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terça-feira, 29 de julho de 2008

A corrupção no capitalismo


Lendo a matéria da Agência de Notícias Brasil de Fato, na qual disponibilizei um link, após o post "A Era FHC", observei que a opinião do socíólogo Francisco de Oliveira, citado na matéria, tem um fundo de razão. Segundo ele, a corrupção política faz parte da estrutura do capitalismo moderno. Principalmente dos países periféricos. Não que a corrupção seja exclusiva do capitalismo, mas é um coadjuvante importante para a sustentação deste. Com certeza, para que o capitalismo possa se desenvolver plenamente, precisa mais do que a competição no "livre mercado". Segundo Oliveira, não é possível classificar essa corrupção como "acidente de percurso" porque ela faz parte da estrutura montada para o desenvolvimento do capitalismo. Leia abaixo o trecho em que há estas afirmações e faça sua reflexão;



"...Estado “atuante”
O sociólogo Francisco de Oliveira acredita que a operação da PF e os seus desdobramentos revelam que a “utopia neoliberal do Estado mínimo” está longe de ser alcançada, já que o poder público tem um papel central na execução de operações irregulares. “O Estado tem um papel importante no capitalismo desde [
Getúlio] Vargas e ,com as privatizações, acabaram com toda discussão do discernimento entre público e privado. A partir de então, virou um 'melê' total. A gestão FHC abriu as portas para o capitalismo pirata. Na gestão Lula, houve uma manutenção, mas pode haver um recrudescimento, se forem realizadas novas privatizações”, considera.


Para ele, o grupo de Dantas não pode sequer ser denominado “máfia”, já que suas operações estão inseridas dentro da lógica que forjou o Estado brasileiro. “A corrupção é uma doença genética do capitalismo brasileiro. É uma composição do capitalismo formador da sociedade. Isso não é uma máfia, pois não é um acidente de percurso, nem uma 'escroqueria' tipicamente brasileira, a existência disso é estrutural no capitalismo periférico”, avalia o sociólogo. ..."


Alguns links interessantes a respeito para reflexão;

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Era FHC


Dei uma pesquisada no Google e do que achei assuntos com esse título, não está escrito no gibi. Não sei se é tamanha constatação que foi um desastre para ao pais a administração do PSDB ou se existe um complô quanto ao ilustre letrado, poliglota ex-presidente do Brasil e simpático das elites de nosso país e do capital externo.


Os assuntos são os mais variados. Desde aos ataques a legislação trabalhista (Reforma Trabalhista), que o mesmo não conseguiu fazer vingar, às dezenas de casos de corrupção, que se transformaram em escândalos. Agora imaginem esta situação; escândalos em nossa mídia corporativa, que tem simpatia pelo PSDB, naquela época, só poderia ser algo bem gritante, né?!


O caso da Operação Satiagraha da Polícia Federal, é mais um exemplo emblemático, que começou lá atráz, na "era FHC" e que só agora vem aparecer o rabinho do elefante. Do comprometimento de pessoas, muito próximas às lideranças do PSDB, até à algumas de dentro do PT. O que sabemos é que os tentáculos foram se introjetando na máquina pública e no seio político de nosso país por conveniência dos que se envolveram na ladroagem das privatizações da era FHC e que culmina nesta operação da Polícia Federal.


Hoje, como históricamente vem ocorrendo, observamos tamanho nível de corrupção em nosso país, que certamente não existiria se tivéssemos um governo, na época, mais comprometido com os interesses nacionais do que com as idéias neoliberais e conservadoras que visam um estado mínimo. Onde o mercado deve ter influência nociva sobre os rumos da coisa pública. Essa visão ainda é nutrida dentro do PSDB e seletivamente acondicionada para o momento propício de ser implementada quando obtiverem o poder.


Acompanhem um pouco mais sobre os assuntos que permearam a "Era FHC" logo abaixo através dos links. Um período desastroso que nosso país teve a inconveniência de viver.



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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Incoerências na luta norte americana "contra o terrorismo"


Sob a acusação de terrorismo, os Estados Unidos mantêm presos, desde 1998, cinco cidadãos cubanos, a quem são negados os mais elementares direitos, e contra quem o governo americano armou toda sorte de ardis para condená-los.

De fundo, creio, que a maioria desconfia dessa luta "contra o terrorismo" do governo norte americano. É certo que o atentado conhecido como "11 de Setembro" em Nova York foi o estopim das ações que começaram no Afeganistão e chegou ao Iraque. Mas muito antes disso, nos Estados Unidos, já existia uma ação do governo cubano, que monitora a Máfia Cubana que têm suas bases na Flórida, um dos Estados daquele país. Para quem não sabe, depois da revolução socialista em Cuba, diversos criminosos cubanos, entre outras pessoas que perderam seus privilégios, fugiram para os Estados Unidos. Alguns foram expulsos e acabaram se juntando a eles na Flórida. De lá, durante a Guerra Fria, eles arquitetavam e colocavam em operação, juntamente com o governo americano, diversas ações terroristas com o intúito de derrubar o governo socialista. Com esses terroristas cubanos era a "deixa" para justificar o envolvimento do governo americano para continuar seu empenho na luta contra Fidel Castro.

Essas operações terroristas não pararam. Devido a isso, o governo cubano monitora regularmente as ações da máfia cubana, em Miami, através de seus agentes secretos. Numa dessas ações de monitoramente, cinco agentes acabaram sendo descobertos e presos. Desde então, diversas situações de ilegalidade, por parte da Justiça americana, naquele Estado, tem sido perpetrado com o intúito de atingir o governo socialista de Cuba.

O governo cubano, como diversas organizações internacionais, consideram os agentes Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, Ramón Labañino, Fernando González, e René González como presos políticos. Seus advogados de defesa, fizeram diversas tentativas de mudar o local de julgamento, pois a sociedade da Flórida tem forte influência da máfia cubana e da comunidade anti-castrista.

Acompanhe mais a situação através dos links abaixo;

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Cronologia

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Injustiça em Miami (em espanhol)

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Liberdade para os cinco heróis cubanos

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Cubanos presos são impedidos de receber visitas

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Prisioineiros do Império

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quarta-feira, 23 de julho de 2008

A moral burguesa




Enquanto algumas autoridades e/ou personalidades fazem o discurso moralista, geralmente sobre ética, nossa elite reacionária não só faz o mesmo, mas acrescenta em seu comportamento, o ato de julgar aquilo que, convencionou-se, entre eles, do que é 
certo e/ou errado, no que tange ao comportamento humano. Para deixar mais claro vou dar um exemplo de como em situações extremas é possível perceber, mais nitidamente, esse comportamento da moral burguesa em nós.

Já presenciou alguém tendo náuseas, "passando mal" (no jargão popular) e em seguida vomitar? Isso é um comportamento natural, de quem está passando mal. Quanto menor a idade, mais natural vai ser o comportamento de quem estiver passando essa situação exemplificada. Quanto maior a idade da pessoa, mais influência cultural ocorre nas pessoas a ponto de "desviar" a maneira natural de "manifestar" esse impulso.

No caso do "vômito" geralmente a pessoa escolhe um canto ou um local onde possa fazer isso (vomitar) sem trazer tanto incômodo aos outros. Mas nunca veremos uma pessoa puxar a gola de sua camisa, blusa ou camiseta e vomitar dentro dela. Mas, com certeza, já deve ter ouvido falar de histórias cômicas, de adultos que tiveram desarranjos intestinais em lugares públicos e que não 
conseguiram chegar em tempo, para utilizar o sanitário. Com isso acabaram por defecarem em suas roupas. Imaginem, por que será que eles não tiveram a mesma reação de quem tem um mal súbito de náusea/vômito e procurasse um canto qualquer, para excretar o bolo fecal que, violentamente, era empurrado pra fora do reto(gostou dos termos?)?! A resposta é simples; para não deixar a mostra a genitália ou outra parte do corpo que possa gerar pudor. Pois é. Se refletirmos mais; tanto a resposta pra esta questão, como para os termos que utilizamos, para descrever este episódio, nada mais são do que comportamentos conscientes e, muitas das vezes, inconscientes da moral burguesa que há em nós. Uma estupidez sem tamanho. Ainda mais se a reproduzirmos conscientemente.

moral, filosoficamente, é um comportamento que se atribui valores a algo que envolva o universo humano. Você jamais verá alguém condenando moralmente um animal por defecar na rua. É seu comportamento natural. Pode até condenar a situação pela sujeira. Mas não pela moral. Já um ser humano, se fizer isso será condenado pelas duas situações.

moral burguesa esteve mais presente, consolidada no século XIX, onde a sociedade inglesa, que era o império da época, ditava comportamentos que fugiam da naturalidade. “A nova mulher e a moral sexual” de Alexandra Kollontai é um exemplo emblemático de como a sociedade burguesa engessavam os relacionamentos humanos daquela época.

Quanto mais livres desse comportamento estivermos, melhor será nossa condição de homens livres e sintonizados com a naturalidade de um comportamento, que não visa imputar valores superficiais nas atitudes humanas. Nietzsche afirmava que "ao propor como valores a humildade, a utilidade ou a benevolência, na contra mão desse comportamento, a moral burguesa, é própria para espíritos débeis e apagados. Não era própria para homens livres e senhores de si".




Leia mais;




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A nova mulher e a velha moral burguesa
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CRÍTICA DA MORAL COMO POLÍTICA EM NIETZSCHE
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Os valores morais da elite e do povo
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A moral burguesa (vídeo)
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terça-feira, 22 de julho de 2008

Capitalismo de desastre


Já tivemos a oportunidade de abordar o tema do livro de Naomi Klein aqui no PIMENTUS. Naomi escreve um novo artigo, de onde revela o estado que se configura, com as "doutrinas de choque", reveladas em seu livro "A Doutrina do Choque" quando o lançou.

Acompanhe abaixo o artigo abaixo, que é de Naomi, e se surpreenda com os rumos que o planeta vem tomando com governos (lê-se norte americanos) cada vez mais interessados em garantir suas políticas de dominação sobre recursos naturais de outros países.


Capitalismo de desastre: estado de extorsão

Invadir países para apoderar-se de seus recursos naturais é ilegal, segundo a Convenção de Genebra. Isto significa que a gigantesca tarefa de reconstruir a infra-estrutura do Iraque é responsabilidade financeira dos invasores. Em vez disso, o Iraque está obrigado a vender 75% de seu patrimônio nacional para pagar as contas de sua própria invasão e ocupação ilegais. Os capitalistas do desastre têm estado ocupados. A análise é da Naomi Klein.


Naomi Klein
Desde que o barril de petróleo ultrapassou os 140 dólares, até os interlocutores de direita mais furibundos são forçados a demonstrar seu credo populista dedicando uma parte de seus programas a massacrar as companhias petrolíferas. Alguns foram tão longe a ponto de convidar-me para uma conversa amigável sobre um insidioso novo fenômeno: “o capitalismo do desastre”. A coisa marcha bem... até que começa a se torcer.


Por exemplo, o interlocutor “conservador independente” Jerry Doyle e eu mantínhamos uma conversa perfeitamente amigável sobre as turvas companhias seguradoras e a inépcia dos políticos, quando ocorreu o seguinte: “Acho que há um sistema para baratear rapidamente os preços”, anunciou Doyle. “Investimos 650 bilhões de dólares para libertar uma nação de 25 milhões de pessoas. Será que já não é hora de reclamarmos um pouco de petróleo em troca? Deveria haver uma fila de caminhões-tanque, um atrás do outro, formando um congestionamento em direção ao Túnel Lincoln, o malcheiroso Túnel Lincoln, bem na hora do rush, cada um deles com um bilhete de agradecimento do governo iraquiano... Por que não vamos e simplesmente pegamos o petróleo? Nós o ganhamos libertando um país. Posso resolver o problema do preço do petróleo em dez dias em vez de em dez anos.”


O plano de Doyle tinha alguns problemas, é claro. O primeiro é que estava descrevendo o maior latrocínio da história mundial. O segundo é que chegava tarde demais: “nós” já estamos roubando o petróleo do Iraque, ou pelo menos estamos na iminência de fazê-lo.


Já se passaram dez meses da publicação do meu livro, Doutrina do Choque: a ascensão do capitalismo de desastre, no qual argumento que o método preferido para reformar o mundo de acordo com os interesses das corporações multinacionais é, atualmente, o de explorar sistematicamente o estado de medo e desorientação que acompanha a população em momentos de choque e crise. Agora que o mundo está sendo sacudido por múltiplos choques, parece um bom momento para ver como está sendo aplicada essa estratégia.


Os capitalistas do desastre têm estado ocupados: dos bombeiros privados que atuaram nos incêndios do norte da Califórnia, passando pelos grileiros após o ciclone Burma, à nova lei sobre moradia abrindo caminho no Congresso. A lei diz pouco no que se refere às moradias acessíveis, desloca o peso do pagamento das hipotecas para os contribuintes e garante que os bancos que fizeram maus empréstimos recebam alguma coisa por eles. Não é de admirar que nos corredores do Congresso seja conhecida como “plano Credit Suisse”, em homenagem a um dos bancos que, generosamente, propôs essa lei.


O desastre do Iraque: “se quebrar, paga”

Mas estes casos de capitalismo do desastre são bastante amadores se comparados ao que está sendo feito no Ministério do Petróleo iraquiano. Começou com a adjudicação de contratos fora de leilão à ExxonMobil, Chevron, Shell, BP e Total (ainda não foram assinados, mas já estão valendo). Pagar às multinacionais pela sua bagagem técnica não é algo raro. O que é estranho é que tais contratos quase invariavelmente sejam destinados às empresas petrolíferas de serviço e não às grandes empresas petrolíferas cujo trabalho é a exploração e destes recursos combustíveis e liberadores de dióxido de carbono.


Como aponta o especialista em petróleo londrino Greg Muttitt, os contratos só têm sentido no contexto das informações de que as grandes companhias petrolíferas insistiram no direito de poder recusar contratos subseqüentes outorgados para gerenciar e produzir nos campos de petróleo iraquianos. Em outras palavras, embora outras companhias poderão fazer lances pelos contratos futuros, aquelas sempre vão vencer.


Uma semana depois que os acordos de serviços fora de leilão foram anunciados, o mundo pôde ver o preço real do petróleo. Depois de anos pressionando o Iraque pelas costas da opinião pública, o país repentinamente abriu aos investidores seis de seus maiores campos petrolíferos, que reúnem em conjunto quase metade de suas reservas. De acordo com o ministro do Petróleo iraquiano, contratos a longo prazo começarão a ser assinados durante este ano. Apesar de que ostensivamente estarão sob controle da Companhia Nacional de Petróleo Iraquiana (CNPI), as empresas estrangeiras manterão 75% do valor dos contratos, deixando os 25% restantes para seus sócios iraquianos.


Este tipo de porcentagem não tem precedentes nos estados árabes e persas ricos em petróleo, nos quais o controle majoritariamente nacional do petróleo foi uma vitória decisiva nas lutas anticolonialistas. Segundo Muttitt, a suposição até agora era que as multinacionais estrangeiras trariam desenvolvimento aos novos campos petrolíferos do Iraque, e não que tomariam para si aqueles cuja produção já está em marcha e, conseqüentemente, requerem um suporte técnico mínimo. “A política era a de destinar esses campos em sua totalidade à Companhia Nacional de Petróleo Iraquiana”, explicou-me. Esta mudança supõe uma inversão daquela política, uma vez que dá à CNPI apenas 25%, em vez dos 100% planejados.


Assim, o que faz com que contratos péssimos como esses sejam possíveis no Iraque, um país que tanto sofreu? Ironicamente, o sofrimento do Iraque —sua crise sem fim— é a base para um acordo que ameaça drenar de seu tesouro nacional sua principal fonte de recursos. A lógica é como segue: a indústria petrolífera do Iraque precisa de especialistas estrangeiros porque os anos de sanções punitivas privaram-na de nova tecnologia e a invasão, assim como a violência que a seguiu, degradaram-na ainda mais. E o Iraque precisa com urgência produzir mais petróleo. Por que? Por causa da guerra, mais uma vez. O país está em ruínas e os milhares de milhões repartidos em contratos fora de leilão entre as companhias ocidentais não conseguiram reconstruir o país. Aí é onde entram os novos contratos fora de leilão: por essa via conseguirão arrecadar mais dinheiro, mas o Iraque tornou-se um lugar tão traiçoeiro que as grande companhias petrolíferas precisam ser induzidas a assumir o risco de investir. Assim, a invasão do Iraque cria, limpamente, o argumento para o seu saque subseqüente.


Muitos dos arquitetos da guerra do Iraque nem sequer se preocupam mais em negar que o petróleo foi o motivo principal da invasão. No programa To the Point, da National Public Radio (Radio Nacional Pública), Fadhil Chalabi, um dos principais conselheiros iraquianos da administração Bush antes da invasão, descreveu recentemente a guerra como um “movimento estratégico dos EUA e do Reino Unido para ter uma presença militar no Golfo com a qual possam garantir, no futuro, as reservas (de petróleo).” Chalabi, que exerceu como vice-ministro do Petróleo e reuniu-se com as companhias petrolíferas antes da invasão, descreveu este movimento como “um objetivo fundamental.”


Invadir países para apoderar-se de seus recursos naturais é ilegal, segundo a Convenção de Genebra. Isto significa que a gigantesca tarefa de reconstruir a infra-estrutura do Iraque —incluindo sua infra-estrutura petrolífera— é responsabilidade financeira dos invasores. São eles que deveriam ser forçados a pagar pelos consertos. (É preciso lembrar que o regime de Saddam Hussein pagou 9 bilhões de dólares ao Kuwait como reparações pela invasão do país em 1990.) Em vez disso, o Iraque está obrigado a vender 75% de seu patrimônio nacional para pagar as contas de sua própria invasão e ocupação ilegais.


O choque do preço do petróleo: ou vocês nos dão o Ártico ou nunca voltarão a dirigir.

O Iraque não é o único país envolvido em um assalto petrolífero. A administração Bush está atarefada no trabalho de usar uma crise relacionada —a do aumento do preço do combustível— para reavivar seu velho sonho de perfurar o Refúgio Natural Ártico (Arit. National Wildlife Refuge, ANWR em suas iniciais em inglês). E de perfurar a costa. E também de explorar as reservas de petróleo de esquisto bituminoso da bacia de Green River. “O Congresso tem que enfrentar a dura realidade”, disse George W. Bush em 18 de junho. “A menos que os membros do Congresso estejam dispostos a aceitar os dolorosos preços atuais do combustível, ou talvez ainda mais altos, nossa nação precisa produzir mais petróleo.”


Fala o Presidente como Extorquidor-em-Chefe, apontando a cabeça de seu refém (nada menos que o país inteiro) com a bomba de gasolina: ou vocês me dão a ANWR ou todo o mundo terá que passar suas férias no pátio traseiro de casa. O último roubo do presidente-cowboy.


Apesar dos adesivos de “Perfure aqui e agora e pague menos”, perfurar na ANWR teria um impacto apenas perceptível nas atuais reservas petrolíferas mundiais, como seus defensores bem sabem. O argumento de que poderia provocar uma redução dos preços do petróleo não está baseado na economia pura e dura, mas na psicanálise de mercado: perfurar “enviaria uma mensagem” aos empresários do petróleo de que ainda resta mais petróleo, e isto faria com que os preços começassem a cair.


Seguem dois pontos deste raciocínio. O primeiro é a tentativa de mentalizar os hiperativos empresários sobre o que ocorre realmente no governo da era Bush, inclusive no meio de uma emergência nacional. O segundo, é que nunca vai funcionar. Se há alguma coisa que podemos predizer do recente comportamento do mercado petrolífero é que o preço vai continuar subindo, não importa quantas novas reservas forem anunciadas.


Tomem, por exemplo, o enorme boom que está ocorrendo com as famosas reservas de petróleo de esquisto bituminoso de Alberta. Com essas reservas de petróleo bituminoso, conhecidas também como “areias petrolíferas”, ocorre a mesma coisa que com as outras áreas propostas por Bush para perfuração: são próximas e seguras, pois o Tratado para o Livre Comércio na América do Norte (NAFTA) contém uma cláusula que impede o Canadá de cortar o fornecimento para os Estados Unidos. Sem fazer muito barulho, o petróleo destas fontes em grande medida sem explorar tem estado fluindo para o mercado em tal quantidade que agora o Canadá é o maior provedor de petróleo dos Estados Unidos, acima da Arábia Saudita. Entre 2005 e 2007, o Canadá aumentou suas exportações para os Estados Unidos em quase 100 milhões de barris. Apesar do significativo crescimento destas reservas seguras, os preços do petróleo aumentaram durante todo este tempo.


O que se esconde por trás da campanha de perfuração da ANWR não é, de fato, senão pura estratégia do choque: a crise do petróleo criou as condições que tornam possível vender uma política antes invendável, mas, evidentemente, altamente lucrativa.


O choque do preço dos alimentos: ou modificação genética ou fomeEstreitamente ligada ao preço do petróleo encontramos a crise alimentar global. Não são apenas os altos preços do petróleo que fazem subir os preços dos alimentos, senão que o boom dos biocombustíveis tornou difusa a fronteira entre comida e combustível, expulsou os agricultores de suas terras e alentou uma especulação desatada. Muitos países latino-americanos têm insistindo em que seja reexaminada a importância dos biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis e em que os alimentos sejam reconhecidos como um direito humano e não como uma mercadoria.


O subsecretário de Estado dos Estados Unidos, John Negroponte, tem, contudo, outras idéias a esse respeito. No mesmo discurso em que tentava vender o compromisso dos EUA para uma ajuda alimentar de emergência pediu aos países que baixassem suas “restrições à exportação e suas altas tarifas” e que eliminassem “as barreiras para o uso das inovações tecnológicas na produção animal e vegetal, incluindo a biotecnologia.” É preciso reconhecer que esta ameaça era mais sutil que as anteriores, mas a mensagem era clara: os países pobres fariam bem em abrir seus mercados agrícolas aos produtos norte-americanos e às suas sementes geneticamente modificadas. Caso contrário, arriscam-se a perder sua ajuda.


Os cultivos geneticamente modificados apareceram de repente como a panacéia para a crise alimentar, pelo menos segundo o Banco Mundial, o presidente da Comissão Européia —“coragem e vamos ao touro”, disse— e o Primeiro Ministro britânico, Gordon Brown. E, é claro, segundo as empresas do agrobusiness. “Não é possível alimentar o mundo, hoje, sem organismos geneticamente modificados”, declarou recentemente Peter Brabec, presidente da Nestlé, ao Financial Times. O problema com este argumento, pelo menos por enquanto, é que não há provas de que os organismos geneticamente modificados vão aumentar a produção dos cultivos, pelo contrário, parece que a diminuem.


Mas se houvesse uma varinha mágica com a qual resolver a crise alimentar global, iríamos querer que estivesse em mãos das Nestlés e Monsantos? Qual seria o preço a pagar para que a usassem? Nos últimos meses, Monsanto, Syngenta e BASF estiveram comprando freneticamente patentes das chamadas sementes “todo-terreno”, um tipo de plantas que podem crescer inclusive na terra castigada pela seca ou salgada pelas inundações.


Em outras palavras: plantas modificadas para sobreviver a um futuro de caos climático. Já sabemos até que ponto está disposta a chegar a Monsanto na hora de proteger sua propriedade intelectual, espionando e processando os granjeiros que ousem guardar suas sementes de um ano para o outro. Temos visto como os medicamentos patenteados contra o HIV impedem salvar milhões de pessoas na África subsaariana. Por que os cultivos “todo-terreno” patenteados seriam diferentes?


Enquanto isso, entre tanta charlatanice excitante sobre novas tecnologias perfuradoras e genéticas, a administração Bush anunciou uma moratória de até dois anos nos projetos federais de pesquisa em energia solar, devido a, aparentemente, preocupações com o meio ambiente. Estamos chegando perto da fronteira final do capitalismo de desastre. Nossos dirigentes não investem em tecnologias que nos previnam de maneira efetiva de um futuro climaticamente caótico e, em vez disso, decidem trabalhar ombro com ombro justamente com aqueles que maquinam planos cada vez mais endiabrados para aproveitar-se das desgraças alheias.


A privatização do petróleo iraquiano, a garantia de um domínio global para plantações modificadas geneticamente, a redução das últimas barreiras comerciais e a abertura das últimas reservas naturais... não faz muito tempo que estes objetivos eram conseguidos um atrás do outro por meio de cordiais acordos comerciais apresentados com o pseudônimo de “globalização”. Agora, essa agenda completamente desacreditada está obrigada a cavalgar sobre as costas de crises cíclicas, vendendo a si mesma como a medicina que curará, de uma vez por todas, a dor do mundo.*


Naomi Klein é autora de numerosos livros, sendo o mais recente The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism.


Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores
Sobre o livro de Naomi Klein (onde comprar);

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Publicação Alternativa


A Revista Forum nasceu de um sonho. Um sonho compartilhado por mais de uma pessoa. É uma revista alternativa, que produz matérias jornalístricas com o intuito de informar. Garantir ao leitor o direito de saber notícias que não as vemos nos grandes meios de comunicação. No PIMENTUS procurei disponibilizar alguns links de publicações que garantisse isso.

Como a Le Monde Diplomatique Brasil, a Forum já tem o reconhecimento dos trabalhadores, através da classe sindical. Que se une para comprarem assinaturas coletivas. De forma independente, seus colaboradores garantem assim que a publicação continue fazendo seu papel; apresentar aos leitores não só um jornalismo profissional, mas que, como o Forum Social Mundial, está em busca de um outro mundo. Um mundo onde o ser humano não seja considerado coisa e seus sonhos, desejos e necessidades não sejam unicamente mercantilizados.


A Revista, como as demais publicações, seguem uma tendência mundial ao disponibilizarem um blog, no caso do próprio editor da Revista Renato Rovai. Que fiquei sabendo esta semana, que vou ter o prazer de conhecê-lo pessoalmente. Já que estará vindo para Araçatuba.


Também disponibilzo um link para assinaturas aqui no PIMENTUS. A revista se apresenta alternativa até em sua impressão, já que usa papel reciclável. Uma novidade no mercado editorial, apesar de já estar há alguns anos sendo oferecida, dessa forma, nas bancas.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Alimentos, petróleo e inflação´; onde está a verdade.

Com tantas informações alarmantes sobre a volta da inflação, com o aumento de custos da produção, com a alta do petróleo e de alimentos, acabamos não compreendendo, corretamente, o que de fato vem ocorrendo. Lendo o site da revista Carta Capital, encontrei uma matéria em que, resumidamente, nos explica o que está acontecendo em partes, já que nossa grande mídia corporativa tem muito mais interesse em desinformar, ainda mais nesse período de eleições, do que realmente informar. Para estar vacinado contra os argumentos falaciosos de diversos colunistas de plantão, leiam o texto abaixo e fique por dentro. Nos links posteriores outras opiniões que contribuirão para uma salutar reflexão.



A inflação é a mesma


Estamos diante de uma inflação planetária, gerada principalmente por um desequilíbrio físico entre a oferta e a procura em três setores: alimentos, energia e metais. O aumento da demanda foi produzido por uma aceleração do crescimento econômico e suas conseqüências estruturais nos países emergentes. Um exemplo paradigmático disso é o da China e da Índia, que têm crescido a taxas médias anuais de 10% e 7%, respectivamente, nos últimos cinco anos (o Brasil, apenas 3,8%).


Até meados de 2006, essa rápida expansão mundial foi atendida pelo crescimento da capacidade produtiva (ou pelo excesso de capacidade existente), de forma que a inflação esteve bem comportada. A tabela abaixo revela a taxa de inflação mundial (a inflação de cada país ponderada pelo PIB) nos últimos cinco anos.


As pressões inflacionárias em todos os países vêm do aumento do custo da alimentação e do preço do petróleo, que cresceram no último ano, em dólares, 60% e 102%, respectivamente. A internalização dos aumentos dos preços internacionais na taxa de inflação de cada país depende: 1. Da sua importância (peso) no índice de custo de vida. 2. Da liberdade do comércio. 3. Da valorização da taxa cambial. 4. Da eventual existência de pressões internas autônomas de demanda.


A situação é grave porque se trata de uma mudança de preços relativos das commodities, cuja importância é fundamental e tem influência ubíqua no custo de vida e no custo da produção de todos os países, com ou sem excesso de demanda. A inelasticidade da oferta de petróleo a curto prazo, por exemplo, pode ser apreciada no gráfico Capacidade Global de Refino, que registra a capacidade mundial e a demanda nos últimos 30 anos. É clara a diferença entre a crise de 1979-1980, quando o cartel controlava a oferta, mas tinha capacidade de aumentá-la, com a de 2007-2008, quando a demanda se expandiu e acabou a capacidade ociosa. Como a oferta de tais commodities é inelástica a curto prazo, a eliminação da pressão inflacionária exige um corte da demanda. Isso implica internalizar os preços, mas não corrigir os salários, o que a experiência mostrou ser politicamente muito difícil.


A experiência mundial da primeira metade dos anos 70, quando tivemos o mesmo fenômeno (aumento dramático do preço do petróleo e dos produtos agrícolas) e na segunda metade (novo aumento do petróleo), mostra claramente as dificuldades de manobrar a política monetária para reduzir os seus efeitos, se ela não receber um forte suporte fiscal. Os preços externos estão fora do alcance de tais manobras e a cooperação entre os países é ilusória. Quando ocorre uma crise, cada um trata de se defender como pode. Viola-se a regra básica da convivência internacional: a confiança de cada um sobre a liberdade de comércio dos outros. Isso reduz dramaticamente os resultados da especialização produzida pelas vantagens comparativas. O efeito mais grave no longo prazo é que cada país volta a procurar as três condições para sua sobrevivência: as autonomias alimentar, energética e militar.


Esse é o mundo povoado por riscos e futuro incerto. Em que as nações cuidam dos seus interesses e têm confiança limitada nas outras e onde os preços certos são ignorados, como no caso do etanol de milho nos EUA (porque o objetivo não é o máximo de bem-estar no curto prazo, mas o máximo de autonomia e segurança no longo), que os economistas, se quiserem ser úteis, têm de incorporar aos seus modelos.


Outras opiniões;

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Cinqüenta transnacionais controlam preço dos alimentos
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O princípio de uma crise devastadora
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Terrorismo inflacionário
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A inflação e o veneno dos juros
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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Carta dos Movimentos Socias gaúchos-junho de 2008

Para ver melhor este vídeo, desligue antes a estação musical, a esquerda da página.

No vídeo vc verá as denúncias de irregularidades e injustiças que vem ocorrendo no Estado do Rio Grande do Sul, onde a Polícia Militar do Estado, ao comando da Governadora do PSDB Yeda Crucius, vem atacando os diversos movimentos sociais, com a intenção de desviar o foco das denúncias contra integrantes de seu governo envolvidos em casos de corrupção.


terça-feira, 15 de julho de 2008

Um ano de jornalismo sério e de qualidade


Na contramão de uma tendência internacional, de diminuição de exemplares impressos por causa da internet, Le Monde Diplomatique Brasil chegou ao Brasil devagarsinho, sem publicidade e com muita pouca visibilidade. Inclusive nas bancas, pois seu formato de impressão impede muitas vezes que a revista esteja "em pé" na gôndola do jornaleiro ou de revistarias. Quantas vezes não a encontrei dobrada atrás de outras revistas?! De boca em boca a publicação foi conquistando seu espaço num "mar de publicações reacionárias", que geralmente estão muito pouco preocupados em discutir, com profundidade, os problemas e as soluções que nosso país precisa.

Tudo que é bom devemos comemorar, faz exatamente 1 ano que a publicação é impressa no Brasil e 11 meses que venho adquirindo os exemplares do "jornal", como eles gostam de se referir a publicação da LMD Brasil (não tenho a primeira edição). A ilustração deste post é do primeiro exemplar. A de 1 ano ainda não disponibilizaram na internet.


O convite já foi feito mais de uma vez para que adquiram a revista. Ou nas bancas ou através de assinatura anual , que deve estar por volta de 100 reais. A publicação além de abordar assuntos internacionais ( há também um caderno especial sobre América Latina) aborda discussões sobre o meio ambiente, desenvolvimento e políticas públicas. É uma publicação basicamente de opinião. Voltado para quem quer se aprofundar em assuntos que muitas vezes são tratados com muita superficialidade pela grande mída. Enfim, uma leitura de qualidade.


Veja abaixo o que já escrevemos sobre o Le Monde Diplomatique Brasil;

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Le Monde Diplomatique no Brasil

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Le Monde Diplomatique nas Bancas

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Aumento do número de brasileiros na Legião Estrangeira

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Mais;

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IMPRENSA E UTOPIA
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sábado, 12 de julho de 2008

É ele; Fausto Martin De Sanctis


Não vou descrever aqui a biografia de De Sanctis, mas apenas citá-lo como uma referência ética no compromisso em cumprir sua função de magistrado nesta Operação Santiagraha, frente as diversas lacunas que existe na Lei. Que faz com que diversos juízes não a façam cumprir. Muitas vezes por conveniência. Quando não, descaradamente para beneficiar a parte que de algum modo lhe é conveniente.

O Brasil vive, talvez, sua mais emblemática crise institucional atual. Não que as outras não tivessem importância para entendermos como nossa sociedade é complexa e dominada culturalmente, economicamente e politicamente por uma elite atrasada que reluta em se atualizar perante as tranformações que o mundo impõe as democracias vulneráveis da América Latina.

O presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Gilmar Mendes, é a configuração material do resquício de um período de subverniência de uma política voltada para o beneficiamento de uma parcela reduzida da população que tem uma visão torpe de sociedade. Onde apenas ela pode e deve ser protagonista, sempre voltada aos seus interesses.

A indignação em relação a atitude de Gilmar Mendes, de soltar Daniel Dantas, em contraposição a decisão de prendê-lo mais uma vez, por decisão do juiz federal Fausto Martin De Sanctis, não chocou apenas os magistrados federais. Choca a democracia. O cidadão de bem. A ética, enfim. Creio que os links abaixos podem contribuir ainda mais para uma reflexão de como uma sociedade que luta para evoluir, ainda têm seus grilhões firmes, apesar de submersos numa pseudo democracia que vivemos.

Mais;

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Mídia esconde relação Dantas-PSDB
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"GILMAR MENDES MERECE IMPEACHMENT"
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Dantas solto e considerações
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MENDES É O GOLPE: JUÍZES E PROCURADORES PROTESTAM
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JÁ ERA PREVISTO: MENDES PROVOCA UMA CRISE INSTITUCIONAL
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MINO CARTA E DANTAS NA CADEIA: A REPÚBLICA FICA MAIS FORTE
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Observação;

Para quem quiser enviar seu protesto, diretamente ao Presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, dispiniblizo abaixo seu endereço de e-mail.

mgilmar@stf.gov.br

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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ainda a PL 29



Sei que este assunto já abordei aqui mais de uma vez (veja os links abaixo), mas acho imprescindível destacar a importância da PL 29 que contribuirá para a democratização do segmento de tv por assinatura, não só do ponto de vista político, mas também cutural. O texto de Mauricio Dias na Revista Carta Capital , que transcrevo abaixo, é bem emblemático no que tange esta luta do Dep. Jorge Bittar (PT-RJ), que também deve ser nossa.


Influência da Globo emperra PL 29


Está indefinido o confronto em torno do Projeto de Lei
29, que trata da implantação da convergência digital no Brasil. É um choque travado, por ora, na Comissão de Comunicações da Câmara. De um lado, o Sistema Globo. Do outro, as empresas de telecomunicações, juntamente com a Record, a
Bandeirantes e o Grupo Abril (TVA).



O confronto é duro. Se as telefônicas têm um poder
econômico infinitamente maior, a Globo tem um poder político mais forte, entranhado no Congresso desde os tempos do regime militar, quando a emissora apoiava os generais.



Jorge Bittar, petista do Rio de Janeiro, é o relator do
projeto. Engenheiro de formação, ele trabalhou no setor e tem grande conhecimento do assunto. Com habilidade política, o parlamentar tem levado o barco por entre bancos de areia, corredeiras e recifes. Ele rema devagar, mas
rema firme.



A legislação brasileira é um cipoal nesse caso. O
mercado é controlado. Essas circunstanciais limitaram o acesso à TV paga, por exemplo, a 8% dos domicílios brasileiros. A conseqüência é uma assinatura acima
de 100 reais que poderia custar cerca de 30. Preço praticado na maioria dos países da América do Sul.



Isso seria melhorado com uma medida simples. Bittar tem
a receita.



“Em todo o mundo, as empresas de telecomunicações
prestam serviços combinados sobre a mesma rede. O serviço de telefonia combinado com o serviço de banda larga e com o serviço de TV por assinatura. É um desejo
legítimo dessas empresas que vai ao encontro dos interesses da sociedade, que precisa ter acesso a bens culturais a preços mais acessíveis.”


A Rede Globo teme que as telefônicas entrem na produção
de conteúdo. Bittar, contra isso, criou um cinturão de segurança para proteção da indústria brasileira. As telefônicas ficam limitadas a deter, no máximo, 30% do capital de uma empresa produtora de audiovisual. O capital estrangeiro também ficará proibido de controlar empresas produtoras de conteúdo audiovisual para canais de TV por assinatura.



“O meu maior adversário têm sido as Organizações Globo.
A despeito dos esforços que fiz para dialogar com todos os atores, sob inspiração dela foi apresentado um destaque que pretende eliminar o espaço para o audiovisual e para dinamizar ou desbloquear o mercado de conteúdo de canais de
TV por assinatura.” O mercado quase monopolizado (o Sistema Globo controla 78%) deixa o Brasil em penúltimo lugar na América Latina quanto ao número de assinantes (apenas 5 milhões) e encarece o preço do serviço (no Brasil, o preço
mínimo por canal é de 1,92 real e na Argentina é de 63 centavos de real), conforme mostram os gráficos. O monopólio é um mal.

Há o domínio de uma só empresa. Uma das maiores do País.
Ela gera impostos e empregos, mas mantém a visão monopolista formada na ditadura, a serviço do controle da opinião nacional. Assim, quando se trata de democratizar o acesso à cultura e à informação, não é uma obsessão política afirmar: o que é ruim para a Rede Globo é bom para o Brasil.



Mais;

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Votação do PL-29 é novamente adiada
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FNDC questiona relatório da PL 29, sobre TV por Assinatura
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A influência perigosa dos radiodifusores no Congresso Nacional
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terça-feira, 8 de julho de 2008

A internet sob ataque


Não é de se estranhar a origem do projeto de Lei que tira a liberdade intelectual de quem produz conteúdo na internet.


Leia o texto abaixo da Agência de Notícias Carta Maior para se interar;


Em defesa da liberdade e do conhecimento na internet brasileira

Projeto do senador tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. Proposta pode transformar milhares de internautas em criminosos de um dia para outro. Abaixo-assinado defende veto ao projeto de Azeredo.
Veja como participar.

Redação - Carta Maior
BRASÍLIA - Um projeto do senador tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pode transformar milhares de internautas em criminosos de um dia para outro. Leia o texto assinado por André Lemos (Professor Associado da Faculdade de Comunicação da UFBA, Pesquisador 1 do CNPq), Sérgio Amadeu da Silveira (Professor do Mestrado da Faculdade Cásper Líbero, ativista do software livre) e João Carlos Rebello Caribé (Publicitário e Consultor de Negócios em Midias Sociais), que encabeçam o abaixo-assinado contra a a proposta do senador tucano.
EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA
A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.
A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.
O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana.
E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil. Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência.
Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.
Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!
Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.
O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?
Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.
Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.
Clique AQUI para assinar a petição.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

De volta



Muito bem amigos, estamos de volta. São 4:50 da manhã e cheguei há pouco de Ribeirão Preto. Cidade onde desembarquei do carro que vinha de Brasília.

Na foto ao lado; Torre de Brasília, como é conhecida. É onde ficam diversos transmissores de emissoras de TV da cidade. Local onde fomos buscar votos dos trabalhadores e que também almoçamos, já que em frente ao prédio há diversas barracas de alimentação.

Pra informar, a chapa que estivemos apoiando ganhou as eleições com 75% dos votos. Continuará sendo mais uma trincheira da categoria dos radialistas do Brasil, na luta contra a desregulamentação profissional que o patronal tenta praticar todos os dias. Quero dizer também que durante os dias que estive em Brasília, fiquei observando melhor a cidade, apesar de não ter sido minha primeira vez que estive por lá. Das outras, sempre na condição de integrante de uma manifestação, os detalhes passavam despercebidos. Foram dois dias e meio de reflexões de como fazemos parte de um sistema que nos une muito pouco. Brasília já se tornou uma metrópole, não como São Paulo, mas uma cidade que afasta muito mais as pessoas do que as une. Uma dessas situações é a distância. Tudo longe. O trânsito, muito carro. O tempo, muito pouco se não nos planejarmos por lá, pois os compromissos nos prendem. Pra nós que éramos visitantes, talvez mais fácil já que nosso compromisso lá era as eleições. Enfim, momentos que servirão para mais reflexões futuras. Agora é ir descansar e mais tarde, continuar nosso trabalho, pois a luta continua.