme visibilidade na sucessão presidencial, não elegeu prefeitos e fez apenas oito vereadores em capitais. Heloísa Helena, símbolo da “frente de esquerda”, teve 29 mil votos e será vereadora em Maceió. Já o PSTU não elegeu sequer vereadores. Até agora, o seu site não divulgou balanço crítico da sua campanha. E o PCB retrocedeu, perdendo alguns mandatos. Prevendo o desastre, a sua executiva nacional emitiu um comunicado enigmático: “Independentemente dos resultados matemáticos e eleitorais dos nossos candidatos, a nossa campanha foi vitoriosa politicamente”.

Outro importante setor de esquerda, não partidário e inserido nos movimentos sociais, optou pelo abstencionismo. O MST, por exemplo, desautorizou seus militantes a se candidatarem. Ricardo Gebrim, da Consulta Popular, critica os partidos de esquerda que investem no processo eleitoral. Para ele, as eleições despolitizam a sociedade e só “discutem no âmbito administrativo, do tipo construir pontes... Não houve, nesta campanha, a discussão sobre projetos de governo”. O risco desta análise, feita por lutadores combativos, é que ela desarma a militância, não dá alternativas táticas e reforça o ceticismo. Desta forma, joga os movimentos sociais no isolamento político.

sábado, 11 de outubro de 2008

RÁDIOS COMUNITÁRIAS: A QUARTA ONDA


A luta pela radiodifusão comunitária não é de hoje. Apesar de várias pessoas pegarem carona nesta luta, montando emissoras de rádio ditas comunitárias, mas que não levantam esta bandeira, o movimento ainda existe. Está mais organizado e fica cada vez mais forte.
Não é possível no mundo moderno convivermos com tamanha incongruência de interesses numa sociedade dita democrática. Onde poucos administram um bem público como se fôsse seu.
As concessões de emissoras de rádio e tv estão no debate e a luta pela democratização dos meios de comunicação passa também, inexoravelmente, pela radiodifusão comunitária.
Retratando um pouco desta história Marco Ribeiro, que é radialista, nos explica com mais detalhes no texto abaixo;

por Marco Ribeiro
O movimento das rádios comunitárias depois do impasse da discussão da legislação que regulamentou as rádios, que nos engessou e nos dividiu , tem que retomar a mobilização e avançar e não só na questão das rádios, mas também, na proposta pelas tvs comunitárias, que ainda é incipiente no Brasil, mas que se torna cada dia mais proeminente, pois são as rádios e as tvs os dois lados da mesma moeda e parte importante na luta pela democratização da comunicação. É o que tenho denominado de a quarta onda. Para entendermos o que está acontecendo é necessário retomarmos um pouco da história do movimento, analisarmos o que já feito e conquistado para que possamos avançar.

Xilique na década de 80: de rádio pirata a rádio livre

Nos idos dos anos 80 na Europa, mais especificamente na Grã-Bretanha, estudantes insatisfeitos com a legislação daquele país instalaram uma rádio num barco, muito além das 12 milhas marítimas e assim fora dos controles do país. Com uma programação alternativa a rádio Caroline serviu como experiência para enfrentar a legislação. Ao fincar uma bandeira de pirata no mastro do barco criaram a expressão "rádio pirata" que logo espalhou-se pelo mundo.

No Brasil, em 85 a rádio Xilique do centro acadêmico de Ciências Sociais da PUC ficou famosa pela repercussão que teve na mídia. Era mais falada do que ouvida. Naquele momento o movimento optava por todas as rádios terem a mesma freqüência no dial, Fm 105,7, pois assim era mais fácil de localizar as rádios piratas. Outra característica, era de confrontar o horário do Brasil. "Às 19hs não desligue seu rádio mude para 105,7" propagandeávamos. O Dentel na época entrou na PUC e levou os equipamentos da rádio, mas não localizou o transmissor que estava dentro de enorme caldeirão, o principal equipamento. Com isso depois de alguns dias as transmissões foram retomadas. Isso só tornou mais fortes os movimentos e começou a pipocar rádios piratas por todos os lados e em várias cidades do país. A rádio Vírus , da qual eu fui um dos fundadores e ajudei a cotizar para comprarmos os equipamentos, transmissor e a torre, era itinerante, tanto nas transmissões quanto no comando, por causa da repressão. Com o tempo acabou se fixando no bairro do Ipiranga e ficou conhecida como a rádio Vírus do Ipiranga. Depois vieram a da Vila Ré, a da Zona Leste, fundada e coordenada pelo Leo Thomas e a rádio Livre Reversão. O movimento havia crescido com a participação da Une, Cut, Sindicato dos Radialistas, Sindicato dos Jornalistas e alguns professores da ECA, como José Carlos Rocha. A expressão pirata foi substituída por livre, pois "piratas são eles"afirmávamos. Queríamos a reforma agrária do ar e assim fundamos, entidades e rádios livres, o MNRL (Movimento Nacional das Rádios Livres).
Anos 90, ser Comunitária era a ordem

Em 1991 criamos o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) movimento social com base em vários estados. Na cidade de São Paulo a sede era no Sindicato dos Radialistas que tinha à frente do fórum o professor José Carlos Rocha. Se de um, lado a expansão das tvs a cabo e MMds estavam na ordem do dia por outro lado explodiam rádios livres por todos os cantos do país. "A cada rádio que for fechada, abriremos mais cem" dizíamos. O FNDC já havia organizado 2 congressos nacionais (o segundo foi em Salvador) e discutíamos a legislação das novas tecnologias, o movimento das rádios livres(que também já havia feito 2 encontros nacionais) e a questão dos oligopólios e monopólios dos empresários de comunicação, concentrando mais de 90% da informação do país nas mãos de 9 famílias. O fazer do dia a dia de uma rádio nos mostrou que todos queriam participar, todos os segmentos da comunidade, as vertentes políticas,religiosas,musicais,...Assim a expressão livre vai perdendo força e um novo conceito, muito mais democrático ganha espaço:as rádios comunitárias. Rádio Livre passa então a ser denominação de quem quer fazer uma rádio sem a participação coletiva, com a uma livre expressão. Três pré-requisitos formam o princípio da rádio comunitária: não ter dono e nem patrão, não visar o lucro e interagir com a comunidade, sendo sua representação maior.

Neste momento inicia-se uma guerra jurídica com a primeira a liminar concedida a uma rádio comunitária, com o argumento que a livre expressão está garantida na constituição. Este caminho torna-se o mais importante para parte do movimento, pois a repressão do governo FHC,que age alinhado com os donos das rádios ditas oficiais, é brutal com casos da polícia federal agredir quem estava no ar e quebrar toda a rádio. Os empresários de comunicação temendo a expansão das rádios comunitárias e querendo represar o movimento colocam no ar, uma campanha publicitária e ideológica, dizendo que as rádios interferem na comunicação aérea, sendo assim um perigo para a sociedade. A parte do movimento mais a esquerda que acredita que a luta, o confrontamento é mais importante que a via jurídica funda a ABRAÇO (Associação Brasileira das Rádios Comunitárias) do outro concentram aos setores mais conservadores contando com uma parcela considerada de evangélicos e que agora estão organizados FDC (Fórum Democracia na Comunicação). Ambos com políticas distintas,mas parte importante na luta pela democratização da comunicação.

A Lei e as Rádios Comunitárias hoje

A Lei 9.612 que regulamenta as rádios comunitárias foi uma conquista do movimento de democratização dos meios de comunicação.Com isso, porém, houve um refluxo no movimento que ficou muito tempo imobilizado discutindo a lei e posteriormente houve um sentimento de frustração, pois a lei tem muitos problemas e não contempla a todos. Após aviso de habilitação de 3/06, publicado em dezembro de 2006, para a cidade de São Paulo. Mais de 150 rádios se escreveram e participaram da concorrência para conseguir a concessão. Mas apenas 25 foram contempladas e hoje somente a rádio Heliopólis conseguiu a concessão e está regulamentada e funcionando estritamente dentro da lei. As outras 24 que cumpriram todas as exigências, estão esperando por uma "canetada" do ministro das Comunicações, que ao eu ver só sairá com muita pressão, pois caso contrário se tornarão moeda de troca para as eleições de 2010. Mas mesmo quem está esperando a concessão, ou ainda, quem já a obteve existem reclamações. A começar pela freqüência 87,5 que fica no extremo do dial e muitos aparelhos não sintonizam. Porém, a maior insatisfação se dá nas rádios que não se habilitaram na concorrência (125) e que estão fora do processo e por tanto serão alvos da repressão que se tornará maior ainda.

Os próximos passos estão em discussão, bem como, de que modo o movimento se portará daqui em diante e também como avançaremos não só para fortalecer as rádios comunitárias, mas também iniciarmos o processo de instalarmos as tvs comunitárias, segmento fundamental na luta pela democratização da comunicação estavam sendo apontados no blog do Marco Ribeiro que não está mais na net.







Marco Ribeiro é Radialista e Jornalista. Foi diretor do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo e candidato a vereador pelo PSOL na cidade de São Paulo.




Abaixo algumas referências que podem contribuir para estar mais sobre por dentro do assunto;

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